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Mais um dia lamentável para o congresso brasileiro. O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu, na última quarta-feira (5), arquivar o processo de cassação de André Janones (Avante-MG), acusado de desviar parte do salário dos seus assessores para si. Outro capítulo vergonhoso na história de um parlamento onde alguns se revoltam com uma simples peruca loira, mas normalizam a “rachadinha”, bem como dólares na cueca e um presidente condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro.
Entre os grandes destaques do mandato de Janones, até então, estão: uma foto com a esposa de um dos líderes do Comando Vermelho, e um áudio dizendo que o próprio primo quer roubar milhões. Você pensa que acabou? Não se esqueça que o triturador de urnas não brinca em serviço. Adicione a essa lista outros áudios insultando os próprios assessores, um livro de sua autoria, no qual admitiu o uso de fake news, e claro, as “rachadinhas”. Já imaginou se isso tudo acontece comigo ou com alguém de direita? Pois é, por muito, mas muito menos, o deputado Daniel Silveira foi e permanece preso.
Mais cômica que essa ficha corrida, só a explicação do deputado governista para justificar um crime: segundo ele, os áudios foram editados, descontextualizados e a “rachadinha” foi voluntária. Com todo o seu tempo livre, essa foi incrivelmente a melhor justificativa que ele conseguiu inventar.
Considerando todo esse histórico, não me impressiona que nem mesmo a esquerda tenha se mobilizado para defendê-lo, e que uma deputada tenha começado o seu discurso de defesa falando sobre o Dia do Meio Ambiente, que na verdade já havia acontecido no dia anterior.
Para o relator Guilherme Boulos (Psol-SP) restou a missão impossível de defender o indefensável. Em seu voto, para sugerir o arquivamento do caso, utilizou mentiras, deturpações e incoerências, que certamente não o ajudarão em sua futura candidatura a prefeito de São Paulo. É curioso como um parlamentar que antes dizia que a “rachadinha” era sinônimo de corrupção, mudou de opinião rapidamente.
Como André Janones possui o dom de piorar o que já está ruim, mesmo após ser livrado da cassação, se desestabilizou a ponto de usar até mesmo xingamentos homofóbicos contra mim, o que também já foi feito pelo vice-presidente do PT, Washington Quaquá.
Enquanto acham que estão me ofendendo, chega a ser satisfatório pra mim ver que basta um pequeno descontrole para que as máscaras caiam, e que mais uma vez os que dizem defender as minorias mostram suas verdadeiras faces.
Para um dos maiores divulgadores de notícias falsas do Brasil, digo que mesmo que ele tenha quem o defenda, e que conte com o “quem julga é o Xandão” - como ele mesmo disse - reafirmo que há uma coisa em que nem mesmo o STF pode intervir a seu favor: a lei da semeadura. Janones - pelo menos por enquanto - continua com seu mandato, mas ainda assim um arquivamento não muda quem ele é. Talvez seja por isso que ele tenha saído tão nervoso após uma decisão favorável para si. Paradoxal, não é mesmo?
O anteriormente exaltado pela velha mídia como fenômeno da nova política e das redes sociais, bem como um possível presidenciável, tornou-se um mero vassalo do governo que ele tanto criticava, mas que não hesitou em colocá-lo de escanteio quando ficou insustentável.
O “Janonismo cultural” rachou. Prometeu me triturar nas urnas e nas redes sociais, mas foi triturado até pelos próprios ex-assessores, que de forma irônica distribuíram “bolos e danones” no centro de Ituiutaba a fim de homenagear o acusado e o relator que o defendeu.
Nada disso está registrado em livros, mas ficará marcado para sempre na história de quem tem o ego muito maior do que a sua honestidade. Quando a casa cair, não desmaie.