Entre o final dos anos 80 e início dos 90, nada desagradava mais os torcedores do Atlético do que ser chamado de “sem-terra”. O Furacão havia abandonado a Baixada e estava exilado no Pinheirão, numa parceria com a Federação Paranaense de Futebol (FPF).
Incomodava porque o Rubro-Negro tinha um estádio próprio, o Joaquim Américo, mas, por iniciativa da diretoria na época, decidiu deixar o Água Verde. Ou seja, era uma meia verdade. Em todo o caso, o clube vivia mesmo numa casa alugada no Pinheirão.
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Até que o presidente José Carlos Farinhaki levou o Rubro-Negro de volta à Baixada, em 94, e o trauma foi sepultado. As saídas de casa posteriores, para a construção da Arena e, mais tarde, reforma para a Copa do Mundo, foram circunstanciais e temporárias. Sem-terra nunca mais.
Eis que o estigma reaparece. Sem ter onde jogar as oitavas com o Santos na Libertadores, com a Arena entregue ao vôlei, o atleticano se vê novamente como um sem-terra. Não tem estádio para receber o duelo mais importante dos últimos anos. Procura uma praça esportiva para alugar.
A situação atual, claro, é muito mais grave. Nos anos 80, o Furacão flertava com a insolvência. E, mesmo assim, errou ao deixar sua casa para aventurar-se no estádio de Onaireves Moura. Agora não. Tem patrimônio avaliado em mais de R$ 1 bilhão, segundo seus dirigentes.
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Não há qualquer justificativa para trocar um confronto fundamental de Libertadores por um evento de vôlei. Nem mesmo a financeira, com o eventual ganho para sediar a Liga Mundial. Passar das oitavas no torneio internacional representa R$ 2,5 milhões em caixa. É só comparar.
E, repetindo, grana é o menos importante. Pesa o mando de campo, a força de seu reduto, a mística do Caldeirão, conhecer o vestiário, o gramado, não precisar viajar, a confiança dos sócios e muito mais. Fatores que o Atlético preferiu deixar de lado para tornar-se o ‘sem-terra’ mais rico do Brasil.
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