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Quem ganhou com as mudanças ortográficas, hein?

Mudanças exigem planejamento e olhos de lince para avaliar as perdas e os ganhos – e todos estão acostumados de um modo ou de outro a aprender com os erros, gerados pelos golpes de vistas turvas e pela imprudência. As mudanças ortográficas são um desses casos, cujos prejuízos ocupam maior espaço diante dos ganhos.

Hoje, enquanto aguardava um contato profissional para entregar um artigo por mim revisado, eu folheava a Gazeta e reconhecia o quanto são bem-vindas as notas da seção Na ponta da língua (Vida Pública, página 15) sobre o uso do hífen, o grande causador das hesitações e contradições na prática do Acordo Ortográfico. Eu mesma, embora da área, fico muito hesitante para ajustar expressões dentro do critério do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – o famigerado VOLP, portanto, prezado leitor, carregue menos ansiedade quando o assunto for escrever debaixo do chicote das regras atuais. Assinantes e compradores do jornal nas bancas devem colecionar as notas da seção acima indicada; são oportuníssimas!

Arquivo cel.             Doralice   Araújo
Nas livrarias os novos títulos sobre a reforma ortográfica abundam; o leitor, prudentemente, hesita em comprá-los

Eu não ganhei nadinha com as mudanças ortográficas; elas foram impostas à população e agora não há outro jeito, exceto aceitá-las, mas levará um longo tempo para que nos acostumemos à loteria ortográfica – e se eu pudesse faria um ditado oral bem longo para que os idealizadores dessa reforma escrevessem as palavras que sofreram alterações, em razão desse mal-estar estabelecido com a implementação da reforma. Aposto uma corrida em torno do lago no Parque Barigüi que eles cometeriam grandes equívocos.

Os portugueses têm todíssima razão em combater e relutar na aceitação das mudanças na grafia lusa, pois estas invadem um território cativo, diferenciado do nosso, aqui no Brasil e nas comunidades falantes de um português, marcado pelas peculiaridades lingüísticas locais.

Todos os brasileiros que compraram dicionários no ano passado agora têm um material capenga em casa; na primeira ocasião, se o leitor desejar acompanhar as alterações ortográficas precisará gastar um dinheirinho a mais na aquisição de material mais moderno; quanta insensatez de quem apenas pensou em lucros…

Reveja o atraente material Brasil tem nova ortografia, preparado pela Gazeta do Povo com relação à Reforma Ortográfica; sugiro, inclusive, deixá-lo como um dos seus favoritos, porque todos nós, indistintamente, precisaremos treinar muito para nos ajustarmos ao que arbitrariamente nos impuseram na escrita. Hoje a reforma é lei e nesta condição um dia ela pega, embora na marra.

Quer exercitar a escrita? Vamos adiante.

Proposta 1– Com a tentativa de unificar a grafia da língua portuguesa o artigo Reforma ortográfica: mais custos que benefícios, da profª Taís Nicoleti de Camargo (Folha, Tendências e Debates,22 de abril ) contesta os motivos e evidencia, no excerto abaixo, a sua insatisfação profissional com a frouxidão de justificativas na tentativa de unificar a ortografia do nosso idioma. Você já experimentou situações que evidenciam a contradição apontada pela professora? Justifique e contextualize objetivamente os seus motivos.

” A reforma ortográfica apoia-se num documento lacunar e numa obra de referência marcada pela hesitação e pela inconstância de crítérios.”

Proposta 2–- Você mantém um dicionário em casa? Pode citar o título e a autoria? Você ainda o utiliza? Comente objetivamente as suas razões para fazer uso desse material, embora o mercado editorial esteja com fartura de novos lançamentos, supostamente atrelados às modificações ortográficas.

Proposta 3– Belmiro Valverde Jobim Castor, em coluna na Gazeta, declarou que: ” Vejo no acordo de unificação uma mistura de preciosismo formalista com avidez comercial. O velho formalismo que está presente em tudo ou quase tudo que acontece aqui na terrinha venceu de novo. Milhares de professores estão tendo de passar por reciclagens ou terão de fazê-lo nos próximos meses para ensinar o “novo” português; isso em um país que – como demonstram sistematicamente as provas de avaliação do Inep – não foi sequer capaz de ensinar aos alunos das escolas brasileiras as regras da “velha” ortografia, que vigiram durante quase quatro décadas, desde dezembro de 1971.”

Você concorda ou discorda das considerações do professor e colunista, em Para que e a quem serve o acordo ortográfico?

Amanhã eu volto; até a próxima!

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