Limebike: startup do Vale do Silício se inspira no copy from China.| Foto: Divulgação
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Pergunte às pessoas ao redor de sua mesa de trabalho ou no almoço de família sobre sua opinião a respeito dos produtos chineses. A maior parte das repostas será algo como “são baratos, porém de baixa qualidade”.  O senso-comum pode não estar errado se pensarmos nos eletrônicos à venda em bairros de comércio tech. Mas passa longe de compreender o fenômeno tecnológico que transformou startups chinesas em companhias multibilionárias admiradas (e copiadas) por empreendedores de todo sudeste asiático e do Vale do Silício.

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Quer um exemplo? Pense nas bicicletas do Itaú, espalhadas por grandes cidades brasileiras, ou nas bikes do Citibank, disponíveis em Nova York ou Miami. Ambos casos compartilham um modelo ultrapassado: você vai até uma estação, desbloqueia a bicicleta e a entrega em outra central.

Na China, gigantes como Mobike oferecem uma opção mais cômoda, barata e eficiente: milhares de bicicletas ficam disponíveis em qualquer esquina, você a destrava com o celular e a entrega... em qualquer lugar.  Assim, não é preciso procurar uma estação: você pode pegar uma bicicleta na porta de casa e deixá-la na porta do trabalho. Ler isto sem conhecer a China pode parecer estranho, mas acredite: funciona incrivelmente bem.

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Há dois anos, nos Estados Unidos, empresas como LimeBike e Spin, copiaram o modelo Mobike. Connie Chan, sócio do fundo Andreessen Horowitz, cujos investimentos incluem empresas como Airbnb e Facebook, candidamente declarou em uma audiência pública com acionistas, “investimos na LimeBike porque ela se inspirou em um modelo testado com sucesso na China”.

De aplicativos de notícias, a soluções de e-commerce e ferramentas de pagamento mobile, contam-se às dúzias as cópias feitas a partir de inovações chinesas. Na Malásia, por exemplo, o market place de cosméticos Hermo alcançou milhares de mulheres de baixa renda com uma ideia fora da caixa: permitir às consumidoras dizerem o quanto podem pagar por cada produto. Cabe ao vendedor aceitar (ou não) a oferta. Uma ideia criativa? Certamente. Mas sua origem não é malaia. O modelo nasceu na China e deu origem à JuMei, um e-commerce fundado em Beijing em 2009 que se prepara para fazer IPO na Nasdaq.

Na Tailândia, por exemplo, desde 2017 o Banco Central autoriza que pagamentos sejam feitos apenas ao escanear um QR Code. Nada de dinheiro de papel ou cartões de plástico. Você vai a uma loja, consome, e ao sair, escaneia um código e clica em “OK”. O dinheiro sairá de sua conta bancária para a carteira digital do varejista. Simples como tirar uma selfie. A novidade tem origem na China onde o uso de pagamento mobile é tão popular que levou um correspondente da publicação britânica Economist a perguntar, “será que o país que inventou o papel moeda será o primeiro a aboli-lo?”.

Por óbvio, não é todo modelo de negócio chinês que pode ser replicado fora de seu país de origem.  As empresas chinesas ainda desfrutam de uma economia digital relativamente fechada às inovações do Ocidente e as características culturais e de regulação são muito distintas.  Ações de marketing agressivas, como as que exigem a instalação de um app para, em troca, dar acesso um carregador de energia ou login em um uma rede Wi-Fi, são formas comuns de startups chinesas fazerem crescer sua base de usuários, mas que podem não ser bem-aceitas em mercados com o americano ou brasileiro.

Apesar das diferenças, é quase consensual entre os especialistas que a presença de empresas tech da China em todo o mundo só vai crescer. Bem, uma nova revolução digital chinesa está acontecendo, mesmo que seus efeitos (ainda) não sejam percebidos nos almoços de domingo em família.

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