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Rodrigo Santos e Suricato contam sobre o novo Barão Vermelho no “Papo Reto”
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A expectativa para conhecer o resultado final do que será  a nova fase do Barão Vermelho é muito grande. Todos que sempre acompanharam e curtiram a banda de 35 anos, estão ao mesmo tempo curiosos e na torcida para que as escolhas tenham sido acertadas. Hoje, dia 23 de junho no Teatro Positivo com produção da Prime, vamos ter a chance de ver em ação essa nova formação.

Além da volta de Maurício Barros, que foi também fundador do Barão, vamos ver no palco a grande aposta dessa nova fase da banda, Rodrigo Suricato nos vocais. A primeira impressão que tive em programas de televisão foi boa, mas vamos ver como a química funciona ao vivo.

Não nego que as primeiras notícias que ouvi sobre essa mudança na banda, com a saída de Frejat e entrada do Suricato me deixou com “a pulga atrás da orelha”, mas como não gosto de conclusões precipitadas, hoje é a prova de fogo. Vou assistir ao vivo!

Eu, assim como tantos outros, que acompanharam a carreira da banda, comprou discos e foi a shows, estão torcendo para uma continuidade com a mesma intensidade que mostraram até hoje. São ícones do rock nacional para toda uma geração, carregam uma responsabilidade enorme para toda uma legião de fãs. Veja aqui uma história pessoal de quando eu tinha 16 anos que contei aqui no Blog, sobre a primeira vez da banda em Curitiba:

O dia que pulei muro para assistir o Barão

Antes da chegada da banda em Curitiba o blog bateu um papo com Rodrigo Suricato, novo vocalista e guitarrista e Rodrigo Santos, baixista da banda desde 1992. Em uma conversa franca sobre tudo que está acontecendo com a banda e o que eles planejam para o futuro.

Projeto “Papo Reto” de hoje com Rodrigo Suricato e Rodrigo Santos, Barão Vermelho: 

Blog Música Urbana – Rodrigo Suricato, você dar o seu nome artístico pessoal, Suricato, à sua banda não é um peso à mais para você? Não pode gerar uma confusão para o público para distinguir entre você e banda?

Rodrigo Suricato – Suricato é o nome da minha banda e o meu sobrenome artístico e acontece sim uma certa confusão, mas é interessante porque na verdade Suricato para mim é um núcleo criativo. E quando eu me refiro a um nome de banda, mesmo sendo o meu sobrenome artístico eu acho que eu ainda possibilito uma coletividade, uma troca que eu enquanto artista solo talvez eu não permitisse então o propósito realmente da Suricato é ser mesmo esse núcleo criativo onde as pessoas, meus amigos e pessoas talentosas pudessem trocar e se sentir à vontade para trocar e não simplesmente estarem acompanhando o artista.

Blog Música Urbana – Mas numa situação dessa, imagino, numa hipotética saída sua compromete a banda, não?

Rodrigo Suricato – Não, na verdade eu não posso sair de mim mesmo!

Blog Música Urbana – Pois é, por isso mesmo. Daí a banda se torna você.

Rodrigo Suricato – Não, exatamente por ser o criador da banda. Ela passa por um crivo, né? Suricato é um núcleo criativo fundado por mim há oito anos e essa é a terceira formação da banda. Várias pessoas já passaram pela banda, é um outro propósito na verdade, em vez de ser propriamente uma banda que tenha que ter aqueles mesmos integrantes, não existe uma formação original do Suricato, existe um novo projeto do Suricato e assim por diante. 

Blog Música Urbana – Vamos ao Barão. Como você conheceu o pessoal do Barão Vermelho?

Rodrigo Suricato – Bom, alguns eu já conhecia. Resumindo a história, eu fiquei amigo do Maurício Barros através do projeto Nívea Rock Brasil. Foi um grande projeto. Era uma banda formada de artistas onde eu era o artista representante dessa nova geração. E essa banda tinha o Nando Reis, a Paula Toller, era produção musical do Liminha, eu era o guitarrista e cantava algumas canções. Acabei ficando muito amigo do Maurício, que ficou sabendo da minha enorme admiração pelo Barão Vermelho, nós temos muitas afinidades musicais. Depois de um tempo, acho que foi no final do ano passado ele resolveu me fazer essa proposta: “O que que você acha? Você se vê fazendo isso?” Já que o Frejat declinou participar da banda nessa comemoração de 35 anos de carreira para dar prosseguimento à carreira solo. AÍ, enfim, a partir daí estamos juntos.

Blog Música Urbana – E porque você acha que mereceu este convite? Afinal ser convidado para ser vocalista de uma banda com a história do Barão seria motivo de enorme orgulho para qualquer cantor. Na sua opinião o que te levou a esse convite ?

Rodrigo Suricato – Olha, eu não sei, eu acho que a gente vai trabalhando não exatamente por um mérito. Eu, no caso, amo muito o que eu faço e as consequências aparecem de uma forma muito natural com um certo planejamento, muita sorte e algum talento.

Acho que tem também a minha história com o Barão Vermelho. O Barão realmente é uma das bandas mais importantes para mim, fez parte da trilha sonora da minha infância, eu conheço todas as músicas, no primeiro ensaio que nós fizemos, sem tirar nenhuma música, nós tocamos 19 canções, nos tons originais, com as letras certas então foi realmente um casamento perfeito.

Também talvez por eu ser essa figura um pouco mais conectada com a geração atual, que pudesse representar esse repertório com credibilidade tanto na guitarra quanto na voz. Acho importante isso, você ter talvez uma verdade para interpretar até mesmo aquilo que não foi você quem fez, senão nós não teríamos a Maria Bethânia, não teríamos o Ney Matogrosso, que não compõem suas próprias canções e interpretam essas canções. Então, nesse momento, eu sou um intérprete do Barão Vermelho, estamos sedentos por compor material novo para gente lançar assim que for possível.

Blog Música Urbana – E qual foi sua reação quando você viu que realmente você seria um novo membro do Barão?

Rodrigo Suricato – Eu fiquei muito feliz, lisonjeado, obviamente, com o convite e primeiramente quando eu sou convidado para um trabalho meu primeiro raciocínio é tentar me imaginar nele. E eu falei pro Maurício: “Se eu não tiver que escolher entre Suricato e o Barão Vermelho, tá tudo certo por mim”.

Realmente eu me vi nessa função, interpretando essas canções com alguma credibilidade e sedento por ter essa troca artística com os barões. Acho que eu estou um pouco mais conectado com uma geração atual que dificilmente ela é uma coisa só. Eu consigo ser Suricato, eu consigo ser Barão Vermelho, se eu quiser atuar, eu posso atuar, eu posso gravar, produzir discos, enfim, dificilmente eu vou me ver fazendo completamente uma coisa só. Então quando isso ficou realmente claro foi só alegria e prazer e estamos juntos.

Blog Música Urbana – Aonde que você acha que o som do Suricato encontra, de maneira mais próxima, o som do Barão? Se é que isso acontece.

Rodrigo Suricato – Eu não sei se exatamente isso acontece. O Suricato tem uma outra proposta, mas talvez nós temos as preocupações com as mesmas coisas. Por exemplo, eu tenho preocupação com as letras das músicas do Suricato, assim como o Barão Vermelho sempre teve preocupação com as suas letras. Passou por lá o Cazuza, foram muitos colaboradores escrevendo as letras do Barão Vermelho para que o discurso realmente não passasse por qualquer bobagem.

Acho que a mesma preocupação com o instrumental, de ser realmente uma coisa bem tocada, que não fosse gratuita. E agora com essa formação atual, obviamente, eu acabo trazendo algumas coisas que me pertencem, como alguns instrumentos diferentes, tocando uma gaita num blues, eu só sei ser eu mesmo então eu acabo tocando as coisas do Barão Vermelho do jeito que eu sou mesmo.

Blog Música Urbana – E você consegue relacionar características entre as duas bandas que não tenha nada a ver com o som de uma e de outra. Alguma coisa que não as aproxima? 

Rodrigo Suricato – O Barão Vermelho pelo menos sempre foi uma banda muito calcada no trabalho de guitarras, representando uma bandeira do rock and roll, esse instrumento é vital. E na Suricato eu tenho uma preocupação de trazer a solidez através dos instrumentos mais acústicos, através do violão, violão de colo havaiano, enfim, outros instrumentos de corda. Talvez seja um pouco a preocupação na hora da composição, no Barão Vermelho é muito importante que haja uma guitarra, para o Suricato não necessariamente.

Blog Música Urbana – Como é que foi sua recepção pela banda?

Rodrigo Suricato – Bom, pela banda, desde o primeiro dia realmente parecia que a gente já se conhecia há 20 anos. Eles costumam falar “cara você sempre foi um Barão Vermelho”.

São coisas que não se explicam, amigos na verdade a gente reconhece, a gente não faz. Então foi de uma fluidez tamanha, foi com tanta facilidade no trato diário e no trato musical que eu me senti realmente muito acolhido por essas pessoas que, todas elas, fincaram a bandeira, a história do Barão Vermelho se confunde com a história da Música Popular Brasileira, né? Até então é um grande dinossauro e atual até hoje.

Ter esse acolhimento por eles para mim realmente foi maravilhoso, realmente eu me sinto muito em casa. Parece que eu sempre fui do Barão Vermelho.

Blog Música Urbana – E o público? Como está reagindo?

Rodrigo Suricato – O público estranhou muito no início porque você imagine uma figura como o Roberto Frejat querida e talentosíssima, um frontman como Roberto Frejat deixando a banda e entrando um suposto desconhecido no lugar dele para cantar, isso realmente gera muita desconfiança, mas por outra lado também é a parte deliciosa da coisa porque realmente você consegue provar a coisa por méritos absolutamente próprios, né?

Então assim, ver esse show ser sucesso de crítica, os críticos mais ferrenhos se rendendo ao show e o público cantando todas as canções e celebrando isso me faz realmente repensar qual é o papel da música, se realmente a gente precisa ter as figuras que as compõem no palco executando. Por exemplo, eu já passei muito pela época dos bares, né? Eu tocava repertório diverso, digamos que eu tocava canções dos Beatles, as pessoas se emocionavam como se tivesse o Paul Macartney no palco. Então a canção em si tem uma força que é muito maior que o próprio intérprete.

Blog Música Urbana – Sobre composição, que sempre foi um ponto muito forte no Barão, eles estão te dando liberdade de também participar de composições com o grupo e pelo grupo?

Rodrigo Suricato – Absolutamente, somos cinco compositores e todos somos produtores também. Eu componho de uma maneira quase que industrial, então eu já passei a compor material para o Barão Vermelho, estamos começando a fazer as primeiras parcerias, trocando letras. Nesse momento é muito importante a gente namorar primeiro, para depois ter um filho, né? Então para que saia realmente um disco com a cara dessa nova formação do Barão Vermelho.

Blog Música Urbana – O fato de você ter alcançado o grande público através de um reality de novos talentos, isso se tornou um peso para você? Uma situação que você tem que se explicar constantemente?

Rodrigo Suricato – Na verdade, há uma grande confusão em relação a isso porque na década de 80 todas as bandas passavam pelo Chacrinha, eu fico pensando o que seria se apresentar no programa do Chacrinha, ou o que havia disponível na época para se apresentar e eram programas realmente às vezes muito duvidosos.

A TV sozinha não é garantia de sucesso. Para uma banda ser bem-sucedida num programa como o SuperStar, que nós nos apresentamos,  a banda precisa realmente ter alguma coisa para dizer. O que a gente buscou ali não foi ganhar uma competição e sim ter uma exposição televisiva num tempo onde a TV aberta e a cabo não nos dá muitas oportunidades de nos apresentarmos, o rádio basicamente não existe e a internet é uma coisa muito diluída onde todo dia aparece uma nova que vai salvar a Música Popular Brasileira.

Eu acho muito importante o artista estar disponível e atento para aproveitar os espaços onde possam potencializar o que já existe. Então, por outras palavras, o SuperStar não inventou o Suricato, o SuperStar potencializou o Suricato através de uma janela enorme para que a gente pudesse chegar a um grande público.

Blog Música Urbana – Eu te fiz essa pergunta porque vi em algumas entrevistas suas onde você contava que tinha relutado até o último momento antes de se inscrever no programa.

Rodrigo Suricato – Exatamente, porque a minha geração tem um pouco de pudor de tentar se comunicar com cada vez mais pessoas. Existe muito isso, é o velho papo de sempre, desde a música clássica quando os compositores clássicos vendiam suas obras para os reis enfim, tem esse papo de ser vendido ou se vender para o sistema. Eu não vejo assim, eu imagino realmente tentando aproveitar os canais possíveis para que a integridade da minha música consiga chegar até essas pessoas e tivemos muito êxito em relação a isso.

Blog Música Urbana – O que você escuta hoje?

Rodrigo Suricato – Rapaz, eu escuto muito pouco música hoje em dia, eu fico mais concentrado em escrever, estou numa fase de realmente tentar compor letras e fazer novas canções, muito concentrado na administração dos projetos, da Suricato, do Barão Vermelho, tem um projeto também junto com a Paula Toller e o Liminha, vamos fazer alguns shows em comemoração aos 35 anos da carreira da Paula Toller, vou produzir um DVD do Armandinho… Existe uma carreira por onde eu possa realmente me expressar , canais por onde eu consigo me expressar e eu tenho muita gratidão e amor por todos esses lugares onde eu consigo penetrar.

Blog Música Urbana – Como está a tua experiência no palco com a banda? O que você está sentindo com eles, em relação ao que você sente com o Suricato?

Rodrigo Suricato – Eu estou perfeitamente em casa com o Barão Vermelho. A principal coisa para alguém tocar é olhar para o lado e reconhecer talvez amigos, você ter uma intimidade com quem você está ao lado, com quem tem um tempo de perceber que você está tendo uma dificuldade numa coisa aqui e outra ali. Foi como eu te disse, parece que a gente toca junto há vinte anos e eu não tenho a menor dúvida que as pessoas vão cada vez mais perceber isso no palco. Realmente foi um encontro muito feliz e eu me sinto muito honrado em representar essa história à altura do que o Barão Vermelho representa para as pessoas.

Blog Música Urbana – Você conhece Curitiba?

Rodrigo Suricato – Conheço Curitiba, já me apresentei algumas vezes aí. Já me apresentei com o Tiago Iorc na época em que eu tocava com ele, já me apresentei também com a Suricato assim que nós saímos do programa SuperStar, inclusive, acho que no mesmo lugar onde nós vamos tocar. Enfim, Curitiba está sempre na minha rota de passagem, temos muitos fãs do Suricato por aí, não vejo a hora de reencontrar essas pessoas e ver o que os fãs do Barão Vermelho iam achar do show.

Blog Música Urbana – Valeu Rodrigo Suricato! Bom show em Curitiba!

 

*Rodrigo Santos

Blog Música Urbana – Antes da gente falar sobre o Barão eu queria que você contasse um pouco sobre a sua parceria com o Andy Summers (baixista do The Police). Como vocês se conheceram e como surgiu essa parceria?

 Rodrigo Santos – Pô, a gente se conheceu em 2012, se eu não me engano, assim que eu comecei a trabalhar com o Luíz Paulo Assunção, que é meu empresário até hoje. O Luíz tinha feito a turnê do DVD do Andy com o Menescal, aquele de Bossa Nova, e tinha feito também uma turnê do Andy com o Victor Biglione e estava preparando um disco da Fernanda Takai com o Andy.

O mais bacana é que o Andy nunca tinha feito Police com ninguém no mundo, a não ser com o próprio Police, mas no formato rock and roll ele nunca tinha feito e quando a gente se conheceu jantou e ficamos amigos. Aí no outro ano ele voltou para fazer esse lançamento com a Fernanda Takai e acabou que ele deu uma canja no meu show, em 2012 aqui no Rio, “Every Breath You Take”, “Message in a Bottle”. E a partir daí ficamos amigos, ele mandou umas nove músicas para eu fazer com ele e eu acabei botando uma dentro do meu disco em 2013. O nome da música é “Me Dê Um Dia A Mais”. Era uma música em inglês, eu fiz uma tradução, depois mudei a letra toda e fizemos uma parceria, mudei algumas coisas na melodia também e a partir daí a gente também combinou de um dia fazer uma turnê juntos e tal. O meu empresário acabou afinando com o Andy essa história da gente tocar Police porque o Andy achou legal. No começo, em 2014, 2015 a gente fez duas turnês, a primeira de seis shows e segunda de dez shows. Umas sete músicas do show eram do Barão Vermelho e depois eu chamava ele e nós fazíamos umas oito do Police, e no final o Fernando tocava com a gente.

Andy Summers e Rodrigo Santos

Ele adorou e ficou na cabeça que eu tinha sido o cara que ele mais gostou cantando Police, tocando baixo e ele resolveu querer estender essa turnê só de Police, coisa que ele nunca tinha feito na vida. Eu fiquei amarradão porque foi uma coisa que eu nunca esperei.

Blog Música Urbana – Que privilégio, hein Rodrigo? Que prêmio!

Rodrigo Santos – Que prêmio! Eu ouvia Police como eu ouvia Beatles, o dia inteiro. Imagina, o Sting era baixista cantor. Minha voz é um pouco menos aguda que a do Sting mas alcança alguns tons então eu sempre tocava em outras bandas que eu tive quando era garoto. E sugeri pra ele outras músicas também, além das que a gente tocou em 2014, 2015. Eu e o Luíz Paulo tivemos a ideia de sugerir o Barone, que é o nosso Stewart Copeland.

Blog Música Urbana – Que é outro fanzaço do The Police.

Rodrigo Santos – Ele sabe tudo! E o Paralamas ainda abriu o show do Police no Maracanã em 2008, teve esse detalhe. Mas eles não se conheceram, não.

Blog Música Urbana – Tem algum projeto ainda com ele, para frente?

Rodrigo Santos – Eu tenho, dessas músicas guardadas que eu ainda devo lançar, além das que eu já lancei. Mas ele quer agora mesmo é fazer Police. Ele queria vir em novembro, mas nessa turnê que a gente fez agora foi super legal, mas a gente alugou umas casas, eu e meu empresário fizemos bilheteria então a gente paga tudo. Tem um custo muito grande, traz o técnico dele dos Estados Unidos, tem hotel esse tempo todo, tem tudo isso, tem um custo.

A gente pode dar sorte ou também ficar no abraço. A gente até ia fazer Curitiba, estava na agenda numa quarta-feira, mas a gente não sentiu a mesma venda de ingresso que a gente sentiu no Rio, São Paulo e Porto Alegre por serem sábados. Era antes da semana Santa, foi um risco. A gente não tinha feito nas outras turnês e a gente queria estender essas praças dessa vez. Só que a gente sentiu que não adiantava leva-lo pra Curitiba, fazer um grande show no Teatro Positivo sem uma venda significativa.

Blog Música Urbana – Também ninguém está aí para pagar prejuízo.

Rodrigo Santos – Nem prejuízo porque a gente tinha o mínimo para pagar esse show, só que a gente não queria fazer um show vazio. A gente faz uma turnê com o Andy, a gente quer acertar o tempo inteiro. Então guardamos Curitiba para uma próxima vinda dele num fim de semana. Eu não queria desperdiçar um lugar rock and roll como Curitiba, que é uma das melhores praças. Os lugares em que a gente ainda não fez são os lugares que a gente vai priorizar em fevereiro de 2018.

Temos muitos planos, o Andy quer gravar um DVD, quer fazer uma turnê na Ásia, na China, na Europa, nos festivais de verão com a nossa formação. A gente funcionou muito bem ao ponto do Andy falar pro Luíz Paulo “você me deu um presente, nessa altura da vida eu ter duas bandas tão bacanas”. E o Andy trata a gente também como grande astro, a gente fica até envaidecido.

Blog Música Urbana – Eu fui no seu show mais recente aqui em Curitiba, rock’n roll do começo ao fim, com bastante Barão e Police.

Rodrigo Santos – Bastante Police, bastante rock nacional. Eu lancei um DVD dos meus sete discos da carreira solo, dois foram DVD, e um deles, em 2015 foi “A Festa Rock”, produzido pelo Menescal. E foi o volume um, a gente vai fazer dez volumes ao longo dos anos, também outra parceria que meu empresário arrumou, o Menescal virou um “brother”. Essa coisa toda se cruzou, o Menescal é amigo do Andy Summers, Andy Summers fazendo turnê comigo, eu fazendo parcerias, agora com a Leila Pinheiro, tudo se encaixa, tudo é música.

Blog Música Urbana – Você sabe se esse projeto com o Andy Summers chegou até o Sting?

Rodrigo Santos – Não sei, mas com certeza hoje com a internet todo mundo sabe o que o outro está fazendo. Eu adoraria que o Sting visse, tomara que ele não fique puto comigo!

Blog Música Urbana – Imagina! Eu acho que não. Mas em algum momento ele vai saber!

Rodrigo Santos – Brincadeira! Mas o dia em que eu encontrar, se eu pudesse apresentar para ele eu ia dizer “cara você realmente me ferra porque você canta muito agudo, não é fácil! Seu baixo também não é fácil de ficar tirando junto com a voz”, o dia em que eu conhecê-lo, vou brincar com essa história.

Foto: Leo Aversa

Blog Música Urbana – Vamos falar  do nosso assunto principal hoje do nosso papo, que é essa mudança que está passando o Barão Vermelho. Entrando nessa nova fase com o Rodrigo Suricato como vocalista. Primeiro te perguntar, você participou diretamente da escolha do Rodrigo Suricato?

Rodrigo Santos – A gente estava combinando de voltar em 2017, pra comemorar 35 anos, esperamos esse tempo da última turnê que foi, acho em 2012, 2013. Um pouco antes o Frejat ligou, fez uma reunião com o Guto dizendo que era muito cedo para ele, que não interessava voltar agora. Ele falou “não me importo de vocês irem para estrada, se vocês quiserem continuar o Barão nesse momento”, que queria só em 2022.

A gente conversou muito, no meio disso tudo a gente perdeu o Peninha, que queria muito voltar para estrada. A gente achava que para voltar deveria ser de uma outra maneira e pensou em quem poderia cantar, ou quem poderia tocar guitarra. O ideal era que entrasse alguém que já cantasse e tocasse guitarra, violão, e no meio desse papo o Maurício tinha feito um projeto com o Rodrigo. Todos nós já o conhecíamos, até na minha carreira solo a gente se encontrou na estrada, em festivais e tal. Eu votava no Suricato naquele programa da Globo, fui na final do SuperStar a convite do programa, assisti lá. Encontrei ele e disse “o show está sensacional, Suricato é o vencedor, e tal”.

A gente chegou a conversar com o Ney Matogrosso para fazer alguns shows dos três primeiros discos dá época em que ele conhecia o Cazuza mas o Ney estava enrolado com a Nação Zumbi. Estávamos pensando o que fazer. Nessa época o Maurício fez uma turnê com o Rodrigo Suricato, com o Liminha, com a Paula Toller, com o Nando Reis, chamado Nívea Rock Concert. Os próprios Suricatos no Rock in Rio levantaram um cartaz “Volta Barão Vermelho”, a plateia gritando. A gente nem lembrava disso. Então era um cara que sabia muito do Barão, sabia o repertório, muito fã, tocava super bem. A gente, a princípio, ia chamá-lo para fazer uma participação, uma dobradinha só que o Fernando disse que de repente ele faria as duas bandas ao mesmo tempo. O Maurício ligou, a gente disse que ele era o cara para vir pro Barão, é compositor, toca guitarra pra caramba, violão pra caramba, vários instrumentos, gaita, canta pra caramba e é um cara que todo mundo gosta. Então o Maurício já ligou para ele pra perguntar se ele não queria entrar no lugar do Frejat e ele na mesma hora aceitou. Para gente foi super, maravilhosamente bacana.

O Barão deu uma nova roupagem sem perder a essência e ainda abriu para outros cantores colocarem sua expressão dentro do show que foi um brinde para os fãs, eu e o Maurício cantando também. O Rodrigo respeita muito o Barão e a gente respeita muito ele porque é um grande músico, talentosíssimo.

Eu acho que a banda, de uma certa maneira, precisava de uma pessoa nova também, uma cara diferente, que a gente também tivesse um gás em saber que mudou alguma coisa, tanto que a gente também se esmerou, ninguém ganhou nada, nem dinheiro nenhum ainda, nem vai ganhar tão cedo porque a gente fez uma produção muito forte para essa volta.

Blog Música Urbana – As músicas do Barão passaram por novos arranjos?

Rodrigo Santos – Então a gente pensou que tinha que voltar onde a gente parou, a gente não pode voltar uma banda menor. A gente precisava dar uma repaginada no Barão para aparecer uma terceira geração.

A gente deu uma mudada completamente na cara de algumas músicas, mas não de todas porque é importante também para os fãs saberem que quem entrou ali no lugar do Frejat respeita muito a obra do Barão, e não quer sair mudando tudo e nem a gente queria que tudo fosse mudado.

Blog Música Urbana – Por que vocês não optaram por alguém da formação original para assumir os vocais? Poderia ser o Maurício ou você mesmo, que tem uma reconhecida carreira como vocalista? 

Rodrigo Santos – Então, se eu tivesse assumido, de uma certa maneira cantando ou o Maurício a gente ia fazer certas coisas mais a gente não ia ganhar o que a gente ganhou com a entrada do Rodrigo, que foi exatamente a surpresa da mudança. A surpresa de novos arranjos que ele trouxe pro Barão porque o violão dele é muito presente. E a gente conseguiu dosar isso.

Blog Música Urbana – Vocês não ficaram preocupados em relação a aceitação do Rodrigo pelo público, também em relação a identificação. Pois o Rodrigo na Banda Suricato parece ter um estilo bem diferente do Barão.  

Rodrigo Santos – Claro que a gente foi pra guerra sem saber o que ia acontecer. A gente lotou o Circo Voador, foram ingressos esgotados. Cara, isso não aconteceu na época em que o Cazuza saiu do Barão. O Barão ficou três anos patinando até conseguir ter uma identidade onde o público lotasse os shows, foi uma ralação ferrada. Podia acontecer essa mesma coisa, aliás pode acontecer em alguns lugares, a gente não sabe o que vai acontecer, mas a gente já saiu com lotação. Então pra gente, já ter um show no Circo Voador onde os fãs entenderam, a gente foi mostrando pílulas de ensaios, fazendo um trabalho de Facebook, internet, de Instagram bacana, colocando a introdução de certas coisas.

Começou a aparecer em televisão e as pessoas começaram a distorcer o nariz para tudo, achar legal, torcer o nariz para poucas coisas até a hora em que as pessoas começaram a identificar que a gente queria ir pra estrada. A gente não tirou o Frejat, o Frejat saiu do Barão. Fiou bem claro. A gente até deu uma largada legal, mas só com o tempo a gente vai mostrar que essa formação não é igual a primeira, não é igual a segunda, é uma terceira, é outro cantor. E o Frejat também endossou essa escolha, ele adora o Rodrigo, ficou tudo certo.

Blog Música Urbana – Obrigado pelo ótimo papo Rodrigo, e boa sorte nessa nova fase do Barão.

SERVIÇO

BARÃO VERMELHO EM CURITIBA

TURNÊ BARÃO PRA SEMPRE

LOCAL: TEATRO POSITIVO (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300)

DATA: 23 DE JUNHO DE 2017

INGRESSOS ONLINE: www.diskingressos.com.br/evento/5853

INFORMAÇÕES: 41 3315-0808

REALIZAÇÃO: PRIME

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