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As formas e as funções das palavras e o STF

As aulas de português devem, desde as primeiras séries, familiarizar o estudante com as formas e a funções que as palavras exercem, tanto nas situações presididas pela oralidade, quanto nas da escrita; há o dito e o não-dito, assim como o que expressam as entrelinhas – e o estudante, senhor das suas atitudes, fará das palavras uma ferramenta de alcance ilimitado, em casa e nas diversas situações da vida. Nem sempre, infelizmente, a escola mostra às crianças e aos jovens que as adequações linguísticas e as noções de variabilidade discursiva estão para servir aos falantes e produtores de textos. Trabalham com uma disciplina no idioma que nivela tudo ao tal de certo e errado – e desprezam uma excelente oportunidade de explorar as riquezas nas expressões, quando presididas pela oralidade e a escrita, sobretudo no campo das intenções comunicativas através do idioma.

Ontem no Tribunal Superior Federal aconteceu um bate-boca entristecedor entre os dois ministros; veja aqui a reportagem, publicada na Gazeta. Um vexame certamente entre as autoridades, mas também uma oportunidade de apreciar dois pontos vitais quando se fala ou escreve: a adequação e as intenções da linguagem.

Adequação, palavra de equilíbrio na comunicação – Nas provas de seleção e nas ocasiões formais a linguagem precisa aparecer nos trinques, com a exploração bem calculada dos recursos textuais. No entanto, naquelas ocasiões descontraídas o formalismo cai adequadamente – e deixa o falante ou o produtor do texto à vontade. É claro que ele precisa ajustar tudo bem direitinho ao seu interlocutor e ao contexto em geral, mas nem por isso escamotear o que lhe passa pela cabeça, embora muita gente aja teatralmente quando fala ou escreve.

Intenções comunicativas – Todos conservam intenções, até quando não falamos nadinha. Nossos recursos extratextuais como olhares, tom de voz, entre outros gestos são reveladores das nossas intenções. É preciso examinar atentamente as situações comunicativas para emitir um julgamento, um parecer. Um papel carimbado ou reconhecido em cartório, um bilhete, uma carta, um breve telefonema, um torpedo no celular, um e-mail, entre outras formas de revelar intenções, estão a todo o momento colocando em xeque o que a escola ensinou ou não nas aulas de língua portuguesa.

Para um entendedor da vida apenas “meia palavra” basta; eu não considero adequado o linguajar que ouvi, nem as atitudes registradas em vídeo sobre o “bate-boca”, mas quando as palavras empoladas escondem a verdade dos fatos, infelizmente o verniz estrategicamente nelas aplicado desaparece. Sobressaí a intenção – e fica em segundo plano a adequação da linguagem do STF, mas esta é a minha observação sobre o fato; muitos brasileiros, inclusive professores, pensam diferente.

Quer exercitar a escrita? Siga as recomendações:

>Leia atentamente os enunciados e atente às propostas.

>Não ultrapasse os 500 caracteres oferecidos ao leitor.

> Limite-se ao tema das propostas.

Proposta 1 – Examine a reportagem acima e avalie se os protagonistas da discussão ajustaram a linguagem utilizada ao contexto; argumente objetivamente.

Proposta 2 – Você considera adequado que um leitor utilize de expressões chulas na elaboração de comentários, por exemplo, em páginas na internet?

Proposta 3 – Examine a expressão estupidamente utilizada na charge do Pancho( Gazeta do Povo, 23 de abril); explique a intenção de cada personagem quando coloca em evidência a palavra destacada.


Até a próxima; agora vou, mas eu volto amanhã, porque tenho um encontro marcado com você.

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