Sabe aqueles planos que você faz, mas que parecem que nunca vão se concretizar realmente? A idéia de assistir ao clássico espanhol Barcelona X Real Madri era para mim um desses projetos sempre delegados à segundo plano (segundo, na melhor das hipóteses).
Não é que há algumas semanas esse assunto voltou a tona, levantado por meu filho que, durante um almoço, comentou que estava combinando com dois amigos de irem a Barcelona (minha cidade preferida) para assistir o inquietante “El Clássico”, e perguntou se eu não gostaria de ir junto. A princípio, dez motivos diferentes para não ir me vieram a cabeça. Mas nada como um dia atrás do outro para mostrar que uma oportunidade como essa não aparece todos os dias. O último a se juntar ao grupo foi meu fraterno amigo de muitos anos, o cantor Simoninha ( filho do grande Wilson Simonal, Simoninha é herdeiro direto do talento do pai), além de palmeirense convicto e talvez o mais apaixonado por futebol no grupo. Quando soube do programa ele também não resistiu a oportunidade. Assim estava formada a trupe para oito dias de muito futebol e música em Barcelona. Passagens compradas, tudo acertado mas ainda não tínhamos ideia de como e a que preço conseguiríamos as entradas para o jogo, pois já estavam esgotadas há tempos. Nesse momento, surgiu mais uma vez a demonstração de que ter amigos é uma das coisas mais importantes e que mais devemos valorizar na vida. Um bom amigo com excelentes contatos no time Catalão nos aproximou do clube, onde provavelmente poderíamos ter acesso aos ingressos diretamente com eles e por hora com uma remota possibilidade de conseguirmos assistir a um treino do time. Se tínhamos boas expectativas do que nos esperaria na cidade, nem em nossos melhores prognósticos poderíamos prever tudo que nos aconteceria. É lógico que, para as coisas ganharem mais valor, tem sempre um pouco de tensão, e dessa vez não foi diferente. Em nosso segundo dia na cidade, pela manhã, recebemos o convite formal que nos daria acesso ao treino que aconteceria as 18:00 horas do mesmo dia, no centro de treinamento Joan Gamper — justamente na véspera do clássico. Ânimo total: aproveitaríamos a tarde para fazer o tour no Estádio Camp Nou e passaríamos na loja oficial para nos abastecer de camisas e todo tipo de badulaque que estampasse a marca do time. Corremos muito para estar no horário marcado (o centro de treinamento fica a 25 minutos do centro), e aí veio a decepção: o treinador Luis Enrique fechou o treino — isso nos deixou apreensivos: será que realmente conseguiríamos assistir em algum momento?
Se o fato de não podermos assistir ao treinamento dessa tarde teve uma coisa boa, foi que nos possibilitou chegar a tempo de assistir ao show da cantora Céu em sua primeira parada da tour europeia de lançamento de seu novo disco “Tropix” — o quarto disco de estúdio. O show foi intimista, com a cantora à vontade para mostrar seu som cheio de nuances e climas para um bom público. A apresentação foi em uma casa que costuma receber músicos de jazz e blues chamada Jamboree, na bela “Praza Real” . O lugar é bem interessante — parece uma caverna — e o ambiente é descontraído, um ponto que vale a pena dar uma olhada na programação quando estiver na cidade (Céu ainda teria uma segunda apresentação na casa na mesma noite). Voltando ao futebol, finalmente chegou o grande dia: agora com os ingressos garantidos, chegamos ao estádio com tempo de sobra para curtir tudo o que o momento nos oferecia. Nosso lugar era exatamente atrás da trave onde saíram os dois gols do Real Madri — um deles foi um golaço do Cristiano Ronaldo.
No intervalo e no final do jogo tínhamos acesso a uma área restrita a familiares dos jogadores, o que nos permitiu interagir com vários deles — e todos foram muito gentis. Se algo não foi perfeito foi que o Barcelona perdeu o jogo, ( 2X1 para o Real Madri) o que deixou o clima na sala um pouco menos descontraído. Teríamos ainda mais uma chance para recuperar nossa reputação de bons de torcida, pois três dias depois o “Barça” jogou contra o Atlético de Madri e, apesar do susto de sair perdendo de um a zero, o time se recuperou e venceu o jogo por dois a um, o que nos deixou mais tranquilos para assistirmos ao treino no dia seguinte sem nos preocupar de sermos chamados de pé frio pelos jogadores que já estávamos mais próximos.
Para fechar com boa música nossa passagem na cidade, em nossa última noite Simoninha foi convidado a fazer uma participação especial ao lado da cantora catalã Sara Pi e Érico Moreira em uma Jam Session no Marula Café, dando um toque brasileiro em uma banda incrível formada por músicos de várias nacionalidades.
O resumo dessa experiência internacional foi de assistir dois jogos fantásticos, ter acesso a dois treinos inteiros com direito a interagir com os grandes craques do time como Messi, Neymar e Iniesta e trazer lembranças que levaremos por toda vida. E se fomos recebidos de maneira inesquecível, devemos isso a gentileza do craque curitibano (craque no campo e fora dele), lateral do Barcelona hà seis anos, Adriano Correia Claro. Muito obrigado Adriano, “piá” curitibano de sucesso internacional !
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