Ser alfabetizado e ter um diploma universitário não significa, infelizmente, que o brasileiro sabe ler e escrever com autonomia. Limitações gritantes ligadas ao tema aportam em todos os lugares não é mesmo meu prezado leitor? Muitos não sabem agir com autonomia quando têm apenas uma caneta e uma folha em branco para expressar com clareza e objetividade as suas idéias por escrito. A educação formal, antes uma certeza de conhecimentos consolidados, sofre de uma doença assustadora: a falta de qualidade. Manter uma criança ou um jovem na escola não significa que, ao final do ensino médio, nossos filhos sairão das instituições escolares com a prontidão esperada para a leitura e a escrita, lamentavelmente.
No mundo dos leitores e produtores de textos é impossível conviver sem a mediação fabulosa do computador e todas as facilidades e funções oferecidas pela informatização e pela informática. Hoje eu e você vivemos na era digital, indiscutivelmente. Não conseguiríamos imaginar a nossa vida sem a internet, entre outras facilidades do mundo moderno.
Não tenho dúvida alguma de que é preciso instrumentalizar nossas crianças e jovens com as ferramentas advindas pela tecnologia digital. As abundâncias funcionais que nos favorecem através da conexão a apreensão informativa devem sim ser compartilhadas com todos os brasileiros – e a notícia de que o governo federal, estadual e municipal firmaram uma parceria com a revolução digital é animadora, entretanto é preciso incentivar e habilitar nossos estudantes com a leitura e a escrita, nos moldes tradicionais, antes de lhes colocar na frente de um teclado de um computador.
Eu recebo a cada três meses pequenos grupos de alunos, a maioria vestibulandos – e muitos já concluíram o ensino médio. São jovens com histórias escolares distintas que chegam para qualificar a leitura e a escrita dos seus textos em língua portuguesa. O objetivo maior é vencer a fronteira imposta pela prova de Compreensão e Produção de Textos – parte decisiva em direção a obtenção de uma vaga nas universidades públicas. Eu lhes entrego no primeiro encontro um caderno brochura de 96 folhas e é com o lápis, lapiseira, borracha, caneta e uma fartura de textos, previamente selecionados dos jornais e revistas,,que eu os auxilio na recuperação das lacunas escolares no campo da leitura e escrita.
A maioria desses jovens tem computador em casa, internet com banda larga à vontade, celulares de última geração, condições de aquisição de livros, jornais e revistas e uma história familiar de parentes alfabetizados plenamente, mas nada desses itens lhes oferecem a segurança necessária para enfrentar a prova de Compreensão e Produção de Textos. Ler instruções, entender advertências, decodificar mapas, comparar elementos, elaborar hipóteses, empreender soluções práticas, produzir resumos, textos de opinião, examinar infográficos ou charges, entre outros tipos textuais, exige amadurecimento reflexivo, a partir de consolidada leitura e prática da escrita no interior da escola e na vida diária – e esses jovens têm pouco trânsito nessas áreas de exigente habilidade nos vestibulares.
Sabe como eu os ajudo? A metodologia é simples, básica – e para muitos uma surpresa:
> Eles lêem oralmente os textos que lhes ofereço e também todos os que costumam produzir.
> Eu lhes dito anotações fundamentais sobre as especificidades dos modelos de textos presentes nos vestibulares concorridos e eles anotam objetivamente o essencial.
> Eu os faço reescrever as redações quando considero necessário.
Sabe o arroz com feijão da escola? Pois ele forma o meu quarteto infalível , capaz de desencadear a eficiência, a autonomia dos meus alunos com relação às exigências de compreensão e produção de textos.
Todos os que sabem ler e escrever com autonomia têm na parceria digital uma poderosa aliada, porque o mundo virtual é uma porta ilimitada de saberes. São jornais e revistas online, blogs e territórios virtuais antenadissimos que saltam na tela para alimentar o nosso apetite informativo. Vistas assim por quem sabe ler e escrever com autonomia a leitura oral, o ditado, a cópia e a redação parecem mesmo obedecer a uma seqüência primária, fundamental – e é assim que deve ser considerada, não é mesmo meu prezado leitor?
Sugestão de escrita
Segundo informações da imprensa os alunos das escolas rurais brasileiras poderão ter aulas de informática brevemente. O Mec pretende implantar 7 mil laboratórios de informática, a partir de parcerias entre o governo federal, estadual e municipal. Segundo esse noticiário os municípios ganharão laboratórios (1 microcomputador e 5 terminais de acesso) que mudarão o cenário básico das escolas públicas. Reflita sobre as vantagens e desvantagens advindas com essa inclusão digital. Argumente objetivamente; limite-se a 12 linhas.