A grande celeuma do clássico entre Paraná e Atlético foi a provocação de Weverton. Há duas versões. A primeira, dita pelo próprio jogador, de que colocou a mão em concha no ouvido para “ouvir a torcida paranista xingar mais” e chuta a bola pra cima. A outra, que o goleiro teria dado “tchau” para os adversários. Seja qual for, não vi problema algum nas duas.
Até onde se sabe, Weverton não fez gestos obscenos. Nem xingou torcedor. E, muito menos, não agrediu fisicamente ninguém. Foi, na minha opinião, uma simples provocação. Quase pueril. Como muitos outros jogadores já fizeram e vão fazer. Posso relembrar dois casos específicos.
Em 2007, o Paraná eliminou o Atlético do Estadual com vitória por 3 a 1. No primeiro gol do Tricolor, do empate em 1 a 1, o atacante Lima saiu comemorando com o gesto de “silêncio” para a torcida na Arena. Os paranistas, claro, deliraram, e a imagem virou um “clássico”. O “cala a boca” é bem mais ofensivo, mas, vejo como do jogo.
Situação semelhante ocorreu três anos antes, também na Baixada. Tuta marcou para o Coxa no clássico decisivo do Estadual e fez o “sssshhhhhhhh” pra torcida rubro-negra. O atacante é até hoje ovacionado pelos coxas-brancas por causa do gesto e a imagem virou até outdoor na cidade para provocar os rivais. Também vejo como normal.
Diante disso tudo, considerei totalmente desproporcional a reação dos jogadores paranistas. É óbvio que estavam de cabeça quente pela eliminação, mas, na minha opinião, quem iniciou a briga foi quem errou. E quem foi “pro pau” vacilou junto, caso de Douglas Coutinho etc. Provocar é uma coisa, agredir é outra.
Torcedor adora provocar os outros, jogador também. Mas ambos detestam serem provocados. Vale o mesmo para erro de arbitragem. Quando é contra, a revolta é geral. Agora, se o árbitro beneficiou o clube do coração com um erro, aí ninguém fala nada. Está faltando coerência.
No mais, aproveito para comentar uma frase dita por Weverton, de que “o futebol está chato”. Dizer que algo “está chato” já virou quase um bordão (vale também para “tem muito mimimi”). É um contra-ataque contra o que se chama de “politicamente correto”. Mas, na verdade, é costumeiramente uma reação de quem se acostumou a ofender gratuitamente e hoje tem resposta.
Entretanto, no caso do goleiro atleticano, a frase se aplica. O futebol está mesmo “chato”, com excesso de restrição, pouco à vontade. Não faz muito tempo, Vampeta, Marcelinho Carioca, Edmundo, Romário, Renato Gaúcho, Edílson Capetinha e outro deitavam na provocação (e muitas vezes o caldo entornada, o que igualmente era um problema). E, pra mim, sarro se responde na bola, não na porrada.
Imagem do Weverton: Globoesporte.com