Como se não bastassem a queda brusca na apreensão de drogas como maconha e cocaína, o crescimento de 14,9% no número de estupros e de 2,6% de feminicídios, a semana começou com a notícia de que o Ministério da Justiça recebeu uma integrante do Comando Vermelho para reuniões. Ao tentar explicar sua entrada em uma área dominada pelo tráfico, o ministro Flávio Dino disse que seria esdrúxulo associar a visita a um encontro com criminosos. Qual seria a desculpa para o ministério liderado por ele recepcionar uma integrante de facção criminosa?
Conhecida como “dama do tráfico amazonense”, Luciane Barbosa Farias foi condenada por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. É casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas’’, que foi preso em 2022 e cumpre 31 anos no presídio de Tefé (AM). Clemilson já chegou a figurar no topo da lista dos mais procurados da polícia do Amazonas.
Além do encontro com assessores de Dino, Luciane tem registros com os deputados de esquerda Guilherme Boulos, André Janones e Daiana Santos, e foi recebida por Érica Meireles de Oliveira na sede do Ministério dos Direitos Humanos. Érica é coordenadora da Coordenação do Gabinete da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos na pasta liderada por Silvio Almeida. As passagens e diárias de Luciane foram inclusive bancadas pelo próprio ministério. Veremos qual será o malabarismo e a fala mansa para tentar justificar isso.
Segundo noticiado, a integrante do “CV” representa a Associação Liberdade do Amazonas, criada no mesmo ano em que seu marido foi preso, e que atua em prol dos detentos da facção. Pasmem, a ONG que afirma atuar em favor dos presidiários também seria financiada com dinheiro do tráfico e mesmo assim teve solicitações atendidas por quem na verdade deveria combater tudo isso. Se em sua defesa um ministério recebe alguém com esse currículo e diz não saber quem era, é fato que a incompetência é maior do que imaginávamos.
Como oposição, estamos protocolando o pedido de impeachment de Flávio Dino. Além disso, também oficiei o Departamento de Polícia Legislativa da Câmara para fornecer imagens que esclareçam quais gabinetes foram visitados por Luciane, visando esclarecer quais interesses foram tratados nesses encontros.
Situações vexatórias como essa deixaram de ser incomuns. Em janeiro, Lula disse a seus ministros que ‘’quem errar será convidado a deixar o governo’’. A realidade é totalmente oposta. Mesmo com os escândalos envolvendo as pastas de Flávio Dino, Silvio Almeida, Juscelino Filho, Nísia Trindade, Marina Silva e Anielle Franco, por exemplo, não houve nenhuma ação condizente por parte do petista. Lula não foi sequer capaz de exonerar a tesoureira do seu partido que mesmo após proferir falas antissemitas, segue com o seu cargo de conselheira na Itaipu.
Considerando não só isso como os recordes liberados em emendas e as exonerações de Ana Moser, Rita Serrano e Daniela Carneiro, é fácil perceber que o centrão (que Lula tanto atacava na campanha) parece ter mais autoridade sobre o ‘’descondenado’’ do que suas próprias palavras. Mas claro, já estamos acostumados a não dar credibilidade aos discursos e às famosas ‘’gafes’’ que vêm de lá.
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