Todo final de campeonato revive a polêmica do “entrega” ou não “entrega”. Não acredito que times percam deliberadamente. O técnico/cartola entra no vestiário e diz: “Hoje precisamos ser derrotados, combinado?”.
Também não creio em acertos financeiros envolvendo a equipe inteira. Não há segredo entre mais de duas pessoas e uma hora alguém espana. Pagar um zagueiro ou goleiro é mais simples e eficiente. Mas, atualmente, parece difícil.
Há entretanto, um fenômeno de “entrega” bem comum. Não há rodada decisiva de Brasileiro, próxima do encerramento, que não tenha. A “entregada”, entretanto, é de outro tipo. Explico.
Bem resumido, o time não perde porque quer, mas não faz absolutamente nenhum esforço para ganhar. É a “mutreta involuntária” e, pra tabela do campeonato, dá no mesmo.
Consciente de que o revés não trará prejuízos, o clube já se desmobiliza nos treinamentos, durante a semana. Poupa jogadores, escala reservas etc. O ambiente relaxado contamina a boleirada.
No estádio, a mesma vibração. O torcedor não cobra como de costume. Alguns até torcem pelo insucesso. Para piorar, o adversário normalmente necessita, desesperadamente, do resultado.
Ou seja, voluntariamente e involuntariamente, cria-se um clima extremamente favorável para a derrota. E aí, a “entrega” é quase inevitável.
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