O poeta curitibano Paulo Leminski é um orgulho do Paraná. Não por acaso, teve o nome escolhido para batizar a Pedreira Paulo Leminski, espaço que é ícone cultural de Curitiba, um dos principais pontos turísticos da cidade. E embora nunca tenha sido muito ligado em futebol, Leminski sempre se declarou atleticano.
Apesar disso tudo, por algum motivo que não está claro, a diretoria do Atlético não quer a figura de Leminski na Arena. No jogo contra a Chapecoense (0 a 0, na quinta-feira, 21), uma faixa com a imagem do poeta célebre foi impedida de entrar no estádio. O motivo alegado pelo funcionário do clube? “A ordem que eu tenho é que não pode entrar”.
O funcionário do Rubro-Negro argumenta que só podem entrar faixas com o símbolo do clube. O torcedor (sócio) responde que tem o símbolo do clube. O funcionário emenda: “Tem o símbolo do clube, porém tem a [figura] do Leminski”. Ou seja: Leminski na Baixada? Não pode. O incidente está todo registrado no Youtube.
Por causa do conflito com a torcida organizada Os Fanáticos, o Furacão divulgou mesmo que apenas faixas com o símbolo do Atlético e de 2m por 2m podem acessar o estádio. Não sei o tamanho da faixa do Leminski, mas se passa da medida, passa pouco. E a faixa já entrou outras vezes no Joaquim Américo, o que deixa a situação ainda mais incompreensível (contra a Chape, entrou mais tarde por descuido da segurança em outro setor).
Agora, falar de centímetros a mais ou a menos seria uma estupidez. O problema maior é a sanha por regular, uniformizar, proibir, igualar, padronizar. Ditar as regras. Impor um “manual de boas maneiras”, determinar como o torcedor deve torcer – é o tal “futebol moderno”. Impor quais figuras podem ser exibidas e quais não podem, os desenhos que são permitidos (só o escudo) e os que são censurados.
Um esporte que já foi território livre para manifestações, chance rara para extravasar, está cada vez mais um saco.