Mercado aquecido, muitas escolas e pouco comprometimento…
Quando vejo um novo empreendimento na área de gastronomia, seja um bar ou um restaurante, já fico pensando a dor de cabeça que os empreendedores terão em formar, treinar e manter uma boa equipe. Uma das tarefas mais complicadas atualmente.
A todo o momento criam-se novos estabelecimentos ligados ao setor de alimentação e também são lançados ao mercado centenas de novos profissionais vindos das instituições de ensino, o grande problema é que os jovens recém formados não estão devidamente preparados e nem se comprometem com o que fazem, atrasos e faltas parecem ser coisas normais. Tarefas básicas dentro de uma cozinha, como limpar o chão e lavar uma lixeira parecem ser coisas de outro mundo, como em qualquer outra profissão deve-se começar de baixo, não é porque se obtém um diploma que você torna-se um Chefe!
Para tornar-se um chefe são necessários anos de trabalho, e começar, obviamente pelo começo. Lavar louças e cuidar da limpeza, são tarefas essências, como posso questionar uma panela mal lavada se não sei lavar, devemos partir do principio: Não me diga, me mostre. E para isso devemos repetir exaustivamente todas as operações durante muito tempo. A formação profissional de um cozinheiro é lenta e gradativa, requer muita humildade, observar e perguntar é crucial para evoluir e desenvolver as habilidades necessárias para se tornar um bom profissional.
Em cinco anos de grupo Vino, quatro no Restaurante Terra Madre e quase um no Restaurante C La Vie, não temos um registro, de um jovem recém formado que tenha desenvolvido um trabalho sério, com qualidade e continuo. Os que conseguem dar essa seqüência são aqueles que migram de outras áreas, ou, os mais jovens que caem na cozinha por necessidade financeira e acabam gostando do oficio, um exemplo é minha equipe, metade é composta por ex-profissionais de outros segmentos, enfermagem, pedagogia e administração, a outra metade é composta por jovens que não tem formação acadêmica, mais se destacam pelo comprometimento e humildade. E quando falo de humildade não é passividade e nem modéstia e sim ausência de arrogância e vaidade.
Espero que este quadro mude e os jovens estudantes se comprometam mais e abracem as causas, pois o mercado está em plena ascensão e necessitamos de mão de obra qualificada e COMPROMETIDA.