Tenho colecionado notas , comentários e gráficos disponibilizados pela mídia impressa sobre as mudanças ortográficas firmadas com o famigerado Acordo, vigente legalmente desde o primeiro dia deste 2009, mas está difícil , meu prezado leitor, encarar com paciência os desacordos , inclusive por quem deveria não ter levado a coisa com tanta pressa.
Ninguém até hoje explicou honestamente ao público, usuário da língua portuguesa escrita, qual a razão da pressa em aprovar o Acordo Ortográfico, vigente desde o primeiro dia deste ano. Eu que sou professora de Redação ainda estou ” tonta” com as pequenas , mas doidivanas e dispensáveis modificações. Alguém saiu lucrando com as alterações – e, cá entre nós, não foi o usuário da língua, senhor absoluto, que até agora está boquiaberto com o insensato Acordo. Meus dicionários e a minha infalível recomendação aos meus alunos de consulte o dicionário agora não têm serventia, exceto se gastarmos algumas dezenas de reais. É brincadeira!!! Não vou comprar nada, nenhum manual até que tudo fique estabilizado – e você, leitor, não compre nadinha sobre o assunto. Não jogue o seu dinheiro fora.
Ontem tomei uma decisão: vou inventar umas técnicas para memorizar as alterações na grafia do meu querido português, do qual tiro o meu sustento dia, após dia. O pessoal da imprensa e as editoras contam com um profissional para tirar as dúvidas de quem tem na escrita a sua ferramenta de trabalho: o revisor, a quem desejo calma e muita paciência nessa hora de agonia e indecisões.
Aprendendo na marra
Estou igualzinha a você, leitor atento e interessado: aprendendo na marra, aos pingados, mas tenhamos santa paciência, porque a cada dia uma novidade, um achado contraditório nas alterações aparecem. Sem o tal VOLP – o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, prometido apenas para fevereiro, escrever exige extrema humildade de aprendiz atento.
Não comprarei imediatamente dicionário algum, só porque trará as alterações. Alguém está ganhando dinheiro com a minha, a nossa insegurança em razão dos pontos bestiais que resolveram colocar no acordo. É lei escrever conforme o acordado ortograficamente? Sim, mas por enquanto ficarei sem estresses e , aos pouquinhos, na maciota assimilarei as tolices que fizeram com a língua escrita.
Sugestões:
> Acompanhe a reportagem ABL aumenta confusão sobre nova ortografia , de Polianna Milan, destaque na GP desta sexta-feira.
> Prestigie a coluna ( sempre às segundas,na Gazeta) do meu colega Adilson Alves; ele certamente continuará enfatizando pontos específicos sobre a língua escrita.
> Coloque na sua mira o excelente material Brasil tem nova ortografia, produzido pela Gazeta.
> Releia o que Miguel Sanches Neto declarou sobre o assunto; eu concordo com ele em todos os pontos, porque a língua é do povo, de quem dela se utiliza, inclusive na escrita – e os que decidem sobre as mudanças ortográficas e sancionam leis bestiais não estão neste mundo, mas no da Lua.
” As reformas apenas tentam contemplar o uso espontâneo da língua. São necessárias numa cultura como a nossa, na qual o material popular é importante. Não me aborreço com as reformas, mas vejo que as propostas desta são muito cosméticas (superficiais), preferia algo que fosse mais fundo e propusesse mudanças substanciais, como a fonetização da ortografia. Aí sim teria um sentido facilitador. ”
(Declaração ao jornalista João Rodrigo Maroni, na Gazetinha, de 10 / 5 / 2008)
> Não hesite em perguntar e revelar a sua insegurança quanto a esta ou aquela questão ortográfica; é melhor agir assim do que meter os pés pelas mãos, tal como fizeram os que decidiram pelo Acordo, antes de um documento que regulasse inteiramente as modificações. O meu colega Dilson Catarino, lá de Londrina, é uma fonte bem segura, eu garanto.
O assunto renderá ainda muita chatice, imposição, corretivo, borracha e dinheiro gasto com material impresso escolar, o que para mim poderia ter sido evitado se a tal consulta ao público interessado tivesse realmente alcançado ampla divulgação – você foi consultado, meu caro leitor? Agora é titubear em cima das letras e dos icones gráficos confusamente dispostos na nossa cabeça; depois que tudo ficar mais claro o tempo das confusões e das chatices ortográficas desaparecerá, felizmente. Nossos antepassados já viram filmes iguais…
Parabéns aos novos calouros da UEL; o listão saiu quase há pouco!
Até a próxima!