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Do que o Brasil precisa para mudar?

Eu como, eu durmo

Eu durmo, eu como

Esta na hora de acordar

(Titãs)

 

Todo momento de crise leva aos questionamentos mais fundamentais. A crise é a situação limite que nos faz pensar naquilo que realmente importa. É o que ajuda a calibrar o rumo.

A crise política e econômica atual levanta duas questões importantes. Que tipo de Estado queremos? O que será da política?

A primeira questão está sendo posta de maneira enfática e, ao menos, nas manifestações de rua percebe-se um revigorado anseio liberal, com variações entre vertentes autoritárias e democráticas, mais ou menos minimalistas.

A eventual ascensão de Michel Temer à presidência talvez represente esta vontade, que poderá ser consagrada caso a crise econômica diminua sua força nos próximos meses.

Mas, há uma outra pergunta que continua sem resposta. O que será da política daqui em diante? Manteremos as mesmas estruturas institucionais e os mesmos atores no cenário político, esperando que ocorra um milagre?

Pensam alguns que a política é dispensável se o problema econômico for resolvido. Mas, não é assim. A política determina todos os demais âmbitos da vida. Na política não há vácuo de poder (mesmo em tempos de bonança econômica). Logo, se alguém decente não ocupar o espaço político, outrem o preencherá.

E aí está o ponto. Aqueles que pensam nas gerações futuras e realmente estão comprometidos com alguma mudança de longo prazo, devem se questionar sobre como deve ser feita a política e quem a exercerá.

A crise política não é só uma crise de moralidade. É mais que isso. Trata-se de uma crise republicana, que passa pela apatia cívica, pela ignorância sobre ideologias e propostas partidárias, pelo desconhecimento da história dos atores da política, pelo egocentrismo economicista, pelo não cultivo do respeito recíproco, pelo desprezo pela política.

Pouco se fala sobre “virtudes cívicas”, ou seja, sobre a participação direta do cidadão nas decisões públicas, sobre a importância de (ao menos) tentar estabelecer valores públicos comuns, sobre maneiras de se evitar as várias formas de dominação arbitrária.

Muitos acreditam que a atitude cívica se resume a cantar o hino nacional, a clamar pelo Estado Democrático de Direito e ser ranzinza nas redes sociais.  Sim, este poder ser um primeiro passo. Mas, há mais a fazer. Se os próximos passos não forem dados, teremos mais do mesmo nos próximos anos, ou seja, os escândalos de corrupção, o descaso com a coisa pública, a persistente “crise de representatividade”, etc.

Estamos próximos de mais um pleito. A mudança pode começar agora. Para isso é absolutamente necessário que as pessoas decentes, que acreditam ter boas ideias para a Cidade, se engajem na política, seja como candidatos, seja como apoiadores de um candidato. Pessoas sérias, inteligentes e comprometidas devem tornar-se opção para o eleitorado.

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