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Tão logo publiquei o artigo sobre as 600 igrejas dos Estados Unidos que querem o fim da proibição e da guerra às drogas, recebi o seguinte comentário que publico preservando a grafia original:

“Enquanto lá, como cá, tratarem os usuários como coitadinhos, como vítimas do tráfico, … O tráfico só existe porque tem o usuário. “Ahhh, então vamos descriminalizar, oras, daí desaparece o traficante”. Piada! E piada de gente inconsequente. Fumar cigarro não é crime, é uma atividade altamente lucrativa para o Estado, e, apesar disso tudo, o contrabando de cigarros, os traficantes de cigarros deitam e rolam.”

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Seguindo essa lógica, seria bom mandarmos os tabagistas também para cadeia. Onde já se viu essa gente fomentar o contrabando de cigarros? Cadeia neles.

Mas só se forem pobres, claro.

Os demais continuarão a ser tratados como coitadinhos e vítimas do contrabando, assim como o são do tráfico, como observou o comentarista. Porque eu não sei em que planeta estamos para dizer que os usuários de drogas, sobretudo os de menor poder aquisitivo, geralmente pessoas negras, são assim tratados.

Quanto à lucratividade do tabagismo para o Estado, um estudo realizado com base nos valores monetários de 2011, intitulado “Carga das Doenças Tabaco Relacionadas para o Brasil”, estimou o custo atribuível ao tabagismo em 21 bilhões por ano para o sistema de saúde. O estudo analisou um total de 2.442.038 doenças e destas, 34% foram atribuíveis ao tabagismo. Dados de 2009 já indicavam que os custos atribuíveis ao tabagismo seriam responsáveis por perdas de US$ 500 bilhões ao ano devido à redução da produtividade, adoecimento e mortes prematuras no mundo [fonte].

O tratamento do fumante está entre as intervenções médicas que apresentam as melhores relações custo – benefício. As estimativas de custo – benefício de uma breve abordagem do fumante pelo médico mostram que se apenas 2,7% a 3,7% dos fumantes deixassem de fumar através dessa abordagem, o custo estimado por ano de vidas salvas seria de ordem de U$ 748,00 a U$ 2.020,00, bastante inferior ao custo do tratamento da hipertensão arterial leve a moderada (U$ 11.300,00 – U$ 24.408,00), da hipercolesterolemia (U$ 65.511,00 – U$ 108.189,00) e do infarto (U$ 55.000,00) [fonte].

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Tratamento e educação sempre são uma saída melhor do que o “prendo e arrebento” da guerra às drogas e da guerra à coisa qualquer, no melhor estilo Capitão Nascimento.

Mas, pelo visto, muitos de nós achamos que a panaceia para todos os males é, de fato, a cadeia.

Desculpe, mas não tem funcionado.

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