Neste sábado os Titãs se apresentam em Curitiba em formato mais intimista. No "Titãs Trio Acus tico", além de sucessos como "Epitáfio" e "Enquanto Houver Sol", eles também contam histórias para o público. O show acontece na ópera de Arames. Os músicos Mário Fabre e Beto Lee acompanham o trio que, segundo uma revelação de Branco Mello, vira um quinteto.
Em entrevista exclusiva, o músico também fala sobre a superação da doença, sobre o retorno aos palcos e detalhes sobre o show acústico! Confere aí.
Blog: Antes de falarmos da música, poderia nos contar como foi este susto
de saúde que você passou?(Branco ficou afastado dos palcos no ano passado por
conta de um câncer de laringe).
Branco Mello: Passei uma barra. Foi pesado, mas agora está tudo certo. Tive sorte porque estava bem atento e vi tudo cedo. Eu parei um pouco de cantar, de tocar, de sair... Tirei uma licença e fiz um tratamento forte de terapia e quimioterapia. Em três meses eu consegui dominar o problema e tirar o tumor. Aí tive mais dois ou três meses de recuperação. Foram dois meses de muita fisioterapia, e então voltei para os Titãs.
Blog: Levando em conta esta experiência que passou, você mudou alguma coisa no cuidado com a sua voz?
Branco Mello: Sim, eu fiz muita fisioterapia, porque a radioterapia geralmente massacra muito. A laringe é uma região muito delicada. É onde produzimos o som da voz. Mas as cordas vocais foram preservadas. Agora está fazendo um ano do tratamento, minha voz está voltando praticamente ser o que ela era. Ela ficou um pouco mais grave, mas já dá para eu ir cantando. Estou em turnê desde que iniciamos o show "Titãs Trio Acústico", há quatro meses.
Foi um susto realmente! Mas foi um susto contornado. Agora eu só tenho que fazer o controle com os exames periódicos, mas a princípio o problema está resolvido.
É uma vitória poder voltar a cantar depois de uma porrada dessa. Eu realmente me sinto um vitorioso. Fico muito emocionado quando estou fazendo o show "Titãs Trio Acústico", porque ele é representa minha volta. Não só à vida como também à minha essência, que é cantar, fazer show e me comunicar com as pessoas. Então, para mim, é um momento muito importante.
Eu trato do assunto sem tabu. É um assunto sobre o qual eu faço questão de falar, porque muitas pessoas passam por isso. Principalmente para as pessoas da minha geração existe muito tabu sobre a palavra "câncer". Eu acho que tem que falar mesmo, principalmente para quem passa por essa situação difícil. Exemplos de superação são importantes. Eles podem inspirar quem passa pela adversidade cruel que é um tumor.
Blog: Voltando ao show, como está o pique do trio acústico?
Branco Mello: A gente trabalha bastante. Neste momento, o "Titãs Trio Acústico" é o show que comemora os 20 e poucos anos do nosso acústico de uma maneira diferente. Ele é o contrário do acústico, que era com uma orquestra e eram vários músicos no palco. Ele é um show minimalista. É a essência do que tinha o outro, mas com uma sonoridade crua, a sonoridade de um trio de jazz. O formato é com piano, uma guitarra semiacústica e baixo.
Blog: O show tem então uma pegada mais intimista?
Branco Mello: Sim, e é muito legal porque a gente conta histórias de como foram feitas algumas músicas, passagens engraçadas e interessantes da nossa trajetória. São histórias que público não conhece. Tem toda uma intimidade que rola com a plateia. É quase como se estivéssemos fazendo um show na sala da nossa.
Blog: Fora as músicas que já estavam no disco acústico original, vocês cantam sucessos posteriores nesse repertório?
Branco Mello: Sim, cantamos também as músicas que fizemos depois. O acústico é de 1997. De lá para cá, fizemos muitas músicas. Então nós temos aquelas que a gente comemorou lá atrás, e as músicas que fizemos de lá para cá também.
Blog: Como vocês fazem as escolhas dessas músicas para entrar no repertório? Pois com a vida corrida de shows não deve ser fácil selecionar quais entram no repertório.
Branco Mello: Sim, são muitas pérolas, mas a gente se diverte fazendo isso. Nesse show nós temos uma dose interessante. Tem uma parte individual que cada um toca uma música. O Brito toca duas músicas no piano, eu toco duas músicas no violão e o Tony toca mais duas em uma guitarra semiacústica. Daqui a pouco o formato abre e vira um quinteto, mas tudo nessa formação meio acústica. O Beto toca violão, o Mário Fábio tem uma bateria mais reduzida, só com o essencial - prato caixa, chimbal e bumbo. É um show que tem uma dinâmica muito grande, tem papo, tem música.
Para falar a verdade, fazia muito tempo que a gente não fazia uma coisa tão diferente assim. A própria Ópera Rock também, foi um projeto totalmente diferente de tudo que já fizemos. Temos feito de um tempo para cá coisas muito diferentes do que a gente costuma fazer, e isso é um grande barato. Porque são quase 40 anos de carreira. A busca pela redenção faz parte. As novidades e os encontros são muito prazerosos.
Blog: Para uma banda de quatro décadas, se reinventar e manter a plateia não é uma coisa fácil. Como vocês chegaram nesse resultado, como nasceram esses projetos? A própria Ópera Rock Doze Flores Amarela, não é usual no Brasil. E agora a Turnê com o trio.
Branco Mello: A ópera, por exemplo, teve a pré-estreia em Curitiba, no Teatro Guaíra. Aliás, foi ótimo ter estreado aqui. O Festival de Teatro foi uma grande novidade. Misturar três cantoras, dois contra regras, atores... E nós em cena misturando tudo, cinema, teatro e show. Aquilo foi uma coisa que marcou muito nesses anos todos.
Já o trio é um projeto muito grande. Apesar de parecer uma coisa minimalista, ele é um show de duas horas de duração, cheio de histórias, e está rodando o Brasil. Sempre lotamos vários teatros. Em paralelo, estamos com show elétrico rodando o país também, inclusive vamos tocar no Rock in Rio, o Titãs banda mesmo. O Titãs Trio Acústico é um projeto.
Blog: O público tem se surpreendido com tantos projetos interessantes?
Branco Mello: A gente também fica surpreso com isso. Porque esse projeto nasceu dos fãs batendo na tecla, pedindo no Facebook e no Instagram, "Quando vocês vão comemorar o acústico?" Mas a gente não podia, por conta da ópera. Afinal, é muito difícil fazer aquela ópera e ao mesmo tempo mergulhar em um projeto com o mesmo porte. Então decidimos fazer um show comemorativo, mas um pouco diferente do que era, uma coisa minimalista. Ficou tão legal a ideia, e tudo deu tão certo que virou uma turnê. Uma coisa que nasceu para ser pequena, apenas uma comemoração, e se tornou um show grande que está rodando o Brasil.
Blog: Vocês tem intenção de transformar isso em disco?
Branco Mello: Merece, porque são muitas histórias ali. Tem uma emoção muito grande envolvida entre as pessoas durante os 22 anos. Depois eu acho que é um projeto que pode se desenvolver bastante. Pode virar imagem, DVD ou até um disco. Assim caminhamos rumo aos 40 anos de carreira, com projeto novo.
Blog: Apesar de ser um trio, têm mais músicos participando. Como é este processo?
Branco Mello: A música é um organismo vivo e está mudando o tempo todo. Assim é o nosso projeto. Porém, a primeira parte de show inteira somos só nós três. Depois tem o encontro individual comigo e o Brito e o Tony. Cada um tem seu momento com o público. No terceiro momento, o Mário e o Beto entram. Nós contamos um pouco sobre esse encontro, porque eles são do Titãs hoje em dia. O Beto toca violão e o Mário Fábio toca a bateria com um formato mais reduzido, mas mantemos esse espírito acústico. Depois disso, eles saem e o trio toca mais algumas. Acho que assim o show fica mais dinâmico. E eles sempre viajam com a gente, acabamos achando que ficaria interessante para a dinâmica do espetáculo. Então o show tem todas essas cores, mas a essência é o trio.
Blog: A participação do Beto mudou alguma coisa no grupo?
Branco Mello: Engrandeceu muito no sentido de que o Beto, além de ser um cara com uma bagagem grande e tudo mais, é um super músico. Ele é uma pessoa sensacional de conviver e de trabalhar. Quando fizemos a ópera, e ele participou de todo o processo. Tanto o Beto quanto o Mário caíram como uma luva e somaram muito ao projeto. É claro que a essência da banda sou eu, o Tony e o Brito, que estamos há 37 anos juntos realizando esse sonho que era ter uma banda. Mas hoje eles fazem parte da banda e fazem parte dessa história também.
Blog: Convivendo por tanto tempo, vocês ainda se visitam ou se encontram somente nos palcos?
Branco Mello: Nós somos amigos fora do palco há muitos anos. Trocamos visitas sim. Claro que a nossa amizade é amizade de irmão mesmo. E cada irmão tem a sua família e a sua vida. A gente está sempre junto na estrada. Então quando não estamos na estrada, com exceção de algum aniversário ou alguma outra ocasião, a gente obviamente se encontra em alguns eventos das nossas comemorações, e pela das nossas amizades. As nossas famílias se encontram nos shows também. Em Curitiba, por exemplo, eles vêm. Às vezes elas viajam com a gente. No final é uma alegria, nós somos uma grande família!
Blog: E a relação de vocês com os ex-Titãs?
Branco Mello: É bem tranquila. Cada um criou a sua relação com a banda. É uma relação de respeito, de admiração pelas carreiras dos amigos. A gente acompanha, de certa maneira, até algumas parcerias, fazendo música juntos. O Arnaldo, por exemplo, que saiu há muitos anos: a gente já fez música juntos. Ele vem aqui em casa e somos muito amigos ainda.
Blog: Existe alguma possibilidade de, em algum projeto paralelo, vocês fazerem algo juntos novamente?
Branco Mello: A gente sempre conversa sobre preparar uma comemoração para os 40 anos de banda, mas não sabemos exatamente o que fazer ainda. Mas quem sabe aconteça alguma surpresa, algum reencontro no palco.
Blog: E falando da sua carreira solo, como você está levando?
Branco Mello: Eu já fazia um show nesses moldes. Meu show solo com violão. Fiz alguns shows a partir de 2015 em São Paulo, mas houve a interrupção por conta do meu tratamento. Quando eu voltei, já fizemos o trio. Então, por enquanto, fiz apenas um show em um teatro com orquestra experimental com a Miranda Kassin, esposa do André Frateschi, que é uma cantora maravilhosa. Eu convidei a Miranda para cantar esse show junto comigo, na virada cultural de São Paulo, em maio.
A Miranda tem o show dela mesmo, com as músicas autorais. A gente fez o show “Branco Mello, Miranda e Orquestra”. Uma orquestra com 100 músicos, foi uma experiência fantástica. Marcou minha retomada! Mas foi um show compacto.
Quem sabe mais para frente acabamos lançando alguma coisa desse show, já que ele está gravado, só não está trabalhado. Eu ainda preciso ouvir com calma como ficou. Vou deixar guardado, porque esse projeto eu só vou fazer quando acabar essa turnê do “Titãs Trio Acústico”. Ainda vou pensar se vou lançar alguma coisa solo.
Blog: Pelo jeito vai demorar, porque essa turnê do Trio acústico vai longe...
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