É sempre desolador constatar um tipo de comportamento de alguns torcedores que frequentam o blog e o conteúdo do site. Sempre convictos e histéricos, são os “sommeliers da história alheia”.
“Tal clube não tem história nenhuma”, “esse aí ganhou o quê?”, “quem tem tradição é o time X, não o Y”, costumam escrever, entre muitas outras besteiras. Normalmente, acompanhadas de “kkkkkkkkk”.
Claro, entendo que tal fenômeno é detonado pela rivalidade, especialmente entre atleticanos e coxas-brancas, com os paranistas em segundo plano. Mas a precipitação dessa gente revela além disso.
Primeiro, escancara uma visão estreita do futebol (e da vida). Para o grupo, só merecem o reconhecimento aqueles que “conquistaram” algo. Grandeza se mede com vitórias, taças, está na frieza dos números.
Eles desconhecem a paixão como elemento fundamental da relação entre torcedor e time. Jamais entenderão como a Ponte Preta, de 115 anos e zero títulos relevantes, possui uma das torcidas mais apaixonadas do Brasil. E é só um exemplo, há infinitos.
Não conseguem, sequer, curtir o próprio clube. Só há diversão se o rival entrar no papo. São uma espécie de “swingueiros da bola”. A rotina com o time (a esposa) não satisfaz. Para sentir prazer é preciso incluir o rival (um terceiro elemento) na jogada.
Em matéria de futebol, e não de swing, o que significa? Baixa auto-estima? Complexo de inferioridade? Ignorância? Tudo junto?
O futebol oferece um banquete de sabores, texturas, diversos graus de notas de amêndoa e cacau, mas os “sommeliers da história alheia” não conseguem aproveitar. Felizmente, são uma minoria. Mas incomodam.
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