O especialista em marketing esportivo Amir Somoggi (no Twitter @amirsomoggi) publicou um excelente estudo sobre as finanças dos clubes brasileiros em 2016. Análise que revelou, principalmente, o peso das verbas de televisão para as equipes na temporada passada, tudo de acordo com os balanços divulgados.
Em média, a grana das TVs (Globo, Esporte Interativo etc) representou 51% das receitas dos clubes. Ou seja, metade de todo o dinheiro que os times ganharam veio das televisões. Evidentemente, é muito. Escancara uma hiperdependência. Veja a planilha abaixo.
Há uma explicação para o aumento histórico. Para “inflar” as receitas, e fazer moral com a torcida com superávits, vários clubes incluíram integralmente nos balanços de 2016 os ganhos de luvas, uma espécie de “prêmio” recebido quando da assinatura do contrato com as TVs.
O Atlético indicou em seu balanço de 2016 ganhos com verba de televisão de R$ 55,3 milhões, bem superior aos R$ 31 milhões de 2015. Não é possível identificar como o Furacão alcançou tal patamar. Quanto veio da Globo (R$ 35 milhões para TV aberta em 2016) e o que é do Esporte Interativo etc.
De certo, o crescimento notável de 80% na comparação com a temporada anterior. R$ 55 milhões que representam 34% do total das receitas do Rubro-Negro em 2016, de R$ 164,1 milhões. Não parece um número significativo, cerca de um terço do geral, mas só cresce. Em 2015, a verba de TV significou 19% do que o Atlético ganhou.
O Coritiba, por sua vez, apresentou em seu balanço de 2016 um faturamento de R$ 77 milhões com a televisão, mais do que o dobro de 2015, quando amealhou R$ 38 milhões. Da mesma forma que o rival, não dá para saber o quanto veio da Globo (R$ 35 milhões para TV aberta) e o que é do Esporte Interativo etc.
Aparentemente, entretanto, o Coxa incluiu integralmente as “luvas” do EI pelo contrato de TV fechada do Brasileiro de 2019 a 2024. Especula-se que a dupla Atletiba tenha faturado R$ 40 milhões como “prêmio” pela assinatura. Os clubes não confirmam.
E também como o Furacão, o Alviverde mostra um crescimento na “dependência” do dinheiro televisivo. Em 2016, o montante representou 52% das receitas do clube. Ou seja, de tudo que o Coxa faturou, mais da metade foi com a TV. Em 2015, a porcentagem no geral era de 44%.
São dados relevantes que ganham ainda mais peso no atual momento do futebol paranaense. Atlético e Coritiba não venderam os direitos de transmissão do Paranaense para a Globo e encontraram no Youtube e Facebook uma alternativa para faturar com a sua própria transmissão dos jogos.
Sem dúvida, é um caminho interessante. Os clubes devem buscar cada vez mais a independência financeira. No entanto, como se vê pelos números divulgados pelas próprias equipes, a dependência das redes de televisão, qualquer que sejam, parece longe de terminar.
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