Há um equívoco recorrente quando se aborda a violência relacionada ao futebol. De que as pessoas que praticam tais atos não pertencem ao esporte, são “vândalos travestidos de torcedores” – ou “marginais”, “facínoras”, como queiram.
Entendo a força de expressão. Mas o clichêzaço, como sempre, enfraquece o debate. E faz com que a procura por soluções se torne mais difícil. Antes de tudo, é preciso encarar o problema de forma mais direta.
LEIA MAIS: A briga de torcidas de Coritiba e Corinthians em 5 áudios chocantes de WhatsApp
Que são criminosos, é somente o óbvio. Que fazem mal ao futebol, é igualmente evidente. Agora, é claro também que são figuras, sim, do futebol. Não estão “travestidos”, infiltrados. O esporte e a violência se misturam desde sempre, e não há indícios que um dia vão se separar.
Basta observar o incidente nos arredores do Couto Pereira. A maioria dos envolvidos vestia as cores de seus clubes e estavam ali para ir ao jogo. Os corintianos viajaram centenas de quilômetros para acompanhar o clube do coração. Estão acostumados a frequentar o futebol.
LEIA MAIS: Briga no Couto adia votação de liberação de cerveja nos estádios e projeto vira ‘mico’
Logo, por que não seriam torcedores do clube? Cantam, vibram, usam as cores das equipes, assistem aos jogos na tevê, acessam os estádios pelo Brasil. Por que seriam “vândalos travestidos de torcedores”?
É fácil entender. Trata-los apenas como criminosos, como “intrusos” no esporte, facilita tremendamente as coisas. Fica parecendo que extinguir as torcidas organizadas, por exemplo, resolve a questão. Que a “volta das famílias” elimina o problema.
Claro que não é assim. É bem mais complexo. O futebol também inspira e provoca violência e, uma parte considerável de seus adeptos, está próxima de praticar ações repulsivas de toda sorte, especialmente em grupo. A sociedade brasileira é extremamente violenta, logo, o futebol também é.
Entender o aspecto doentio do esporte é o caminho para melhorar as coisas.
O caos se instalou, Lula finge não ser culpado e o Congresso se omite
Manobra de Mendonça e voto de Barroso freiam Alexandre de Moraes e Flavio Dino; acompanhe o Sem Rodeios
Lula encerra segundo ano de governo com queda de 16% na avaliação positiva do trabalho
Sem concorrência e com 0,08% de desconto no pedágio, EPR leva lote 6 das rodovias do Paraná