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A desejável interação entre o leitor e seus interlocutores

Sou uma leitora exigente. Leio diariamente a Folha de S. Paulo e a Gazeta do Povo, além de um número ilimitado de blogs, livros e revistas. Afora essa leitura, escrevo avidamente, pois mantenho dois diários eletrônicos e costumo comentar com freqüência em um grande número de blogs, inclusive na maioria dos que estão no portal RPC – e se ainda não fiz considerações em todos eles a razão está na sobrevivência; eu vendo aulas particulares, oriento oficinas de leitura e escrita e faço correções acadêmicas.


Jornais são formadores de opinião junto aos seus leitores

Este cardápio informativo que varia em quantidade e nunca em qualidade cada vez mais arregimenta a minha leitura crítica. Vez por outra vou lá e aponto um erro de digitação, uma palavra mal colocada ou uma ambigüidade não observada – e os jornais, especialmente os jornais e alguns blogueiros, são extremamente cordiais com esta leitora, pois enviam mensagens de agradecimento e muitas vezes até me oferecem os links que já ganhei de inúmeros blogs e menções em colunas especializadas. Coisa fina, esperada por qualquer leitor que preza a leitura e faz dessa atitude a sua marca distintiva.

O olhar do leitor

O leitor – e eu sou uma, por isso comento amparada por uma condição inconteste! – quer sempre interagir com o produtor do texto lido. Palpita, desgosta, aplaude, sugere e questiona, mas nem sempre é ouvido. Uma, porque não expressa as idéias e não as envia às seções específicas para leitores; outra, porque nem sempre recebe dos interlocutores qualquer atenção. Entre falar e não ser ouvido, escrever e não receber qualquer resposta, o leitor fica quieto e pronto, lá se foi a interação…

Como interagir

Particularmente não tenho queixas, exceto ultimamente com o Painel do Leitor, da Folha de S. Paulo, comumente agregador de leitores “afamados” (políticos, colunistas e assessores de imprensa) em detrimento dos leitores “comuns”, que quase nunca têm suas manifestações ali editadas, seja na versão impressa ou na on line. Da Gazeta do Povo, as queixas inexistem, pois desde que cheguei a esta querida Curitiba, estabeleço uma interação sem queixas com o jornal, tanto que até fui entrevistada para reportagens na minha área de trabalho e , por último, convidada para assumir este blog.

A receita é simples, mas certeira : escreva, mas escreva bem; não vale escrever abobrinhas ou queixas improcedentes.

Algumas dicas

* Faça o comentário seguindo uma receitinha infalível: Tema + Fonte (quem escreveu, quando foi editado e onde apareceu) + Argumentos (razões para polemizar ou concordar).

* Seja objetivo, o que se traduz em clareza e direção certeira do seu alvo. Não enrole, nem faça tipo, desses que querem aparecer e se mostrar mais importantes do que o tema do comentário. Frases curtas, esboço de idéias – e as colunas dos leitores captam imediatamente a objetividade das mensagens que recebem.

* Mantenha elegância no vocabulário o que se traduz em distinção, cortesia. Mensagens com vocabulário grosseiro, embora tragam pertinentes temas e queixas são colocadas em segundo plano. Chegar educadamente em qualquer lugar é o passaporte de aceitação. É a mais pura expressão do “é dando que se recebe”. Em blogs, infelizmente, alguns leitores extrapolam o aceitável e, muitas vezes, resta apenas ao responsável eliminar os intransigentes. Dou o maior ponto aos que mantém a postagem intacta, entretanto tiro as conclusões da pessoa que redigiu comentários malcriados e inoportunos. Escondida sob a tela do monitor lá está um encrenqueiro, um folgado, um mentiroso e um desequilibrado que não sabe se comportar com distinção. Ao contrário desses há uma categoria extremamente bem-vinda de leitores que não apenas nos estimulam a escrever, mas revelam a pessoa bacana que está do outro lado da tela do monitor. A esses dedico a minha mais intensa alegria e interação – e aos brigões, a esperança de que se modifiquem, que evoluam em respeito aos demais leitores.

* Fuja das palavras e frases inacabadas e das pressuposições, pois quem faz postagens assume um compromisso consigo e com os leitores bem intencionados, mas nunca com os desvairados ou analfabetos. Se você é um adulto, por favor, marque um encontro com o divórcio daqueles sinais, próprios na moçada adolescente, nas salas de bate papo. As palavras da língua portuguesa estão ai para mediar as nossas idéias e somente em casos excepcionais busque estrangeirismos para expressar suas impressões, dúvidas, queixas ou aplausos.

Um recado aos jornais, aos blogueiros e editores das colunas de leitores.

Responder aos que enviam comentários, até mesmo uma mensagem eletrônica já nos satisfaz. Se no conselho editorial de um jornal ou revista estivessem alguns leitores, descomprometidos de qualquer relação funcional, as edições sairiam melhores, pois o leitor atento está sempre em mira daquilo que o noticiário não informou. Leitores comuns estabelecem envolvimentos com a vida nossa de todo dia. Utilizam transporte urbano, entram em filas, sofrem injustiças, observam as ruas e têm a exata dimensão da realidade, sob o ponto de vista diverso de quem apenas vai cobrir uma pauta. Dessa parceria nasce um texto, uma reportagem melhor e uma interação desejada, certamente.

Sugestões

Ao leitor, escreva suas impressões sobre a edição da Gazeta do Povo de hoje e participe mais nos blogs do portal; aos blogueiros, que tal dar o primeiro exemplo e interagir com outros blogs? Eu costumo fazer visitas constantes aos colegas, não é mesmo Nádia, Luís Cláudio , Luigi, Cristiano e Sílvia? Se todos mantivermos um grau acentuado de interatividade entre nós no portal os leitores terão maior estímulo na postagem dos comentários. Vamos fazer a primeira investida???

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