Não tem jeito, não há escapatória. Quando se ensina regras para uma criança – seja ela de trânsito, de comportamento ou de qualquer tipo – pais, avós e todos que convivem com ela precisam respeitá-las. Mas como não somos perfeitos, quando os escorregões ocorrem, a única postura possível é pedir desculpas. Tentar enganar a criança, dizendo que ela não ouviu bem quando um palavrão pulou da nossa boca ou que ela viu mal quando o pai furou o sinal vermelho, é um erro, que vai ensiná-la que, na hora do aperto, o melhor é mentir.
“Os pais precisam estar cientes de que o exemplo é muito forte para a criança. Ela aprende mais com o que observa do que com que ouve. Por isso quando um pai apresenta uma prática diferente do diálogo – como quando diz que todos merecem respeito, mas estaciona em fila dupla em frente à escola –, ele precisa admitir o erro e desculpar-se com a criança”, orienta a psicopedagoga Sandra Hoffmann, – coordenadora e orientadora do Ensino Fundamental I do Colégio Positivo Júnior.
E essa postura não se aplica apenas a crianças. Na adolescência os pais também devem ter em mente que a coerência entre discurso e ações é fundamental. “Não adianta nada fazer um grande discurso contra as drogas, se, no aniversário de 15 anos da filha, o pai permite que sejam servidas bebidas alcoólicas aos adolescentes. Mesmo que isso seja comum em outras festas, o pai deve manter sua coerência”, acrescenta Sandra.
Enfim, pais e mães – assim como a leitora Anna que mandou sua dúvida – devem procurar sempre colocar as regras e zelar para que elas sejam cumpridas – até porque isso faz parte do papel deles. E isso mesmo que, na infância, eles tenham cometido os mesmos deslizes – afinal, alguém também, lá atrás, reforçou o discurso do que era errado e certo. Foi assim que aprendemos e é assim que temos de ensinar.
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