A Primeira Liga nasceu no ano passado como uma fantasia de modernidade no país do 7 a 1. Propôs uma divisão de cotas de tevê mais equilibrada entre os clubes. Foi encarada como um embrião de uma liga nacional, mais ampla, capaz de derrubar a ditadura da CBF.
Entretanto, com o nível tacanho da cartolagem brasileira, incapaz de pensar nem mesmo a médio prazo, quanto mais no futuro, o “sonho” não durou sequer um ano. Normal. Sempre foi assim. E, aparentemente, sempre será.
Atlético e Coritiba agiram com honradez ao abandonar o grupo. O mesmo não se pode dizer de Cruzeiro, Grêmio e Internacional que, mais uma vez, sucumbiram ao poder de Flamengo e Fluminense. Os cariocas vão ganhar mais grana e, para mineiros e gaúchos, tudo bem.
É, digamos, a “ordem natural das coisas no futebol brasileiro”. Destino traçado há décadas, quando o cenário era completamente diferente do atual. E que não cansa de perpetuar privilégios aos ditos “clubes grandes”, alguns que nem “médios” são mais.
Flamengo e Fluminense já faturam valores muito superiores aos dos outros times porque têm mais audiência. Em patrocínios, vendas de produtos licenciados etc. Ter maior torcida precisa pesar tanto também no rateio das cotas de televisão? Já é assim no Brasileiro.
A diferença da proposta inicial da Primeira Liga para a que foi aprovada foi considerável. Inicialmente, a audiência comeria apenas 25% da cota. Acabou ficando com 32,5% no acerto final. Atlético e Coritiba não engoliram.
O motivo da “fome” dos cariocas é evidente. Pretendem seguir pela eternidade jogando campeonatos com muito mais condições financeiras que os adversários. Querem guerrear atirando mísseis em quem só tem um estilingue para se defender.
É absolutamente compreensível que as diferenças de apelo popular sejam consideradas. Mas não podem ser tão grandes como são no Brasil. Sob o risco de manter disputas previsíveis, com os mesmos vencedores, exceto por um golpe absurdo da bola.
Agora, é também preciso ser franco. A atitude de rubro-negros e alviverdes não mudará nada no futebol brasileiro. Pior, os dois clubes terão de encarar perda de receita com a saída da Primeira Liga. Sobrou só o deficitário Paranaense.
Mas fica um ganho “intangível”, expressão adorada pelos “entendidos”. A dupla Atletiba honrou a palavra empenhada no início da liga e brigou por condições mais justas para o esporte nacional. Quanto aos demais, que entrem para a história como farsantes.
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