Nesta quinta-feira (27), ocorreu o primeiro debate para as eleições presidenciais norte-americanas. Como previsto, o que mais chamou atenção no embate foi a incapacidade do atual presidente em articular e expor suas ideias, mesmo tendo se preparado por sete dias.
Não só os americanos como todo o mundo sabia: não seria necessário um republicano para humilhar Joe Biden, já que os próprios democratas se encarregaram do serviço
Não foram poucas as famosas “pérolas’’ de Biden.
Com a voz rouca e se atrapalhando em inúmeras respostas, no momento em que criticava Vladimir Putin, Joe se referiu ao presidente russo o chamando de “Trump’’, seu adversário no debate.
Em outro momento, ao falar sobre a imigração nos EUA, teve dificuldade em formular o raciocínio, e assim como seu antagonista, ninguém entendeu o que foi dito. Para finalizar, a melhor do dia: ao comentar sobre suas políticas econômicas, Biden simplesmente travou enquanto concluía a fala.
Uma pesquisa realizada pela The Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research, no início deste ano, mostrou que mais de 63% dos adultos nos EUA expressam dúvidas com relação ao estado mental de Biden.
Outra divulgação nesta semana, realizada pela emissora NBC News, mostrou que além dos 68% que temem que o presidente americano não tenha mais capacidade mental nem física para continuar no cargo, 55% afirmaram ter grandes preocupações com relação ao seu estado de saúde.
Toda essa desconfiança não vem do nada. Nos últimos anos foram inúmeras quedas e tropeços do líder norte-americano, seja subindo a bordo do avião presidencial Air Force One, participando da formatura da academia da Força Aérea no Colorado, ou descendo as escadas para cumprimentar o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, por exemplo. Claro que tombos acontecem, mas quando vira notícia pela recorrência é mais do que justo que haja uma atenção até mesmo dos próprios aliados.
Também conteúdos virais nas redes sociais, os famosos vídeos em que Joe Biden parece estar perdido, “congelado’’ ou em “outra dimensão” durante seus pronunciamentos e agendas externas, chamam recorrentemente a atenção e também servem como argumentos para questionar sua aptidão para estar em um dos cargos mais importantes do mundo.
Tudo isso era uma pequena amostra do fiasco que aconteceu no debate, impossível até mesmo para a velha mídia e a maioria dos democratas se esforçarem para tentar defender.
Na própria CNN, que transmitiu o confronto, jornalistas afirmaram que o Partido Democrata estava em pânico com o desempenho de seu principal candidato, e que isso impactaria não só na própria imagem bem como na dos demais políticos progressistas - podendo prejudicar, inclusive, as doações de campanha.
Enquanto discutem se Biden deve ou não desistir e ser substituído para o pleito, o gran finale da noite ficou para a primeira-dama Jill, e sua fala “Joe, you did such a great job answering every question. You knew all the facts.’’, ou em bom português “Joe, você fez um ótimo trabalho respondendo a todas as perguntas. Você sabia todos os fatos’’.
Infelizmente, para eles, tanto a tentativa de criar uma realidade que não existiu como o fato de que Joe Biden também precisou da ajuda da esposa para descer do palco, não o ajudou de forma alguma, muito pelo contrário.
Para concluir, melhor que o fact-check ao vivo de Biden - quando afirmou ter o apoio do Conselho de Patrulha de Fronteira dos EUA e foi desmentido quase que instantaneamente pelos mesmos no X - foi só a fala de Joe Scarborough. Há somente três meses, o ex-membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos afirmou que o atual presidente da América estava melhor do que nunca, e agora garante que ele deve ser substituído em nome da “democracia’’.
Os próximos meses serão bastante movimentados na terra do Tio Sam.
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