Você sabe quem é Enedina Alves Marques? Não são muitos os curitibanos e paranaenses em geral que conhecem ou já ouviram falar da história desta mulher. Mas deveriam. Enedina foi a primeira mulher a se formar engenheira pela Universidade Federal do Paraná – e a primeira engenheira negra do Brasil. Na década de 40, quando as brasileiras votavam não fazia uma década, o divórcio ainda não havia sido aprovado e não havia as cotas raciais, mecanismo mais do que justo para promover a inclusão daqueles que representam mais de metade da população brasileira.
Esta semana, Enedina começa a aparecer em rodas de conversa e nas mídias sociais. Isso porque há uma campanha, divulgada pela coluna Entrelinhas da Gazeta do Povo, editada pela minha colega Marcela Campos, para que ela rebatize o Edifício Teixeira Soares, aquele perto da Ponte Preta, na Rua João Negrão, perto do Shopping Estação, no bairro Rebouças. O prédio pertenceu à antiga Rede Ferroviária Federal e foi doado à Federal, que em breve instalará ali um novo campus. Uma singela (ela certamente merece mais) homenagem a uma de suas alunas, pioneira e exemplo para várias gerações de mulheres.
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Enedina já é nome de escola, batiza o Instituto Mulheres Negras de Maringá. Também mereceu busto do Memorial à Mulher Pioneira e o Instituto de Engenharia do Paraná não se esqueceu dela — é a instituição que cuida de seu túmulo. Mas certamente ela merece mais, a começar, por parte da UFPR. Em janeiro deste ano, quando se comemorou o seu centenário, não se soube de nenhum evento especial promovido pela universidade para lembrar de seu nome, Perdoem-me se eu estiver enganada, e deixem um comentário se conhecem alguma ação.
Este blog, portanto, pede encarecidamente a seus leitores que ajudem a engrossar a campanha. Se hoje ser mulher e negra dentro da universidade é um grande desafio — permeado por trotes machistas e racistas, por comentários e piadas humilhantes vindos de colegas e professores e por esteriótipos que cercam a mulher que vai para a área de Exatas e Tecnológicas –, imaginemos os leões que Enedina teve de matar para chegar lá. Vamos relembrar e manter viva essa história.
Para saber mais sobre ela, há esse texto do meu colega José Carlos Fernandes, publicado há exato um ano. Também há um trabalho sobre ela na Revista Vernáculo, de autoria de Jorge Luiz Santana. Se você conhece outras fontes, por favor, publique nos comentários.