Atlético e Santos encara potencial de confusão com “torcida única” na Arena| Foto:

O Atlético pega o Santos na próxima quinta-feira (31), às 21 horas, na Arena. Será a segunda experiência do esquema de “torcida única” imposto pelo Ministério Público do Paraná e o dono do estádio, o Furacão. Num cenário bem diferente do que ocorreu na primeira tentativa, com o Cruzeiro.

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Diante da Raposa, jogo inaugural do novo sistema, a torcida do visitante “driblou” as imposições. Sem local reservado, foi se abrigar por conta própria num dos setores do estádio. E apesar das proibições de camisas etc, apareceu com alguns símbolos da equipe na arquibancada.

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Agora, o que pesou mesmo para o “sucesso” da medida, ou melhor, para que não ocorresse nenhum tipo de confusão, foi a amizade entre as torcidas das duas equipes. Há mais de década atleticanos e cruzeirenses dividem pacificamente as arquibancadas quando duelam no campo.

Ambiente diferente tem um Atlético e Santos. Não há uma intensa rivalidade entre as torcidas, que já viveram momentos de tensão nas disputas do Brasileiro de 2004 e da Libertadores de 2005. Mas tampouco há amizade entre rubro-negros e santistas.

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E para se entender a preocupação, sem nenhum tipo de alarmismo, é preciso lembrar qual é a estrambólica invenção do MP-PR, em parceria com o Furacão. Apesar do termo “torcida única”, que pegou, está mais para “torcida mista”. Para o órgão, o torcedor visitante é “livre” para comprar ingresso e ir ao jogo.

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Presença admitida desde que, claro, assuma orientações extremamente “democráticas” e “usuais” para o futebol: não vá de camisa do time, não fique junto aos seus companheiros de torcida, não cante, não vibre nos gols. Tudo isso ao custo de R$ 100 a entrada inteira. Tranquilo, certo?

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Nos últimos três jogos de Brasileiro que fizeram na Baixada, os santistas têm comparecimento médio de 1.931 pessoas. O Peixe, como o Atlético, está mal na disputa, é um feriado, 21 horas, portanto, é bem provável que não tenhamos tantos visitantes assim na Baixada.

Agora, como vão se comportar os cerca de, chutando baixo, mil santistas na Arena, é impossível prever. Obviamente, espero, e torço, para que nada ocorra. Mas não admitir o risco de misturar duas torcidas na arquibancada seria uma irresponsabilidade. Ou algo de quem não faz ideia do que é futebol.

Cultura de futebol não se empurra goela abaixo do torcedor. Um estádio não é a Disneylândia. Os ânimos se exaltam, as torcidas vão ao jogo para empurrar suas equipes. Enquanto MP-PR e o Atlético especulam com o perigo, fica o alerta geral.

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No clássico Paraná e Atlético, o óbvio e o incompreensível

Ainda está em tempo de abordar o que ocorreu no clássico entre Atlético e Paraná, no último domingo (27), na Vila Capanema. Diversos focos de violência foram registrados longe do estádio, além de confusão no Terminal do Capão da Imbuia, com relatos de terror.

Poderia dizer que foi o “cardápio básico”, afinal, as confusões são normalmente a quilômetros de distância das praças esportivas, não fosse o entrevero entre torcedores do Paraná Clube no Durival Britto. Aí sim, algo incomum, mas que infelizmente ocorreu.

E qual foi a avaliação do MP-PR? Em entrevista ao UOL Esporte, o promotor do órgão, Maximiliano Deliberador, fez ponderações, digamos, curiosas. “Não houve confronto no estádio entre torcidas rivais”, declarou o autor da medida.

Ué, mas como poderia haver confronto entre torcidas rivais se apenas a torcida tricolor foi ao jogo? Estranho, né? Embora tenha ficado “livre” para ir ao clássico, não acredito que os atleticanos tenham se mobilizado para o confronto. Pelo menos, não houve notícia.

Mas o promotor prosseguiu: “Fica reforçada a ideia que torcidas não conseguem conviver em harmonia, fato que apenas justifica a proposta de que elas não podem participar do mesmo evento, conjuntamente”, sobre o clássico.

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O MP-PR sugere que qualquer torcedor pode ir ao jogo, que é uma espécie de “torcida mista” e, ao mesmo tempo, afirma que torcidas “não conseguem viver em harmonia”? Confesso que não entendi.