Crimes como se costuma ver nos Estados Unidos – em que um estudante entra em uma escola com armamento pesado, atirando a esmo, ou esse que acompanhamos hoje quando uma pessoa atirou em uma repórter e em seu cinegrafista em uma entrada ao vivo – não podem ser glamurizados.
Quando eu botei os pés em uma redação pela primeira vez – o que deve ter sido lá por 1947 -, uma das primeiras coisas que aprendi é que não se noticia suicídios. Por um motivo muito simples: há uma tendência de estimular esse comportamento através de sua divulgação. É botar minhoca na cabeça de quem já tem o suficiente desse bicho. Salvo exceções – caso de celebridades ou consequências ainda mais graves causadas pelo acontecimento – não se toca nesse tema.
E o mesmo se dá em crimes que, em sua idealização, tem o objetivo, intencional ou não, de chamar a atenção. É o caso do sujeito que entra em um cinema disparando sub-metralhadoras ou alguém que decide matar uma repórter em uma entrada ao vivo.
No que diz respeito a assassinatos em massa, como chegamos a ver no Brasil também, penso que ao divulgarmos esses criminosos – imputáveis ou não por sua sanidade mental ou ausência dela – colabora-se, de alguma forma com a propagação desse tipo de comportamento.
Ainda que seja a glamurização pela culpa, a glamurização pela punição e a glamourização pelo desejo de vingança pelo qual a sociedade é tomada, isso joga os holofotes para cima desses personagens.
A mensagem é: eu fiz isso e eu tive atenção.
Para pessoas equilibradas, não funciona assim.
Mas não estamos falando de pessoas equilibradas.
Como o jornalismo ou cada um de nós deve abordar a divulgação desse tipo de informação é uma indagação enorme, no entanto.
Por exemplo, antes de alguém assim ser capturado é praticamente obrigação da imprensa divulgar as imagens do suspeito a fim de que se chegue mais rápido à prisão.
E, depois, como contar a história das vítimas, do crime e suas implicações, mais ou menos imediatas, locais e sociais, sem sequer mencionar o nome do criminoso, sua história e o que pode tê-lo levado a isso?
Já é um bom começo não fazer dele uma estrela dos noticiários.
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