Crédito: Lu Campos Fotografias| Foto:

Marta era uma senhora da melhor idade, trabalhava na Escola Municipal Dona Noemia Fernandes como merendeira e amava seu ofício!

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Certa vez, chegou em casa no final da tarde e sentou na sua cadeira de balanço agradavelmente posicionada na varanda.

Ao vê-la ali, acomodada, a filha veio de dentro de casa com uma xícara de café fumegante e uma fatia generosa de pão.

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“Mãe, que bom que já chegou!”, ela disse. “Tome aqui seu cafezinho! A senhora precisa se alimentar bem!”

Marta agradeceu sorrindo! Aquele sorriso lindo que iluminava seu rosto e mostrava um pouquinho de sua doce alma.

A filha continuou: “Mãezinha, sei que você não gosta que eu fale, mas não está na hora da senhora se aposentar e descansar?”

Marta sorriu de novo, sorveu um gole do café, abocanhou um naco do pão e depois respondeu: “Não!” E soltou sonora gargalhada…

Rita acabou por rir da risada da mãe e ainda tentou insistir no assunto… “Sério mãe! Pensa no assunto pelo menos!”.

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Marta suspirou e respondeu: “Filha, quando fazemos o que amamos não nos sentimos trabalhando. A exaustão do final do dia desaparece quando colocada ao lado da alegria do santo ofício. Eu sou uma merendeira e a alegria das merendeiras é cozinhar e servir! É ver aquelas carinhas gulosas se fartando, o tanto de comida das panelas diminuindo e depois ouvir aquelas falas tão amáveis: “Que delícia tia!” “Eu comi superbem!” “Eu amo sua comida”. Você consegue entender isso, filha?”

Ela continuou: “Eu sirvo com amor, certa de que minha comida vai alimentar aquelas crianças, deixá-las ainda mais saudáveis e felizes! Esse é o sentido da minha vida!

O amor, minha filha, é multifuncional pois age das mais diversas formas. O médico ama curando, a professora ensinando, o estudante aprendendo, o gari limpando as ruas, o artista pintando, a cabeleireira fazendo escova, a fotógrafa eternizando momentos e por ai afora. Cozinhar é minha forma de amar e servir neste mundão de meu Deus. É meu dom e meu talento! Por isso, minha querida, quero continuar cozinhando e vivendo este amor!“

A filha abraçou-a com carinho. Ela tinha um imenso orgulho daquela mulher sábia e terna que a vida havia lhe concedido com a benção de ser sua mãe.

Seu silêncio foi sua anuência e logo a conversa fluiu entre aqueles corações, compartilhando as experiências do dia e os sonhos para o futuro.

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Passados 365 dias do meu primeiro post para o blog Palpite de Alice, gostaria de contar que me sinto um pouco como Dona Marta, preparando “a massa” com amor, “assando” textos quentinhos no forno e servindo-os aos meus leitores todos os domingos. Uma “merendeira de palavras”!

Só para vocês terem uma ideia do que estou vivendo do “lado de cá”, vou compartilhar três situações muito especiais que, certamente, deram um novo sentido à minha escrita e à minha vida.

Foram relatos incríveis e amáveis, que vou resumir aqui:

O primeiro delas, o mais impactante, veio do texto “Relato de uma gorda”. Uma leitora confidenciou que vivia um drama familiar. Uma sobrinha de 4 anos estava obesa e mesmo sendo orientada pelo pediatra, a mãe não fazia nada para reverter a situação. Ela compartilhou o texto no grupo da família, dizendo que aquela trajetória descrita, provavelmente, seria a mesma da pequena menina. O efeito do relato foi tamanho, que a mãe “caiu em si” e hoje a criança já está em tratamento. Ela me agradeceu e eu fiquei imensamente grata porque minha história pode mudar positivamente a vida de uma ex-futura-dani!

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Outra situação, foi um colégio de Curitiba que trabalhou com todas as turmas de terceiro ano o texto contra o racismo, “Só se vê bem com os olhos do coração”. O depoimento e a escrita deles me emocionaram muito e novamente, senti-me uma merendeira de palavras, nutrindo aqueles corações!

E para finalizar, uma mulher linda, que me confessou que cada vez que se sente correndo “como uma doida” (palavras dela), ela lê de novo o texto “Amiga, ponha a calcinha pra dentro da calça” e se acalma.

Quis dividir o momento com você, meu leitor querido, que me permite, a cada domingo, ser uma merendeira feliz, realizada e acima de tudo, alguém que está aprendendo a manifestar amor por meio da escrita!

Minha gratidão às queridas Mônica e Ivy, gestoras do blog, pela oportunidade e confiança, à Gazeta do Povo pelo espaço, à Patricia, Paula, Giselle, Manu e Claudia que sempre me ajudam na leitura e correção prévia à publicação dos textos e à fotógrafa Luciana Campos pelo empenho em criar algo inédito para ilustrar este post!

Muito obrigada por esta caminhada de 1 ano juntos! E que venham muitos outros anos e muitos outros textos!

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Viva! Iupiiii! Parabéns para todos nós!

 

 

Por Dani Lourenço

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