Bennet| Foto:

São sempre os mesmos governantes,

CARREGANDO :)

Os mesmos que lucraram antes.

(Titãs)

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Em junho de 2013 o gigante parece ter acordado da insônia apolítica. Agora, caminha sonâmbulo para uma reforma política questionável.

Em meio à indignação difusa, os Poderes Executivo e Legislativo procuraram dar respostas às manifestações e lançaram tanto na Câmara, quanto no Senado, projetos de reforma para a política. Na verdade, a reforma é mais eleitoral, que política.

Sem discutir esta distinção neste momento, importa responder primeiro: por que reformar a política?

A resposta exige a análise de argumentos em dois níveis: a) o que esperamos da política? b) como funciona(ria) e quais são as (des)vantagens do(s) modelo(s) proposto(s)?

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No primeiro nível delineiam-se os princípios e os objetivos da reforma. No segundo a sua eficiência.

Interessa-nos, inicialmente, este primeiro nível, no qual se discutem os ideais, as metas e os anseios sobre a política. Sobre ele pode-se afirmar que, numa democracia moderna, há dois princípios básicos a serem observados: a) todos devem ter uma chance razoável de interferir/obter (n)o poder; b) todas as necessidades, interesses e reivindicações do povo devem ser considerados com atenção e respeito pelos governantes.

Embora estejam interligados, o primeiro princípio aplica-se com maior intensidade para o acesso ao mandato, já o segundo para o seu exercício.

Nesse sentido, o objetivo máximo é que a vontade do povo se torne a vontade do Estado. É isso que se extrai da clássica expressão: “governo do povo, pelo povo, para o povo”.

Este objetivo é utópico, sobretudo em sociedades modernas, plurais e individualistas que não têm uma visão homogênea do bem-comum. De toda forma, pode-se aproximar mais do objetivo (vontade do povo = decisão política) se o processo político-eleitoral tender a concretizar aqueles dois princípios. E o momento de sonhar com um país melhor, discutir, envolver-se e pressionar os parlamentares é agora, quando o Congresso se mobiliza pela aprovação da reforma.

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Tal reforma, para ser decente, deve ter mecanismos que promovam o envolvimento dos cidadãos comuns na vida pública, assegurando uma chance razoável de vencer uma eleição. Fatores arbitrários como a condição de nascimento, os vínculos familiares e a renda, não deveriam afetar esta “chance” de maneira significativa, pois o que importa para a política-democrática é a capacidade de o representante atuar em prol do bem-comum (que é construído a partir de um ideal partidário de justiça política, econômica e social).

Uma reforma política interessante também deve amplificar os mecanismos que assegurem a representação de todos os setores da sociedade. O compromisso democrático se dá, evidentemente, com a maioria. Mas, também deve preocupar-se com os argumentos da minoria derrotada, isto porque, as maiorias se formam e se dissolvem, de maneira que um grupo vitorioso num momento, pode ser derrotado em seguida. E o jogo de vitória/derrota acirra o ressentimento, a revolta e o ódio. Daí porque o sistema de representação democrática deve ter mecanismos que permitam o contraponto, a crítica, o debate, de maneira que a solução encontrada seja a menos arbitrária possível. A ideia básica é que o vitorioso não tiranize o derrotado, e, que o derrotado, apesar de descontente, não abandone o processo democrático do poder.

O sistema majoritário de voto para as casas legislativas (o “distritão”, que também está para ser encaminhado à deliberação) atenderia o propósito de considerar com atenção e respeito todos os setores da sociedade? Não há dúvida de que se trata de um modelo simples e funcional. Mas ele seria a forma menos arbitrária de organizar o debate democrático?

Calham também as seguintes perguntas: a reforma da política, que se encaminha no Legislativo Federal, nos aproxima da democracia? São os representantes eleitos que devem dar a última palavra sobre um assunto tão importante, especialmente quando existem outras propostas de reforma, originárias da sociedade civil?

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Caros leitores, estas provocações iniciais serão desdobradas nos próximos posts, já que há muito de polêmico nos princípios e objetivos anteriormente apresentados. De toda forma, este ponto de partida serve para suscitar nossa desconfiança republicana, de que o gigante sonâmbulo deveria acordar logo.