Tive esta sacada no trânsito, quando vi um carro – por acaso, um carro de luxo -, costurando, fazendo manobras arriscadas e em excesso de velocidade.
E percebi o quanto aquele motorista, usando seu terno de marca famosa, deveria ser, na verdade, pobre.
O tempo é o nosso bem mais precioso, independentemente de quanto dinheiro temos.
Ainda que possa haver uma relação entre tempo e dinheiro, nem sempre a correspondência é verdadeira.
Assim, existem pessoas que têm muito dinheiro, mas seu tempo não lhes pertence.
São, na verdade, pobres.
O tempo dessas pessoas foi vendido completamente – por uma soma maior ou menor – a empresas, a outras pessoas ou a dívidas (que são pagas com dinheiro que se recebe em troca de tempo).
Trabalho é tempo.
Trabalho especializado é o tempo que se leva para executá-lo somado ao tempo que você levou para aprendê-lo.
O período que somos obrigados a nos deslocar até nossos empregos em transportes públicos ou particulares nos empobrece na proporção de sua demora e baixa qualidade.
Do mesmo modo, existem pessoas com pouco dinheiro, mas que possuem muito tempo sob sua posse e o usam com sabedoria.
São ricas.
Existem pessoas com muito ou pouco dinheiro, que têm muito tempo a sua disposição, mas não sabem fazer uso dele.
São perdulárias.
Se olharmos a vida sob esse ângulo, as suas posses materiais passam a ter um valor um pouco menor.
Não que não se deva tê-las, mas sob o aspecto do tempo, de fato, elas podem ser avaliadas sob outra escala.
Não é o valor monetário que diz o quanto sou bem sucedido (e, por favor, entenda bem-sucedido de um modo mais profundo), mas como me relaciono com o meu tempo.
Pessoalmente, prefiro viver com menos de R$ 1500 por mês e ter muito mais tempo para exercer atividades criativas que não dão “lucro” para terceiros e possivelmente nem para mim.
Assim, criei um modo mais ou menos objetivo para determinar o meu grau de riqueza ou pobreza em determinado instante da vida.
E esse estado pode variar muito no rápido período de 24 horas.
Se estou com pressa – isto é, estou com pouco tempo sob minha tutela – estou pobre.
Se não estou com pressa – com muito tempo sob minha tutela -, sendo capaz de aproveitar o instante sem ansiedade excessiva para chegar a algum ponto ou atingir um objetivo, estou rico.
Por isso, olho com certa desconfiança para esses métodos de gerenciamento e otimização do tempo.
Afinal quem é que está querendo que você faça mais coisas durante o tempo que, em princípio, pertence a você?
Você, em essência, ou alguma coisa externa a você?
O que fazer com o tempo, como aproveitar da melhor forma esse tempo, no caso de você ser alguém rico sob esse critério, é uma questão muito pessoal, mas, no fundo, cada um de nós sabe o que é um tempo bem aproveitado, um tempo vivido com qualidade.
Talvez conversar melhor com as pessoas, ouvindo realmente, sem interromper tanto.
Ou, quem sabe, dedicar-se a uma arte.
Ou, então, aprender alguma coisa nova e construir e criar algo de significativo para você.
Tenha menos pressa e seja uma pessoa mais rica.
Pessoas atrasadas e reuniões
Se você é uma pessoa que chega aos compromissos sistematicamente atrasada ou conduz reuniões prolongadas, considere seriamente em rever esses hábitos.
Você está simplesmente roubando o bem mais precioso de outras pessoas.
Não é nada charmoso.
Não é bonito.
É uma tremenda falta de educação.
Cada vez que chegar atrasado, considere uma forma de compensar as pessoas prejudicadas por você.
E não me chame para uma de suas reuniões.
Obrigado.
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