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OLIVIER MORIN/AFP
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João Havelange morreu, aos 100 anos, no Rio de Janeiro. Deixará saudades aos seus, apenas. Foi o carioca quem criou o futebol como negócio, baseado em um modelo de gestão altamente rentável e, na mesma medida, obscuro.

Por décadas presidente da CBD (antiga CBF) e da Fifa, além de membro do Comitê Olímpico Internacional, abriu as portas para todos os tipos de alianças. E negociou com quem fosse preciso para o esporte deslanchar mundo a fora. Conseguiu.

O preço do desenvolvimento a qualquer custo, entretanto, ainda está sendo pago. Cobrado nas infindáveis acusações de corrupção. Todos os níveis da bola foram e estão contaminados pela malandragem, das federações estaduais até a cúpula da Fifa.

Havelange ainda foi o padrinho de Ricardo Teixeira. Genro do dirigente, Teixeira era um atrapalhado agente do mercado financeiro quando foi alçado ao status de presidente da CBF. Reinou por 23 anos e escapou pela porta de trás, acuado por denúncias de roubalheira.

O poderoso-chefão, por sua vez, saiu de cena em 2013, quando renunciou ao posto de presidente de honra da Fifa e ao cargo no COI. Logo após ter seu nome envolvido no escândalo da ISL, agência esportiva que pagou R$ 189 milhões de suborno a dirigentes da Fifa.

Teixeira e Havelange, principalmente o segundo, viraram os protótipos do cartola. Um está morto e o outro afastado. O futebol, no entanto, segue dominado por Marins e Del Neros. E, infelizmente, não há perspectiva alguma de que as coisas mudem.

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