Nesta sexta-feira, 8 de julho, o 7 a 1 completa dois anos. Parece que foi ontem – e sempre vai parecer que foi ontem, afinal, foi um momento histórico. A maior vergonha de todos os tempos da Copa do Mundo: a seleção anfitriã, uma potência pentacampeã do esporte, esculachada, humilhada, sapecada na semifinal.
Por mais que o tempo passe, todo mundo lembra exatamente as circunstâncias do seu 7 a 1. Como no 11 de setembro. Ninguém esquece o dia do ataque ao World Trade Center. Recordo de acordar com minha mãe e meu irmão conversando sobre algo maluco, parecido com um filme americano sobre o fim do humanidade.
O 7 a 1 também teve ares de surrealismo. Eu estava cobrindo a seleção brasileira na base de Teresópolis e fui ao Rio de Janeiro assistir ao jogo – os colegas Leonardo Mendes Júnior, Adriano Ribeiro e Albari Rosa cobririam o confronto no Mineirão pela Gazeta do Povo. Eu e o fotógrafo Hugo Harada ficamos com a incumbência de acompanhar o retorno do escrete.
Descemos a serra para ver a partida com o colunista Édson Militão. Devidamente instalados, logo fomos surpreendidos pela escalação de Bernard, o “Alegria nas Pernas”. No último treino para o duelo, William e Ramires surgiram como prováveis substitutos de Neymar – no entanto, era só uma manobra ridícula de Felipão para “confundir” os alemães.
Bola rolando, deu 10 minutos e Muller já fez 1 a 0. Aos 23, Klose ampliou. E agora vem um episódio que marcou o meu 7 a 1, passagem tão patética quanto a performance do conjunto canarinho em Belo Horizonte. Logo que saiu o segundo gol, aproveitei para ir ao banheiro, rapidamente, enquanto as equipes se recompunham no gramado.
Eis que, ao retornar, descobri, abismado, que a festa dos germânicos na tela já era de outro gol! Foi mais uma amostra de como o “futebol é dinâmico”. Você vai ao sanitário, esvaziar o tanque, e quando volta o Brasil já está apanhando! Era o terceiro tento, anotado por Kroos, aos 24.
E não deu tempo nem de me acomodar no sofá para o mesmo Kroos marcar o quarto, aos 26, e três minutos mais tarde, Khedira empurrar o quinto. Foram momentos de forte CONFUSÃO MENTAL, PERDA DOS SENTIDOS, NEGAÇÃO e, finalmente, VERGONHA ABSOLUTA.
Depois, ainda escrevi o texto “A conta veio”. E o pior é que, passados dois anos, ainda não fazemos ideia de como pagar a fatura dos 7 a 1.