Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), está no centro da Operação Unfair Play, um braço da Lava Jato, que investiga esquema de corrupção para compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.
Conduzido pela Polícia Federal para prestar depoimento, o chefão do esporte olímpico brasileiro teve o passaporte retido para que não deixe o país. Com outros dois investigados, teve ainda R$ 1 bilhão (você não leu errado, é um BILHÃO) bloqueado pela justiça.
O episódio que envolve Nuzman é somente mais um, entre centenas, talvez milhares, em que a cartolagem envergonha o esporte brasileiro. Mesmo que, até o momento, seja apenas uma investigação. Os Jogos Olímpicos com frequência nas manchetes policiais já são uma humilhação.
Assim, Nuzman entra na “prestigiada” lista de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, manda-chuva da entidade por 22 anos, todos investigados e sem poder deixar o Brasil para não entrar em cana.
Sem falar de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, o único que está pagando o pato até então. Preso pelo FBI na operação sobre corrupção na Fifa, detonada em 2015. Aos 85 anos, o cartola circula de tornozeleira eletrônica por Nova York.
Nuzman, Teixeira e o retrato da cartolagem brasileira
É o retrato da cartolagem brasileira. Todos, eu disse todos, os principais dirigentes do país, estão envolvidos em escândalos de corrupção. E o nível das federações esportivas, e da direção de clubes, é o mesmo, apenas em escala menor – com raras exceções.
Já disse aqui outras vezes. O esporte sobrevive apesar dos cartolas. Fosse pelos dirigentes, o Brasil jamais seria campeão de coisa alguma. Temos cinco títulos mundiais com a seleção porque o país é um celeiro de craques. Vale o mesmo para as medalhas olímpicas.
Em regra, a cartolagem só serve para faturar com a paixão alheia, angariar benefícios não só pessoais, mas também para familiares e amigos. Onde quer que metam a mão, deixam um rastro de destruição e desperdício, como vimos na Copa do Mundo e na Olimpíada. E vergonha eterna.