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Sabe aquela cena em que uma população revoltada e oprimida vai atrás dos opressores, usando tochas, forcados e enxadas e foices? Corretamente ou não, geralmente a associamos à revolução francesa, à perseguição ao Dr. Frankenstein e outros acontecimentos mais ou menos cinematográficos ou históricos.

Segundo o relatório do Credit Suisse, estamos cada vez mais perto dessa cena.

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A desigualdade deve aumentar em 2016 e 1% da população deverá possuir 50% da riqueza do mundo.

Enquanto a Exame preferiu destacar que apenas 8,7% dos brasileiros estaria na classe média nos EUA, acredito que é mais prudente observar o quanto é absurdo que a riqueza se distribua dessa forma no mundo.

Como já publiquei aqui, este é um cenário que preocupa até mesmo alguns dos componentes desse 1% privilegiado: o bilionário Rick Hanauer defende que o salário mínimo deve ser aumentado a fim de garantir uma sobrevida ao capitalismo e não anulado, como defendem alguns seguidores do livre mercado (em geral, assalariados).

Aliás, em seu discurso, Hanauer recorre diversas vezes à imagem da população revoltada, com tochas, forcados e foices, indo atrás do 1% privilegiado.

Um dos meus últimos posts, que teve 30.000 compartilhamentos, destaca Stephen Hawking também preocupado com a distribuição da riqueza. Esse número de compartilhamentos não se deve ao meu particular talento para a escrita, mas ao carisma do físico genial e à real preocupação das pessoas quanto ao tema.

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Não acho que o capitalismo e a tentativa de livre mercado que temos hoje como coisas positivas no atual estado de evolução ética da humanidade.

Quanto a indústria farmacêutica seria capaz de aumentar seus preços se não houvesse intervenção do estado?

O recente caso do medicamento que foi majorado em 5 mil por cento em seu custo ao consumidor é só um exemplo que ficou mais conhecido.

Tivemos avanços tecnológicos e de bem estar, mas eles não chegam a todas as pessoas, reflexo da má distribuição de riqueza.

Thomas Piketty é um economista francês que se tornou figura de destaque no meio acadêmico internacional com seu livro O capital no século 21 (2013), no qual defende, através da análise de dados estatísticos, que o capitalismo possui uma tendência inerente de concentração de riqueza nas mãos de poucos.

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Sua obra mostra que, nos países desenvolvidos, a taxa de acumulação de renda é maior do que as taxas de crescimento econômico. Segundo Piketty, tal tendência é uma ameaça à democracia e deve ser combatida através da taxação de fortunas.

Se você é a favor do capitalismo e se acha “capitalista”, 99% das vezes está errado, segundo o estudo do Credit Suisse.

Um capitalista é outra coisa.

E provavelmente você não tem nem dinheiro nem meios de produção suficientes para ser um. Você só está defendendo um sistema econômico como qualquer outro que, particularmente, o explora.

Do mesmo modo, não sou “comunista”.

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De qualquer forma, para aqueles que entendem as coisas apenas no oito e no oitenta, é sempre bom dizer que eu não sou nenhum defensor do “comunismo” ou do “socialismo” em absoluto.

Para ser contra o capitalismo, como hoje ele se configura, não é preciso vestir roupas vermelhas, torcer para Cuba nas olimpíadas e se mudar para a venezuela, como muitos leitores deste nobre veículo da Capital do Muito Pinhão já desejaram que eu fizesse.

Eu até acho que as coisas, como são hoje, funcionam sim, mas do mesmo jeito que um câncer funciona muito bem.

E vão de vento em popa.

Veja só: mais um pouco do que deveria pertencer a você, em 2016, irá para o 1% da população mundial que você venera.

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Talvez esteja na hora de acender as tochas.