A China foi o primeiro país do mundo a afundar-se em uma crise causada pela infecção de Covid-19. Não por acaso, foi também o primeiro país a sair dela, liberando sua população da quarentena obrigatória e retomando as atividades normais do dia a dia.
Com base nessa realidade, seis fatos já registrados no país indicam o que deve ocorrer na economia brasileira nos próximos meses.
1. Forte queda na economia
O PIB chinês terá sua primeira retração em 40 anos no 1º trimestre de 2020 e, no ano, a meta de crescer 6% deve ser reduzida para 4,5%. Empresas vivem em compasso de espera, aguardando a abertura do Congresso chinês pós ano-novo lunar, quando medidas anticíclicas de apoio às médias empresas e estímulo ao consumo das famílias devem orientar a reação do setor privado.
O que podemos esperar no Brasil: se até a dinâmica economia chinesa sentiu o golpe, é evidente que haverá queda da atividade econômica no curto prazo. Recuperação? Só com investimento público.
2. Falências e recuperação judicial de pequenos e médios
Grandes empresas do setor de turismo e entretenimento já anunciaram processos de recuperação judicial. Análise aponta que, sem política pública de incentivo à atividade econômica, falências em 2020 devem superar números negativos registrados na crise do subprime americana, em 2008.
O que podemos esperar no Brasil: onda de falências e aumento do desemprego, sobretudo por parte das empresas pequenas, que não possuem reservas para atravessar a crise.
3. Minério e petróleo: o apetite chinês por commodities diminui
O consumo de petróleo caiu 30% no início de 2020 e deve seguir baixo ao longo do ano. A demanda por minérios segue estável, já que grandes obras de infraestrutura foram retomadas no país.
O que podemos esperar no Brasil: espera-se leve perda em nosso saldo de exportações destes itens este ano.
4. Carne e commodities agrícolas: os efeitos na compra de alimentos brasileiros
Associações de classe, no Brasil, indicam que pedidos de proteína animal na China continuam em alta e não devem ser afetados pela crise do Covid-19. Maior desafio são interrupções logísticas e eventual acordo chinês com produtores de frango nos Estados Unidos, o que prejudicaria exportações brasileiras. O país asiático segue com necessidade de abastecer sua indústria de carnes, uma vez que a “gripe africana” que levou ao abate em massa de suínos na China não foi superada.
O que podemos esperar no Brasil: o setor agro não deve sentir o impacto da crise, pelo contrário: será beneficiado pela alta do dólar. Mais uma vez, o agro ajudará a manter as contas do Brasil em dia.
5. Cadeia de suprimentos: falhas na exportação de componentes made in China
Fábricas chinesas voltam a operar perto de sua capacidade máxima. No entanto, fabricantes locais temem acelerar sua produção de componentes, já que o cenário internacional mostra desaquecimento. Há temor de que investimentos na produção não se paguem se demanda no Ocidente não for retomada.
O que podemos esperar no Brasil: fábricas nacionais que dependem de componentes chineses devem se mover e fazer encomendas firmes a seus parceiros no Oriente, sob pena de ficarem desabastecidas.
6. Economia do isolamento: novos negócios que emergem na sociedade contactless
Súbita necessidade de colocar grande parte de sua população em quarentena fez ascender modelos de negócios baseados no trabalho, ensino e atendimento médico a distância. Varejo desenvolveu técnicas de atendimento e delivery de produtos sem contato humano.
O que podemos esperar no Brasil: nosso país deve sair mais moderno da crise e a regulação local flexibilizar regras para teletrabalho e telemedicina. Startups de automação e delivery devem ganhar mercado.
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