Amigos, em tempos de República de Curitiba não posso deixar de exaltar o principal jogo do novo “país”, certo? Assim sendo, sigo em frente com a septologia (é assim que fala?) especial sobre o Atletiba, por ocasião da disputa do clássico no próximo domingo (20), às 16 horas, na Baixada. É a quarta parte e as três anteriores você encontra AQUI, AQUI e AQUI.
Entramos nos anos 90 para uma decisão do Estadual entre atleticanos e coritibanos no Couto Pereira. No primeiro jogo, 1 a 1, numa quarta-feira à noite. O segundo embate, aí sim, no domingo, como sempre tem que ser.
Não faz muito tempo que vivemos a década de 90. Mas em retrospectiva parece que há 26 anos caminhávamos sobre a Terra com cajados, não é mesmo? Não tinha celular, computador era, como diria aquele curitibano de Camboriú, PRA POUCOS, nada de redes sociais, os discos de vinil ainda habitavam as estantes e cinema em casa era no VHS.
Já no fim do período, mais perto dos anos 2000, o mundo não acabou mas quase tudo mudou. Os Guns n’ Roses já estavam datados, Kurt Cobain já tinha morrido, o CD já era o formato oficial da indústria fonográfica e Quentin Tarantino já tinha filmado Jackie Brown depois de Pulp Fiction.
O futebol tinha mudado demais também. Vejam o Atletiba em questão, por exemplo. A torcida do Atlético ainda ficava na entrada do Couto Pereira, pela Igreja Perpétuo Socorro. E cerveja era consumida livremente nas dependências das praças esportivas.
O Furacão vestia Adidas, usava calção branco, jogava no Pinheirão e quase todo rubro-negro nunca tinha ouvido falar de Mario Celso Petraglia. O Coxa, por sua vez, usava Campeã, era dirigido por Jacob Mehl e, da mesma forma que o rival, estava numa draga desgraçada.
E se quase tudo mudou em seguida, o Atletiba daquele 5 de agosto também representou uma corrida no tempo. Por causa de um desfecho ESDRÚXULO tornou-se determinante para uma geração de torcedores que tinha ali entre 10 e 15 anos e curtia sua primeira decisão de campeonato com um clássico.
Naquela tarde no Couto Pereira, quem entrou moleque saiu adulto. Tudo bem, mas por que?
Porque o futebol provou naquele jogo, pela enésima vez, que não existe justiça no jogo, que não há o bem e o mal, que a bola é regida por uma PODEROSA FORÇA OCULTA que transforma jogadores em heróis ou bandidos sem distinção alguma.
Foi o que aconteceu com o zagueiro alviverde Berg. Batizado Rosemberg Barbosa, o atleta já estava há alguns anos no Coxa e, até então, não havia protagonizado nada de extraordinário. Tudo mudou quando Odemílson lançou a bola na área em arremesso lateral, já aos 26 minutos da segunda etapa.
Naquela altura o Atletiba estava 2 a 1 para os donos da casa. Dirceu abriu o placar para os visitantes, logo no comecinho, e Pachequinho e Berg, ele mesmo, viraram o marcador, aquele lá do topo da arquibancada dos fundos. Com o empate no duelo de ida, uma vitória garantia a taça para o Coxa.
Depois daquele lançamento de lateral em direção da área, nenhum atleticano tocou mais na bola até o final surpreendente. Serginho mandou de cabeça para trás, Jorjão tentou tirar de puxeta e Berg estava no lugar errado, na hora errada pra errar um lance que custou sua carreira. Na tentativa de atrasar para o goleiro, o zagueiro cabeceou para o fundo das redes. 2 a 2 e Atlético campeão.
Abaixo das fotos, você encontra a FICHA DO JOGO, cortesia dos camaradas do grupo Helênicos.
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CORITIBA 2X2 ATLÉTICO – 5/8/1990
CORITIBA
Gérson; Ditinho, Berg, Jorjão e Paulo César; Élcio, Serginho (Aurélio Carioca) e Tostão; Ronaldo, Moreno (André) e Pachequinho. Treinador: Paulo César Carpegiani.
ATLÉTICO
Marolla; Valdir, Leonardo, Heraldo e Odemílson; Cacau, Gilberto Costa e André (Osvaldo); Carlinhos, Dirceu e Rizza (Serginho). Treinador: Zé Duarte.
Estádio: Couto Pereira. Árbitro: Afonso Vítor de Oliveira. Gols: Dirceu (A), aos 5/1º , Pachequinho (C), aos 13/1º, e Berg (C), aos 45/1º e Berg (contra) aos 26/2º. Renda: Cr$ 17.252.850. Público pagante: 37.343.
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