Mário Bortolotto já voltou à ativa, escrevendo sua próxima peça, Música para Ninar Dinossauros, e a estreia não está longe: será dia 18 de março, na Mostra Contemporânea do Festival de Curitiba. Conversei com o dramaturgo por telefone, e ele falou sobre o projeto:
“É a história de três caras que nasceram nos anos 60 e estão com quase 50 anos, a minha geração. Eles têm uma dificuldade muito grande de se relacionar com mulheres normais, então transam muito com prostitutas. Com 20 e poucos anos, eles já eram assim. É a dificuldade de ter uma relação normal e tranquila.
A gente meio que perdeu o pé: passamos por uma série de mudanças de comportamento e não estávamos preparados para isso. Quem fez a revolução se preparou para isso. Nós fomos pegos de calça curta. Nascemos nos anos 60, quando todo mundo estava loucão. Não tínhamos noção da ditadura, éramos só um bando de moleques colecionando álbuns de figurinha com o rosto do Médici. Até entender o que estava acontecendo e nos acostumarmos… foi muito difícil.
É metáfora para todo resto: a dificuldade de se situar no mundo que a minha geração tem. Só sei falar existencialmente, falo de política muito no pano de fundo. Não estou preocupado em falar de política, o que já é um reflexo da minha geração.”
Depois do tiro
Bortolotto está terminando de escrever a peça. Ele começou no ano passado, mas foi obrigado a parar em dezembro ao sofrer um assalto e
Com Mutarelli
Música para Ninar Dinossauros deve sair do papel para ganhar forma no palco depois do Carnaval. A direção fica por conta do próprio Bortolotto, que ainda vai atuar ao lado de Lourenço Mutarelli (reeditando a parceria de Natimorto, que Mutarelli escreveu e Bortolotto dirigiu). O tempo pode ser curto, mas o diretor não teme o prazo: “Sempre cumpro.”