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Benjamin Constant apresenta a liberdade dos antigos como o exercício coletivo da soberania, que compreende: “deliberar na praça pública sobre a guerra e a paz, em concluir com os estrangeiros tratados de aliança, em votar as leis, em pronunciar julgamentos, em examinar as contas, os atos, a gestão dos magistrados*; em fazê-los comparecer diante de todo um povo, em acusá-los de delitos, em condená-los ou em absolve-los. ”
Tal liberdade exige: a) a convivência e a partilha do mesmo espaço, dos mesmos sucessos e reveses políticos e sociais; b) o compromisso com o interesse público, ou seja, o bem de todos.
Obviamente, os antigos (notadamente, na democracia grega) tinham uma noção de bem-comum diferente da nossa. Ainda assim, nós (modernos), de tempos em tempos, exercitamos a democracia (fazemos pressão), de maneira direta, a exemplo das manifestações convocadas para este domingo (13/03/2016).
O só fato de mobilizar pessoas para intervirem na política é louvável.
Mas, daí surgem as perguntas: que bem-comum pretende-se promover com o exercício da liberdade (à moda antiga)?
Aos que vão às manifestações contra a corrupção e se dizem neutros (a-políticos; a-partidários), aproveitem para incluir todos os nomes de políticos que consideram corruptos; aqueles que estão denunciados pelo Ministério Público (Federal ou Estadual) por serem acusados de praticar atos ilícitos, de obterem propinas para financiar campanhas eleitorais, e que se valem de estratégias (politicagem) para garantir foro privilegiado para apadrinhados políticos. Se é para promover o bem-comum (por meio do combate à corrupção), ao menos que se faça de maneira impessoal, comprometendo-se em constranger, inclusive, aqueles em que se votou (sejam de direita ou de esquerda).
Há outros que vão às manifestações para lutar contra o projeto de poder da esquerda. Estes são mais politizados, e valem-se do argumento do combate à corrupção para reforçar sua tese de que o Estado deve ser mínimo. Nesse caso, o objetivo é pôr fim à corrupção no âmbito do Governo Federal (apenas).
O bem-comum destes liberais está assentado na premissa de que cada um fazendo sua parte conquistará o tipo de vida que merece ter, sem sofrer com interferências arbitrárias (como os tributos, as cotas, etc.) do poder público.
Um liberal de verdade compromete-se no combate à sonegação fiscal, ao descumprimento de contratos (inclusive os de trabalho), é favor da meritocracia (aquela conquistada pelo trabalho árduo do dia-a-dia). Um liberal comprometido é contrário à formação de elites que se mantém no poder somente pelo fato de pertencerem a uma família ou de ocuparem funções que lhes assegura a intangibilidade do controle social.
Quanto aos miseráveis (aqueles que não terão os “favores” de um Estado mínimo para socorrer-lhes num momento difícil da vida), poderão contar com as atividades filantrópicas dos verdadeiros liberais, aqueles que doam parte da sua riqueza e dos seus salários à caridade (como acontece nos E.U.A). Este é o tipo de bem-comum dos liberais (comprometidos) que querem o fim da esquerda.
O combate impessoal à corrupção e o comprometimento com o liberalismo autêntico são bons motivos para o exercício da democracia, assim como as reivindicações de direitos aos menos favorecidos**.
As motivações passionais, incoerentes, intransigentes, elitistas ou absolutamente cegas (para os atos de corrupção) não precisam vir a público.
Que as manifestações deste domingo sejam um autêntico processo de participação democrática, no qual as pessoas (as que irão e as que não irão) reflitam sobre o que é o bem-comum e sobre os compromissos pessoais que devem honrar ao assumirem certas posições.
* Administradores públicos.
** A pauta do dia 13/03/2016 não é de esquerda, mas, no dia em que a esquerda se mobilizar para tais reivindicações, ela deverá, igualmente, ser respeitada.
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