Atentar aos inúmeros problemas e peculiaridades do local onde se reside é uma ótima estratégia para treinar a reflexão e a redação escolar. Costumeiramente peço aos meus alunos que identifiquem problemas, conflitos, providências interessantes e oportunas à cidade ou bairro onde vivem, afinal a redação escolar é um exercício à prática saudável da exposição e defesa das ideias, em todos os contextos.
Hoje eu trouxe duas situações curitibanas para este Na Mira; com elas segue o pretexto à reflexão e ao exercício da escrita. Está disposto a participar, mesmo não sendo um vestibulando? Situações comuns aproximam as pessoas, independente das necessidades; vamos lá.
Proposta 1 – A Biblioteca Pública do Paraná é um espaço de inegável serviço à comunidade. Sou frequentadora contumaz e usuária fiel do acervo ali disposto ao público, mas também observadora atenta da negligência com relação à conservação do monumental prédio. Experimente, prezado leitor, dar uma voltinha na seção de História, que ao entrar fica à direita, logo depois da Seção de Literatura. Pergunte aos estagiários sobre o porquê daquelas faixas de lona sobre as estantes abarrotadas de livros? Eles fogem das respostas, mas quem já presenciou uma chuvarada saberá avaliar a razão da proteção improvisada ao acervo.
Escreva um comentário, sob forma de e-mail, à Coluna do Leitor; nele expresse o seu (des)contentamento pela indiferença às providências relativas à limpeza das calhas e do telhado da Biblioteca Pública do Paraná, afinal um espaço tradicional da capital paranaense não pode ficar aos ” Deus dará ” e sob a proteção de lonas por tanto tempo.
Sou muito grata pelos benefícios que recebo constantemente da Biblioteca Pública; o acervo espetacular, o espaço físico agradável, a amabilidade dos funcionários e o significado cultural dessa instituição à cidade constituem itens de orgulho aos paranaenses e aos que iguais a mim, migrantes de outros estados, aqui residem. Hoje, diante de tanta espera pelas providências, decidi compartilhar com os leitores a minha observação sobre a morosidade nas efetivas atitudes de quem de fato é responsável pelas providências de restauro e manutenção do prédio.
Proposta 2 – Costumo ir ao Mercado Municipal de Curitiba aos sábados; adoro aquela fartura de cores, aromas e sabores, mas nas últimas visitas que fiz ao Mercado algo tem me intrigado profundamente. Quem conhece o local sabe que bem no centro daquele espaço público há uma espécie de “pracinha” ou área de convivência. É ponto de encontro entre os freqüentadores, pois há uma dupla de bancos disputadíssimos por quem quer descansar um pouco ou apreciar aquele vai e vem das pessoas, mas agora esse espaço sumiu – e daqui a pouco vou lá fazer as minhas compras e conferir se o que presenciei na semana passada ainda continua.
Conversei com os comerciantes que ficam em redor dessa exposição e todos foram unânimes em criticar a liberação da ocupação do local para uma revendedora de carne de ave e seus derivados. Eles alegam que a visibilidade aos seus produtos ficou “embaçada” e não acham justo que a administração do Mercado tire dos freqüentadores o espaço de convivência até então exclusivo. Concordo plenamente com eles – e você?
Um bairro, uma cidade, um estado, região ou país sob os olhares dos seus moradores ganha qualidade, porque nada passa distante das observações de quem de fato preserva e luta por direitos coletivos. Escrever e expressar ideias referendando, aplaudindo ou contestando ações é uma prática que começa na escola e segue diligente e eficientemente vida afora, mas treinar é preciso, sempre.
Argumentar é expressar ideias, compartilhar impressões, apontar soluções e participar ativamente das trocas comunicativas saudáveis entre as pessoas próximas ou distantes. Interaja e comente; argumente!
Até a próxima!