Os limites conceituais às expressões acima não devem constituir um impedimento à reflexão de hoje; dependendo do assunto e sabendo de antemão que não domino o tema prefiro manter cautela, ler um pouco mais, ouvir os entendidos e se conveniente e mais segura, emito um comentário. É o caso das leis, dos meandros da biologia, dos mecanismos eletroeletrônicos, da sofisticação gastronômica, entre outros tópicos, mas todas as pessoas têm aproximada compreensão sobre qualquer assunto, porque a racionalidade é uma ponte poderosa que nos faz dar saltos compreensivos sobre tudo e todos. É ginástica mental.
Intensa interlocução – Os vestibulandos, prezado leitor, vivem o papel de interlocutores especiais de avaliações atreladas à competitividade e ao diagnóstico dos erros e acertos da escola brasileira, a exemplo do Enem e dos vestibulares concorridos. É preciso prepará-los aos desafios da interpretação dos comandos das questões interdisciplinares, das propostas da redação exigente e bem feita, mas não apenas para o dia da prova, mas também para as (im)previsíveis situações cotidianas, quando ler e concatenar as ideias na escrita é sinal de evidente diferença qualificadora.
Maestros aqui e ali – Para cada uma das exigências populares, tais como a educação, a oferta de trabalho, as condições dignas de moradia, alternativas de lazer, direito à alimentação e preservação da saúde, há um profissional no mercado de trabalho que dela se ocupa – e para mim a (in) certeza se as crianças e os jovens deste país estão aprendendo a ler e a escrever bem na própria língua é a pedra de toque de tudo, embora os demais assuntos ganhem atenção articulada.
Aferir e auferir – Isto posto é hora de refletir se nossos jovens vestibulandos são capazes de interpretar as questões multidisciplinares, se avistarão contradições na sociedade e se perceberão os liames do que os autoregulam no âmbito doméstico, na vida estudantil, no enfrentamento do mercado de trabalho e nas práticas do cotidiano, a exemplo das vivências no trânsito caótico, nas atitudes de representação política, nas manobras influenciadoras da mídia e no eco que porventura consigam realizar, mesmo sendo jovens estudantes, beirando em média 17 anos de idade.
Eu penso, logo existo no papel ou na real? – Interesses imediatos, empenhos individuais ou coletivos devem presidir as ações de uma comunidade, mas é preciso que a reflexão diária sobre a vida e as suas múltiplas relações de sentido faça parte do cotidiano familiar, da interdisciplinaridade escolar, das convergências da sociedade organizada que é ao mesmo tempo agente e sujeito de todas as realizações do gênero humano. Condição básica.
Questões para refletir e comentar por escrito
Proposta 1 – Bonecas e jogos para brincar ou idealizar – A indústria de brinquedos volve o seu olhar aos cenários do cotidiano; na representação que faz nada escapa: o sucesso feminino de Michele Obama, o cenário amazônico enviado ao mundo com a Barbie, os desvarios populares de Amy Winehouse, a estupidez do caso da universitária da Uniban alçada agora às especulações se venderá mais como boneca ou capa de revista masculina, entre outros enfoques polêmicos, a exemplo da boneca que mama para incentivar o aleitamento materno ou dos jogos de simulação que transformam jogadores em potenciais construtores de conflitos de todos os matizes e intensidades.
Crianças e jovens assistem a tudo pacificamente e interagem sem pensar muito? Será que esses apelos conseguem representar os ideais de consumo e identidade? Quem alimenta essa engenharia de conceitos e contradições? Comente; articule exemplos, compare, estabeleça nexos, observe as contradições, enumere razões e trace através dos recursos textuais uma composição concatenada, bem a altura da sua capacidade de leitura e escrita em língua portuguesa.
Proposta 2- Uma visita atual aos shoppings – praças de inveja, consumo e novidades – faz avistar os apelos natalinos. Entre pagar as dívidas e começar o ano de 2010 livre de encargos do ano anterior a população deixa que a febre da gastança e do endividamento estoure o termômetro. Timidamente representados os simbolos das festas cristãs ficam subssumidos na figura emblemática do Papai Noel. Examine a ilustração e redija um parágrafo em continuidade ao excerto abaixo; inclua também as palavras destacadas acima.
“Todos os anos quebramos a cabeça para trazer para vocês dicas originais de presentes de Natal. Desta vez não foi diferente. O que mudou foi o anseio de fazer alguma coisa que vá em direção oposta à urgência e à necessidade de consumo que virou a festa. A nossa edição especial traz algumas sugestões baratinhas e outras que saem de graça para fazer bonito com o homenageado. E, no lugar de tornar o ato de presentear uma praxe, transforme-o em uma declaração de amor e de amizade. E é neste clima que desejamos a você antecipadamente um feliz Natal!”
(Presente feitos para durar, Viver Bem Especial, GP, 14/12/2008)
Até a próxima!