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A curiosa ética do futebol: provocar, não pode; agredir, está liberado

Felipe Oliveira/EC Bahia (Foto: )

O trepidante caso do jogador Vinícius, ex-Atlético, agora no Bahia, no clássico Ba-VI, evidenciou mais uma vez como as coisas funcionam dentro do gramado. Para os boleiros, provocar é inadmissível. Já dar soco no rosto de alguém, tudo bem, “faz parte”.

Obviamente, trata-se de uma tremenda inversão de valores. Mas não é incomum no esporte. Note que torcedores, por exemplo, engajados por aí no combate à corrupção de uma forma geral, não dão a mínima para negociatas, mumunhas e “levações” desde que, claro, beneficie seu time.

E assim, o que se discutiu após o épico entrevero no Barradão foi, em grande parte, o teor da tiração de sarro do atleta curitibano. Inclusive, os antecedentes, como um suposto comentário do jogador numa rede social sacaneando os adeptos do Leão.

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Para avaliar o comportamento de Vinícius, e a reação da torcida do Vitória, uso uma regrinha que normalmente é infalível: e se fosse o contrário? Não tenho dúvidas de que o atleta viraria ídolo instantâneo por apavorar com os rivais.

Já os golpes de Kanu, aplicados num Vinícius indefeso, seguro pelo goleiro, ficaram em segundo plano. A reação intempestiva do talentoso boxeador rubro-negro é até tolerada por alguns comentaristas, jogadores e torcedores.

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É visto como algo “do jogo”, cometido no “calor do momento”. Uma reação em nome de uma suposta “honra”, uma tentativa de “proteger o seu torcedor”. Enfim, é realmente confuso, difícil de entender as inúmeras justificativas.

Em todo o caso, é sempre curioso observar tal desequilíbrio de valores. Atitudes como provocações, mesmo as mais inocentes, são inadmissíveis para os boleiros. Já agredir, simular falta, fazer cera, entre outras coisas, está liberado.

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