São vários os problemas que aparecem na redação de um vestibulando e a legibilidade – esse conjunto de condições que tornam um texto legível – geralmente negligenciada pelos candidatos tem sido a causa de muitas dificuldades, tanto para quem elabora quanto para quem avalia essa produção.
Nas séries iniciais a professora costuma incentivar as crianças com o capricho no traçado das letras, o que legitima, inclusive, a adoção dos coadjuvantes cadernos de caligrafia, que não diminuem em nada o mérito das orientações escolares envidadas nessa direção.
É lamentável, porém constatar que no limiar entre a 4ª e a 5ª série do ensino fundamental a tolerância quanto à falta de legibilidade aumenta – e vai se tornando, aos poucos, nas séries seguintes, um problema grave. Essa condescendência exagerada da maioria dos colegas professores, que visualizam o problema, mas não se responsabilizam pelo seu combate é a causa indiscutível de prejuízos ao estudante.
Será que custa orientar nossas crianças e jovens para a reescritura do texto? Uma atitude assertiva diante dessa técnica estimula ao aluno a não ficar chateado pelo fato de reescrever novamente. Reescrever é uma excelente ocasião de rever a inadequação e dar um salto consciente em direção às exigências não apenas escolares , mas também das outras cobranças da vida. Adequação é palavra básica e a reescritura de um texto promoverá essa exigência; custa tentar proporcionar esse ajuste?
Saiba as razões dessas advertências
Corretores de redações de vestibulandos “sofrem” para analisar o abundante material que lhes chega às mãos. Muitas vezes a sensação é de desânimo diante da ilegibilidade, aumentada pela presença de rasuras e borrões. O que fazer diante disso? Fixar maior atenção no texto e prosseguir, mas não sem antes pensar no que leva um candidato a desconsiderar o foco no seu interlocutor e a entregar um produto com defeitos de construção?
Não concordo sob hipótese alguma em diminuir as exigências com relação a um padrão de legibilidade nas provas de produção de textos, nem tão pouco oferecer “perdão aos errinhos” a qualquer item da prova. Infelizmente esse gargalo educacional que é o vestibular nacional apenas seleciona – e se o faz que o seja integralmente, sem desculpas para premiar negligências ou falta de cuidados. Seja qual o propósito de uma produção textual deve ser um espelho das boas condições esperadas – ou será que alguém acha normal que para ler uma redação um corretor arregale os olhos, ajeite os óculos e ainda se utilize de uma lupa na mira desse produto?
Sou exigente com relação aos textos que chegam às minhas mãos para corrigir. É claro que em condições de exercício o caráter orientador recebe prioridade absoluta, no entanto, diante da versão final é preciso ser rigorosa, caso contrário o jovem estudante imaginará uma realidade falsa à ocasião das provas e do vestibular.
Recomendações:
1-Traçar inteiramente as letras.
2-Evitar desenhá-las exageradamente grandes ou pequenas demais.
3-Deixar um pequeno espaço entre as palavras – e assim evitar aquele ajuntamento comprometedor. Muitas vezes encontro a expressão por isso escrita assim “porisso” e não sei se atribuo erro ortográfico ou problemas decorrentes da legibilidade.
4-Evitar rasuras, borrões ou furos na folha de redação.
5-Pedir aos familiares, amigos e colegas de sala para lerem a sua redação; se eles entenderem imediatamente o que você escreveu, já será um ótimo diagnóstico, mas se tiverem dificuldades será a hora de adotar maior cuidado com a escrita.
Por que manter a legibilidade?
Legibilidade não quer dizer letra bonita, mas sim legível – e uma boa redação inclui adequação à proposta, conhecimento temático e articulação dos recursos textuais,o que envolve também a legibilidade. Essa conjugação de elementos terá valor diferenciado à ocasião da escrita, em atendimento às propostas dos vestibulares ou de outra situação que nos exija a expressão escrita qualificada.