Você sabia que a homenagem feita às mulheres, desde o dia 8 de março de 1910, não decorre de um acontecimento feliz, mas sim de um cerceamento à liberdade de expressão de um grupo de 129 tecelãs nova-iorquinas? Elas deflagraram uma greve pela diminuição das horas de trabalho – e foram reprimidas pela polícia e também pelos donos da fábrica Cotton, que depois de vê-las refugiadas na fábrica atearam fogo no local, ocasionando a morte dessas operárias.
Eu sou de uma família majoritariamente feminina e aprendi que ser mulher é uma atitude com inerentes consequências na vida de todos – e os verbos que nos envolvem começam desde o nascimento: parir, amamentar, acalentar, zelar, cuidar, amar, proteger, defender, lutar, enternecer , desculpar, compartilhar, aproximar e, sobretudo recomeçar, entre outros.
No dia dedicado às mulheres infelizmente ainda encontrei nos jornais e nas revistas a imagem de mulheres com o perfil ideal feminino disseminado nas propagandas; quem sabe no próximo ano surjam aparições de mulheres de verdade, reais, absolutamente transparentes e comuns, tais como a sua mãe, avó, as suas professoras, a sua dentista, a sua médica, a vizinha, a balconista do mercado, a faxineira ai da sua casa, da escola ou do trabalho?
Não sei se você tem uma lista de mulheres que merecem a sua atenção diária, tal qual a que compartilhou conosco hoje o escritor Domingos Pellegrini; eu tenho: são as mulheres anônimas que são forças decisivas de trabalho e comida diária na mesa , são as que encontro ainda bem cedinho nos ônibus expressos, são as que examinam cuidadosamente os produtos no supermercado, são as que brincam e cuidam dos filhos nas praças, são as que enfrentam as dificuldades e recolhem as boas consequências da dedicação empreendida por qualquer aspecto da vida familiar e do trabalho remunerado.
Lamento ainda registrar a permanente violência, exposição e exploração da figura feminina em todas as esferas da vida pública. Não há, infelizmente, o respeito à beleza e à harmonia do feminino, mas sim a exploração escancarada de quem se entrega às feras para ser devorada literalmente – e o jovem ou o experiente leitor saberá indicar aqui e ali amostras dessa subtração de valores e do direito à integridade feminina, muitas vezes voluntariamente consentida e incentivada, também por mulheres.
Pense comigo: qual o motivo da criação de uma Delegacia da Mulher? Há, por acaso, uma Delegacia do Homem? O dia em que o ser humano, independente do gênero, aprender em casa , na escola e nos seus relacionamentos diversos de que o respeito ao semelhante é imprescindível, quem sabe essa espécie de delegacia feche as portas por falta de usuárias? O leitor incrédulo dirá que é um sonho impossível, mas eu ouso sonhar e investir, porque sou educadora – e o que preside as minhas atitudes é a educação integral das crianças e jovens com os quais convivo, daqueles, portanto, que farão a vida ser melhor ou pior se deixamos agora, já, já.
Sugestões de escrita
1- Descreva, na caixinha de comentários, uma mulher marcante na sua vida. Mãe, esposa, namorada, irmã, tia, avó, prima ou amiga, todas merecem, inclusive, se me permite a sugestão uma serenata, acompanhada de um abraço, um beijo ou um afago sincero pelo enfrentamento de todas as adversidades do cotidiano.
2- Leia o excerto da reportagem 13 mulheres são agredidas por dia em Curitiba, de Paola Carriel(GP, 8 de março) indicada no último link acima; faça um resumo objetivo desses dados para divulgá-los junto aos que convivem com você. Quem sabe assim nos animemos a combater esses absurdos ocorridos aqui em Curitiba.
” Pelo menos 13 mulheres são agredidas por dia em Curitiba. Esse é o balanço do Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Foram 5 mil inquéritos em 2008 para investigar agressões. Mesmo com os avanços da Lei Maria da Penha, que motivou as brasileiras a denunciarem mais os agressores , ainda há pouco para se comemorar no Dia Internacional da Mulher. Dados divulgados na semana passada pelo Ministério da Saúde mostram que as mulheres são as que mais sofrem com a violência doméstica e que, em mais de 70% dos casos, o agressor é o companheiro. ”
3- Comente, a partir do excerto, o texto A mulher como medida , de Luis Caversan(Pensata, Folha online, 24 de jan.)
” Nunca confie num homem que não respeita a mulher.
Esta frase, com a qual há de se concordar inteiramente, é do jornalista Caco Barcellos. Foi dita durante uma entrevista a Marília Gabriela no final do ano passado e é absolutamente coerente com o caráter do rapaz, talvez o repórter mais sério, dedicado e correto da TV brasileira, um batalhador incansável pela justiça, tendo o jornalismo como arma, o que lhe valeu inúmeras perseguições e desafetos, sobretudo dentre quem usa outros tipos de armas, muito mais efetivas. ”
Uma recomendação ao leitor: não hesite hoje, agora mesmo, em expressar um gesto de ternura, de gratidão e de amor à mulher que está do seu lado. Quando os gestos sinceros e destituídos de interesses vis nos envolvem ganhamos mais força para avançar na luta, não entre os gêneros, mas sim na vida.
Até a próxima!