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A pressa subtrai a qualidade da avaliação

A sucessão de novidades apresentadas pelo MEC com relação ao ENEM e ao sistema do vestibular interferiu no calendário das universidades, inclusive o da Unicamp. A instituição paulista, precursora de uma avaliação reconhecidamente eficaz, viu-se obrigada a ignorar a nota da redação dos candidatos que zerarem na redação do ENEM, uma vez que o resultado da nota sairá apenas no dia 8 de janeiro. Sabe o porquê? A lista dos convocados para a segunda fase do vestibular da Unicamp sairá em 16 de dezembro.

Você vê como a pressa em implementar as novidades interferiu no calendário acadêmico das universidades que aderiram parcial ou totalmente às novidades do MEC? Tenho puxado conversa com estudantes em situações descontraídas e eles revelam o descontentamento diante da pressa na adoção das novidades do MEC, mas não arriscam argumentos, talvez pela inexperiência e falta de reflexão sobre o avolumar de notícias contraditórias sobre o tema.

Arquivo cel.   Doralice   Araújo
Os estudantes consultados não escondem o desagrado com o pacote de novidades implementadas pelo MEC em 2009

Qual o porquê da pressa do MEC em implementar tantas novidades mesmo com os editais e calendários já oficialmente divulgados pelas instituições universitárias?

Arrisque um palpite e treine a redação argumentativa, afinal, a composição de textos opinativos é presença certeira no ENEM ou em vestibulares que exigem a capacidade argumentativa diante de temas polêmicos.

Aprovo a preocupação do ministério com a implementação de medidas que visam a melhoria do ensino público brasileiro, mas não concordo com a pressa em adotá-las sem que um planejamento de fato viabilize acertos. Agir apressadamente nunca rendeu vantagens; o apressado pode tropeçar, confundir as informações e auferir resultados medíocres. Planejamento, bom senso e prudência são itens soberanamente indispensáveis quando se deseja ganhar qualquer parada. Já liguei o meu desconfiômetro e aconselhei aos meus alunos que façam o mesmo, embora mantenham o ritimo dos estudos e levem os exercícios de redação com seriedade.

Só para recordar dois atropelos e um incógnita:

>Atropelo 1– o anúncio de que a prova do ENEM seria composta por 200 questões objetivas e mais tarde o aviso de que diminuiria para 180.

Qual a razão do retrocesso? Certamente uma série de ponderações, críticas internas e um infalível chiado coletivo da sociedade envolvida com o sistema educacional no país.

>Atropelo 2– o anúncio de um simulado da prova do ENEM e que até hoje não foi divulgado.

Os cursinhos estão fazendo prognósticos relacionados às provas, mas o tom oficial ainda não foi oferecido, portanto enquanto o prometido simulado do MEC não aparecer tudo não passa de especulação – e sem a pressa na implementação nada disso estaria acontecendo, porque se as medidas fossem adotadas com o vagar necessário nada seria atropelo, mas sim decorrência natural.

> A incógnita – Segundo a reportagem de Marcela Campos(GP, Caderno Vestibular, 6 de julho ): ” No cálculo final do resultado do exame, as questões mais difíceis valerão mais do que as questões menos complexas. Mas os alunos não saberão o peso de cada pergunta e, consequentemente, não conseguirão calcular o seu desempenho.”

O MEC está, segundo o anúncio do portal do ministério, ao alcance de todos; tente chegar até lá; clique aqui , leia as informações relativas ao ENEM e deixe o seu recado, caso esteja (in)satisfeito com a pressa na implementação de tantas alterações.

Não esqueça de fazer a sua inscrição no ENEM – ela encerra amanhã! – Inscreva-se e aguarde, porque, ao que parece, o futuro está nas mãos do MEC. Para avivar a sua memória leia o excerto abaixo.

” O novo Enem valerá apenas como 10% da nota final dos candidatos ao vestibular da Federal, mas não fazer a prova pode ser prejudicial aos estudantes. Segundo uma resolução da universidade, o vestibulando não terá a opção de não fazer o Enem e manter sua nota integral – caso ele não faça o exame do MEC, sua nota final será 90% da pontuação obtida nas provas. Um exemplo: se um estudante gabaritar todas as provas da Federal e tirar 10 na redação, chegando a um total de 200 pontos, mas não fizer o Enem, sua nota final será 180 (que equivale a 90% de 200). Na prática, não fazer o Enem será considerado, pela Federal, como se o vestibulando tivesse zerado a prova do MEC, e isso fará diferença na nota final. Na hora de fazer sua inscrição para a Federal, o vestibulando deve informar os dados referentes ao cadastro no Enem. A prova do MEC ainda valerá como terceiro critério de desempate.”
(GP, Caderno Vestibular, 6 de julho)

Até a próxima!

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