A ortografia, felizmente, é apenas um dos inúmeros recursos textuais. Para adequadamente escrever é necessário articular todos os recursos de texto, tais como o vocabulário, a pontuação, o uso dos tempos verbais, a concordância entre as palavras, a intertextualidade, a objetividade expositiva, a adequação do nível da linguagem, a formatação legível e, entre outros recursos , o estabelecimento de sentidos ao que se pretende comunicar em frases, parágrafos ou textos efetivamente delimitados e coerentes, mas com as alterações ortográficas, ora em vigor, convém não adiar qualquer movimento em direção à adoção dessas mudanças na língua escrita. Interagir imediatamente com as alterações é imperativo.
Um fato inconteste
Sabemos que língua falada difere da escrita – a oralidade é solta, descontraída e busca sempre apoio dos seus próprios recursos, a exemplo do tom da voz, das expressões faciais e dos torneios característicos da fala -, entretanto, quanto o assunto é a escrita é necessário andar na linha, evitar ambiguidades e distorções linguísticas; é preciso seguir regras, entender o jogo da comunicação escrita, premiada pela sociedade letrada e emparelhada com as exigências do mundo do trabalho e dos ditames das convenções sociais. É ponto pacífico.
A escrita é sim exigente, requer reflexão e concatenação das ideias, além do domínio das regras da comunicação eficaz. Quem quer lutar contra esta assertiva? É uma guerra perdida, eu garanto.
Formação dos professores: a efetiva mudança
Não é por menos que muita gente, mesmo escolarizada, apresenta inúmeras dificuldades para escrever. O panorama das produções textuais nos vestibulares, no interior das monografias, dissertações e teses acadêmicas é entristecedor. Para mudar este quadro será necessário que as águas rolem muito no MEC, nas faculdades de Letras e Pedagogia( para não falar de todas as que formam licenciados ao ensino), na seleção dos professores e na cobrança efetiva dos responsáveis pelas crianças e jovens na escola em geral.
A reforma ortográfica atual, meu querido leitor, não passa de uma marolinha. A mudança efetiva e desejada está sim na formação dos professores deste país enorme e repleto de contradições educacionais.
Meus colegas professores devem ser bem formados linguísticamente para que apontem e exemplifiquem às crianças e jovens o valor efetivo da comunicação escrita; há muito a fazer no quesito formação dos professores, condições justas de trabalho e remuneração, mas a falta do domínio da escrita é indiscutivelmente o ponto vulnerável da escola brasileira. Você já se perguntou o porquê, meu prezado leitor? Voltarei ao assunto oportunamente.
Ótimas contribuições
> Sugiro que o prezado leitor não deixe de examinar o bem-vindo materialBrasil tem nova ortografia , produzido pela Gazeta do Povo. Estudantes e profissionais que têm na palavra escrita a sua ferramenta de trabalho contarão com este valioso auxiliar; salve o material em arquivo e imprima as observações para consulta oportuna.
> Aprecie também os versos da leitora Luciana do Rocio Mallon, participante desta página – e se desejar conhecer os seus demais exercícios com a escrita, visite o Usina de Letras.
“Chegou a reforma da ortografia …
Para facilitar a Gramática …
Tirando toda a agonia …
De uma forma lunática !
Mas esta reforma sem volta …
Gerou confusão e revolta …
No mundo das letras encantadas …
Que ficaram muito assustadas !
Para resolverem um problema …
Mataram o inofensivo trema !
Só porque ele virava um bicho chocante …
Para muitos preguiçosos estudantes !
Assim com a força de um poema …
Surgiu o movimento dos sem trema :
Linguiça , cinquenta , frequência ,
Arguição , pinguim e eloquência !
(…)”
> Leia Mídia eletrônica facilita reforma ortográfica(GP, 10/9/2007), sobre a disseminação rápida das informações com a providencial ajuda das mídias eletrônicas.
Não deixe de exercitar imediatamente as alterações, meu prezado leitor; na prática diária é que a escrita marca o seu território. Dê o bom exemplo às crianças e aos jovens e não resista às mudanças idiomáticas. Nossos antepassados viveram situações linguísticas idênticas – e nem por isto a língua portuguesa deixou de ser um belo e poderoso meio de expressão.
Até a próxima !