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A Primeira Liga surgiu em 2016 como uma novidade no futebol brasileiro. Apareceu cheia de boas intenções, respirando ares de modernidade. Era o embrião para a gestação de uma liga nacional, chance rara para fugir do controle da decrépita CBF.

Com somente uma edição realizada, e logo na estreia da segunda, já dá para afirmar: tomara que não passe desse ano. Confesso, fui ingênuo ao esperar algo da cartolagem brasileira. Em pouco tempo, os dirigentes transformaram a disputa num monstrengo.

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Tudo bem que é uma competição iniciante e sofre um “boicote” da CBF, mas a desorganização da Primeira Liga é de dar inveja aos Estaduais. No último dia 11, ou seja, menos de 15 dias antes de a bola rolar, os participantes ainda estavam discutindo os “detalhes”.

De 2016 para 2017, o torneio já perdeu integrantes (Atlético e Coritiba), ganhou vários outros, modificou o sistema de classificação, fez uma confusão tremenda com a tabela, horários, sorteio dos grupos etc. Até a logomarca do grupo já mudou. Em um ano!

Sem contar outras questões, ainda mais graves. Como a mudança na divisão das cotas de tevê, rasteira que provocou a saída da dupla Atletiba. Para variar, Flamengo e Fluminense queriam ganhar muito mais dinheiro que os concorrentes.

Não basta terem torcidas maiores, faturarem mais com patrocínios e já ganharem no Brasileiro um volume de grana da televisão incomparável com boa parte dos outros clubes. É preciso reforçar o desequilíbrio na Primeira Liga também.

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Outra barbeiragem foi a ampliação da tabela para não encavalar partidas no início da temporada. Acredite se quiser: a Primeira Liga começou nesta terça-feira e só acaba em outubro. Até lá, é provável que os torcedores nem lembrem mais da existência.

De tempos em tempos, será preciso fazer um “resumão” do que já ocorreu. Como nas séries de TV que, a cada novo capítulo, relembram o que ocorreu na exibição anterior. “Torcedor, lembra que há três meses seu time se classificou? Recorde”.

Diante disso tudo, é compreensível que nem mesmo os times encarem com seriedade a Primeira Liga. O Avaí, por exemplo, time de terceiro escalão do futebol brasileiro, sem ser exigente, já avisou que pode mandar reservas para enfrentar o Londrina.

É bom deixar bem claro. De jeito nenhum quero pender para o lado da CBF, a marca do atraso. Agora, já está evidente que a Primeira Liga apenas repete os vícios do nosso futebol. Só inchou mais o calendário. E se os clubes pretendem “revolucionar” o futebol desse jeito, melhor parar e repensar. Está feio.