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A edição de 2019 Prudential Concerts convida Frejat e traz a combinação de rock'n Roll e música clássica para Curitiba. O cantor e compositor se apresenta nesta quarta-feira (26/6) na Ópera de Arame com orquestra regida por Carlos Prazeres, um dos grandes maestros de sua geração.
O blog Música Urbana aproveitou para entrevistar o cantor. Além de falar sobre o show, ele também revelou algumas curiosidades sobre o lançamento do novo álbum e sua visão da indústria fonográfica e meio Streaming.
Confira o pate-papo!

Blog: Frejat, você foi, para mim, um dos primeiros artistas nacionais que soube muito bem explorar na modernidade a plataforma dos meios Streaming. Ao invés de lançar um álbum completo, você iniciou um processo lançando músicas. E na última ocasião que nos encontramos, no Prime Rock Brasil, você falou que estava revendo essa posição e que você estava sentindo falta de um álbum completo. Como você chegou nessa conclusão?

Frejat: Na verdade meu processo funcionou assim: a gente passou por um período de transição que pode ser uma das maiores transformações que a indústria fonográfica sofreu. Foi o momento em que a pirataria chegou e tornou o negócio praticamente inviável. E a gente aqui no Brasil demorou muito tempo pra descobrir a questão do download e outras plataformas de uso, no momento em que a internet começou a dar uma mostra de que as pessoas iriam pagar pela música digitalmente. Nesse tempo, veio o Streaming, um formato que é muito mais adequado ao que a gente vive hoje. Onde a pessoa não precisa, de fato, ficar com a posse daquilo. Ela simplesmente acessa aquilo que quer, na hora que quer, com acesso pago. Então, esse espaço foi um período que eu pensei "Poxa! Não tem porque eu lançar um disco. Não tem mais loja de discos para as pessoas comprarem". Se eu fizer um disco hoje, as pessoas vão comprar uma cópia pirata do disco. Nenhum produto, do jeito que eu apresentei exatamente anteriormente, vai acontecer. Então vi muito mais vantagem em lançar uma música de cada vez, e fazer um processo diferente, construir um espetáculo em torno de uma canção e outras relacionadas à ela. Até aí, era onde estava minha cabeça, um bom tempo atrás.

Blog: Como as coisas aconteceram?

Várias pessoas que trabalham no meio, até mesmo o público, vinham me questionar no sentido de que sentiam falta de um grupo de canções. Pediam que eu não lançasse apenas singles e sim um grupo de canções, e procurasse um trabalho mais consistente, no sentido de um número maior de composições. Uma produção maior, por assim dizer. Isso foi uma das primeiras coisas: as observações de amigos e profissionais da indústria (não me refiro a gravadora, não), me refiro àquela pessoa que trabalha contigo na produtora, que te vê como um autor um compositor, que considera a reescrita, parceiros e público. E aí, a pouco tempo atrás, eu vi uma matéria no jornal onde alguns artistas estavam trabalhando dentro dessa coisa de lançar singles. E pode até parecer grosseiro o que eu vou falar, apesar de não ser minha intenção.... Eu percebi que esse artistas estavam fazendo lançamento dos singles, clipes e tal, não tinham nada a ver com o meu perfil de compositor. Compositor que tem uma obra, que tem um circuito de músicos que podem se apresentar, num momento que o artista vem apresentando num trabalho. Decidi fazer o disco, que estou terminando de gravar agora. Dentro de um mês, no máximo um mês e meio, finalizamos. Falta acertar pequenos detalhes e ajustar como capa e tal. Continuo achando que o Streaming é o grande formato. Eu, por exemplo, vou fabricar CDs, mas basicamente pra mim. Vai ser mais uma maneira de presentear os amigos e oferecer às pessoas profissionalmente. É também uma forma de agradecimento aos colaboradores. Os músicos vão adorar ter um CD do disco. Vou fazer uma parte de encarte mais caprichadinha, com a ficha técnica, que eu acho sempre importante. Uma coisa que eu fiz muita questão de fazer, foi que, todos os liryc vídeos que eu lancei nos últimos tempos eu botei a ficha técnica ali no final, da música que estava sendo feita, para que as pessoas soubessem quem são os músicos que tocam, quem gravou, quem masterizou. É uma coisa que está se perdendo com o meio digital. É uma estratégia mesmo, de enfraquecimento dessa área técnica, parece que não interessa que essas pessoa sejam conhecidas. Para quem é dono de gavadora, para quem é dono de mecanismo de busca, mediador de plataforma... saber quem é o compositor de uma música, quem gravou aquela música, quem são os músicos que estavam participando, não parece interessar. Não interessa pra eles a divulgação dessas pessoas. Tanto que você tem dificuldade, por exemplo, no YouTube. Agora a plataforma alega que não tem espaço pra colocar ficha técnica. É um absurdo! Ou alega que não tem possibilidade tecnológica de colocar os nomes dos compositores de todas as músicas. Como não? É só você colocar o campo do compositor, a pessoa que vai botar a música lá, tem que botar o nome do compositor. Deixa o cara que vai colocar a música que se vire.
Tem essas coisas que são desvios dentro do novo formato.
Apesar de tudo, eu continuo achando que o Streaming é um modelo interessante. Hoje não é interessante em termo de remuneração para os artistas e para as pessoas envolvidas, com exceção das gravadoras, que estão ficando mais do que milionários com isso. Tirando isso, para os artistas ainda não é satisfatório. Mas o formato, em termo de questões logísticas e operacionais, é muito bom, lógico!

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Blog: Como foi a experiência financeira de resultados com os singles?

Frejat: Você tem um resultado. As pessoas vão lá e ouvem as suas músicas que elas têm acesso. Não muda em nada financeiramente, o dinheiro é ridículo. Vou citar um exemplo: eu fiz uma versão daquela música "Só você", do Vinícius Cantuária, que foi um grande sucesso na década de 80. A minha versão dela teve 198 mil acessos, e eu recebi R$13. Antigamente se você vendesse 198 mil cópias de um compacto, que era praticamente uma música de um lado e uma outro, você levaria aí pelo menos um 15 mil reais. Ou seja, há um desnível de remuneração. Isso é uma coisa que a gente vai ter que refazer, se não a música vai morrer, cara. Porque as pessoas não vão ter condição de se sustentar fazendo música, e isso é muito triste. É triste pra nós, que estamos vivos, e temos uma carreira. E é ruim pra renovação. Como é que um garoto vai se sustentar fazendo música, se ele não consegue ganhar dinheiro fazendo?

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Blog: Com está a renovação de público?

Cara, eu acho que essa pergunta é dura de responder. Eu acho que a relação do público com a música mudou, e mudou pra pior. A música já teve um papel muito mais importante na vida das pessoas, do que ela tem hoje. Lógico que ainda escutamos coisas como "as suas músicas fazem parte da minha vida", ou "Eu casei por causa daquela sua música", o que for... Tem o casal que fala, "Nos conhecemos no seu show. Hoje estamos casados, temos filhos..." Tudo bem, isso ainda continua acontecendo, ou seja, a música acaba tendo relevância direta na vida das pessoas. Mas a música pra minha geração tem um sentido muito mais profundo. Analisando hoje, eu acho que a indústria da música tentou, de uma maneira bastante cara, que os artistas aderissem ao meio digital.
Isso se reflete na garotada que está começando. Quem tá fazendo música hoje, tá ferrado. De repente elas estão tocando em algum lugar, e o público, naquelas músicas que elas não conhecem, começam a conversar alto, passam a não se importar com o que está acontecendo. Isso acontece com frequência, tanto com artistas novos, quanto com artistas consagrados. Então essa relação mais crua que eu tenho com a música é bem diferente.

Blog: Eu sou da mesma geração que a sua, essa também é a minha opinião. Eu também acho uma pena! Eu sinto isso, infelizmente a música perdeu um pouco a relevância.

Frejat: Sim, sim. Por isso, falei que a resposta seria dura. Eu não estou querendo aqui, julgar ou condenar alguém, é só uma constatação. Eu percebo claramente isso.

Blog: Sobre estar no palco, e não ter a mesma sensação do que você sentia antes... Que saída teríamos para isso?

Freja: para gente reverter essa situação deveríamos ter educação musical nas escolas, uma coisa que a gente brigou, teve projeto aprovado. Deveria ser obrigação de dentro de todas as escolas públicas, para que as pessoas tivessem uma compreensão musical maior, ter uma relação mais completa com a música. Isso imediatamente volta. Na minha cabeça, isso é a única maneira de reverter em algum nível concreto, porque completamente talvez não seja possível, os tempos mudam. Talvez seja sinal dos tempos mesmo, mas acho que seria uma das escolhas mais concretas no sentido de melhorar a qualidade do consumo da música, por que as pessoas teriam um pouco mais de conhecimento de consciência musical para poder avaliar as coisas que estão relacionadas a isso.

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Blog: Você falou, inclusive nas fichas técnicas do próprio lyric vídeos, que hoje quem faz isso, já faz uma grande coisa. Porque às vezes as pessoas não têm acesso as letras das músicas. Você lembra o prazer que era pegar um disco e ler os encartes? ... Nostálgico isso!

Frejat: Exatamente! Estou fazendo isso nos discos. Vou fazer questão de lançá-lo com os encartes justamente para colocar a ficha técnica. Eu acho que isso dá uma relação maior com o trabalho. É uma sementinha que você está plantando, e tudo começou com um padrão de consumo. O que eu posso fazer agora, é colocar estas mesmas informações no encarte dentro do meu site. E se a pessoa quiser dentro do mundo virtual chegar às informações, provavelmente, isso vai estar lá em algum lugar. Dá trabalho fazer a ficha técnica.

Blog: Falando um pouco do disco que você comentou que será lançado em breve, só músicas inéditas?

Frejat: Sim, todas inéditas! Novinhas.
Blog: Com relação aos seus shows você tem show com banda, e tem também o show acústico, o qual que você está rodando o Brasil. Esse show acústico, que eu já assisti, você nunca pensou em gravar?

Frejat: É uma possibilidade. Mas uma equipe de filmagem além de exigir a questão financeira, tem que ter uma equipe de filmagem, de gravação. E eu ainda não consegui planejar o registro desse show de voz e violão.

Blog: Não querendo rasgar seda, mas a sua versão de "Trocando em miúdos", está incrível! Não sei está no show ainda?

Frejat: Fico muito feliz que você tenha feito esse comentário sobre ela, porque é uma música que eu gosto muito de cantar e foi um processo muito delicado pensar em como chegar no resultado e fazer de um jeito meu, pra poder ter uma presença dentro dela, com a minha identidade.
Outro cometário positivo que recebi sobre esse arranjo foi do Cláudio Soares, que é um grande violonista, toca com o Martinho da Vila, com a Mart'nália, Ivans Lins e outros grandes artistas. E ele foi assistir o meu show de voz e violão e falou: "Que interessante esse seu show acústico", e só isso já foi um grande elogio, porque ele toca muito, meu! Toca absurdamente bem o violão! e aí ele fala isso... A especialidade dele é violão de nylon e a minha é de aço. Mas foi muito bacana ele ter percebido meu show, foi muito importante!

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Blog: Realmente achei um super desafio pegar uma música de Chico Buarque e fazer uma versão que ficou à altura do autor. Não posso dizer que "melhor do que a original" (risos), mas poxa! Ela está fantástica e você está de parabéns!

Frejat: É uma questão de apropriação, de você conseguir perceber que a música foi apropriada pela outra pessoa. E outra coisa, a música original, já é transcendental. Mas é bacana você ver uma música dessa ser cantada por várias outras pessoas. Mas é bem particular se apropriar de uma canção e partir de uma maneira muito bonita, e não uma cópia.

Blog: Por mais que você não faça um vídeo desta canção, na minha humilde opinião você tinha que de alguma maneira gravar e lançar como single. Essa canção você não deve deixar ela só pro show. Eu como ouvinte e apreciador adoraria ter ela na playlist do Youtube.
Mas falando dos eventos que você tem feito. Você acabou de participar do Montreux Rio.
..

Frejat: Sim, foi especialíssima a presença do meu querido parceiro Zeca Baleiro e da Pitty, que é uma querida, e muito talentosa. Foi uma noite muito especial.

Blog: Situações como esse evento no Montreux e esse que você vai fazer aqui em Curitiba amanhã, da Prudential Concerts, acho que isso tem muito a melhorar e iniciar um novo processo.

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Frejat: O que é bacana dentro desse evento da Prudential, que eu tenho percebido, é que o pessoal da música pop tenta aproximar um pouco mais o público da música clássica, da formação de orquestra. E de repente, isso também ficou para uma geração mais jovem muito encascado, muito apelativo pra eles. Eu acho que esse projeto tem de certa maneira esta função, de trazer o público mais jovem. É muito importante trazer essa garotada pra que ela sinta a formação da orquestra, tendo uma experiência completamente diferente, e desperte interesse por aquele tema da música que tocou. A própria questão de acessórios, o que eles trazem de instrumentos, como eles fizeram uma versão de clássicos do rock juntando os instrumentos de música clássica mesmo. Essa efeito, de justamente contextualizar, dá essa mistura de efeito pro público jovem para que ele seja inserido nessa possibilidade de entender as duas coisas. Porque eu acho que o jovem tem uma surpresa muito interessante, por exemplo, com meu repertório incluindo Chico Buarque, mais a orquestra junto comigo. Tocamos arranjos muito bem escritos e sob regência de um maestro exótico. É um projeto que está me dando prazer, e eu estou tendo oportunidade de tocar uma música que é uma parceria desde 2017, com Mauro Sta Cecília e Adriano Nunes, "Tudo Ainda" . Gravei junto com "Tudo se Transforma", mas lancei ela um pouquinho depois pra lançar tudo junto. Devo ter lançado em janeiro de 2018. Essa música foi gravada basicamente no violão e o arranjo da orquestra que eu acho que ficou bem legal. E eu pensava, "Cara, quando é que eu vou conseguir realizar isso ao vivo?" Porque era uma formação de orquestra e eu com o violão. Fazia tempo que eu queria tocar ela, e o maestro Carlos Prazeres abraçou essa música. Estou super emocionado. Em Porto Alegre foi a primeira vez que toquei ela ao vivo e agora e Curitiba será a segunda! Não é a mesma coisa da música gravada. Pra mim, reconhecer a orquestra com aquela sonoridade é lindo de mais.
É um momento único!

Blog: Neste show, você apresenta quantas músicas?

Frejat: São nove músicas. Um tempo bom de espetáculo. Eu adorei o projeto, uma coisa inusitada ouvir um repertório de rock dessa maneira. Ouvir com Pynk Floyd tocado pela orquestra, por exemplo... Olhar e falar: porra!!...

Blog: Pra finalizar, Frejat. O que você pode adiantar desse disco novo para a gente?

Frejat: Apesar de não estar podendo abrir muita coisa, o que eu posso falar é que são músicas inéditas, que claro, talvez alguma coisa já tenha sido gravada por algum amigo, parceiro... mas eu tô gravando a minha versão. O disco é o primeiro material inédito desde 2008. Tem um repertório muito bacana. Estou muito feliz com o resultado e ansioso também com o lançamento.
Daqui um tempo tem mais coisa pra contar!

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Pudential Concerts

Nomes importantes da MPB, como Milton Nascimento, Maria Rita e Alceu Valença, participaram das edições anteriores do evento, que tiveram como tema Acordes Brasileiros e Bossa Nova. Ao todo, mais de 8.600 pessoas assistiram aos espetáculos. O evento é idealizado e produzido pela Novo Traço Comunicação, com patrocínio da Prudential do Brasil e realização da Secretaria Especial de Cultura, Governo Federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Para mais informações sobre o Prudential Concerts, acesse as páginas oficiais do projeto no Facebook (https://www.facebook.com/prudentialconcerts) e no Instagram (https://www.instagram.com/prudentialconcerts/).

Serviços:

Data: 26 de junho
Horário: 
20h
Local: 
Ópera de Arame
Ingressos: 
R$ 50 (inteira) R$ 25 (meia), disponíveis no site www.ingressonacional.com.br

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Colaboração: Damaris Pedro