O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Não teve jeito, o dólar acima dos R$6,00 se tornou o mais novo comum no Brasil mesmo com as seguidas intervenções do Banco Central. Se nem os brasileiros estão confiando na política fiscal do governo Lula, que aumenta os impostos, gasta muito, corta pouco, e pior, propõe cortes que prejudicam diretamente a população e não onde há evidente desperdício de dinheiro público. A culpa da vez? Claro que não seria a esquerda. Jogaram, de forma patética, a responsabilidade em memes postados nas redes sociais.

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A narrativa obviamente é fraca, sem fundamentos, e como alguns gostam de falar: sem provas. Mas, por onde começar a inventar essa história cômica? Não haveria lugar melhor do que em uma das redes de televisão que mais fazem assessoria de imprensa para o governo, e foi lá que Daniela Lima afirmou que postagens falsas e os famosos memes foram os culpados pela alta do dólar. 

Se já é difícil aceitar esse argumento para um dia de aumento da moeda americana, imagina se considerarmos que há um ano o dólar segue aumentando?

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Pouco depois, a resposta para isso veio na própria emissora. Comentaristas econômicos felizmente tiveram honestidade e destruíram as mentiras com a verdade, constatando o que todos sabem: há um problema fiscal - não é uma simples opinião, mas um fato. Um país com dívidas incontroladas estão afastando os investidores, que já não confiam em uma gestão marcada por falácias e incompetência.

Em uma matéria publicada anteontem na Bloomberg o primeiro parágrafo é direto. “Primeiro foi um colapso na moeda. Agora, o resto dos mercados financeiros do Brasil estão na mira, pois os investidores estão perdendo a fé na capacidade do governo de conter uma crise fiscal cada vez mais profunda”. 

Relatando como os investidores estão cada vez mais céticos de que Lula está falando sério sobre conter o déficit, a agência norte-americana também destacou a fala do gestor financeiro Sergey Goncharov: “O Brasil se tornou 'venda primeiro, pergunte depois' no mercado atual”.

A incapacidade do atual presidente também ganhou destaque na Forbes Brasil. Em uma postagem feita nas redes sociais, o fundador e CEO da conceituada revista de economia e negócios comentou sobre a inércia do governo petista e o atual quadro econômico catastrófico que fez do real a moeda mais desvalorizada do mundo em 2024. Com o título “O Brasil não aguenta mais dois anos de Lula”, a publicação viralizou.

Como bem disse a deputada do PT, Maria do Rosário, em uma postagem no microblog X em 2021, “O dólar encarece sua vida mais do que você imagina. Ele impacta no preço dos combustíveis, do frete dos alimentos e consequentemente isso chega no seu bolso. Dólar alto só é bom para quem tem empresa em paraíso fiscal”.

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A publicação ainda contém um vídeo explicando detalhadamente todos esses impactos e enfatizando que quem paga essa conta é você. Bom, ainda não tive atualizações, mas espero que ela continue pensando da mesma forma agora que a moeda americana está muito mais alta que naquele período.

Absolutamente tudo o que acontece vira desculpa para a esquerda falar em censura nas redes sociais, e agora não seria diferente

Responsável pela comunicação do governo, pelo menos até então, Paulo Pimenta endossou a historinha do post falso manipulando o mercado e aproveitou para externar o seu desejo por “regulação” na internet.

Em mais um capítulo vergonhoso para a nossa “democracia”, a AGU encaminhou ofícios à Polícia Federal e à Comissão de Valores Imobiliários (CVM), para investigarem postagens nas redes sociais. Sim, é ridículo, mas considerando tudo o que já aconteceu deixou de ser inacreditável faz tempo.

Infelizmente, para eles, o próprio Gabriel Galípolo, indicado por Lula para presidir o Banco Central, negou que a alta do dólar tenha sido causada por ataques especulativos. Apenas fatos que qualquer um que não seja “negacionista de déficit” saberia.

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O tal “kit Lula” comemorado por Daniela Lima há mais de dois anos e que citava o aumento das ações da rede de supermercados Assaí (ASSAI3), das lojas Renner (LREN3) e  CVC (CVCB3) com altas de 4,94%, 6,41% e 7,80% respectivamente, hoje virou chacota. 

Diferente do que ela dizia, hoje o pobre não está comendo picanha e sim com dificuldades para comprar até as carnes menos valorizadas. As “blusinhas’’ foram taxadas e os aeroportos não estão como as rodoviárias.

Se a política econômica não mudar de fato, a tendência é piorar. A situação não está sob controle e sabemos muito bem quem é o responsável por isso. Memes não destroem economias; a culpa é da esquerda.