Pouco se sabe como os impactos sociais influenciam na forma de se vestir. Vamos voltar um pouco na história para entender como a cultura Hip Hop criou sua identidade visual.
Em 1971, o Sul do Bronx se tornou um dos locais mais conhecidos e temidos dos Estados Unidos. A falha de planejamento urbano desencadeou as guerras por territórios, aumentando os índices de violência entre as gangues. Existem relatos de, pelo menos, 55 gangues que sem perceber já criavam uma atitude de moda, através de sua contracultura, rebeldia e formas alternativas de alcançar o sonho americano. Como forma de identidade única e com o objetivo de defender seus territórios, ideais e culturas, eles usavam jaquetas jeans ou coletes com marcas tribais como patches e pinos, emblemáticas com nomes e símbolos de suas gangues, calças Baggy estonadas e rasgadas e como itens de acessórios, correntes, cintos e bandanas.
Uma das gangues, conhecida como “The Ghetto Brothers”, através de seu tratado de paz, deu um novo objetivo aos encontros de gangues, criando as “Block Parties” (onde todos os blocos podem se unir através da música e da cultura sem medo da violência que era comum na região). Estes grupos mantiveram o mesmo senso de moda e comunidade, mas substituíram a natureza competitiva da violência com novas manifestações como Emceeing, DJing, Breaking e Graffiti, dando origem a cultura Hip Hop.
A moda copiou silhuetas, cores e muitas formas emblemáticas que foram vistas nos looks das gangues que participavam de batalhas no sul do Bronx: vestidos uniformizados com agasalhos largos, jaquetas com os nomes das crews, jaquetas grafitadas por artistas locais. As primeiras peças eram funcionais, como as jaquetas de couro com patches, casacos de pele de carneiro, jaquetas retas, moletom com capuz, calças warm-up de atletismo, golas altas, tênis e boné. Peças largas, roupas com estampas das equipes da liga, foram usadas em conjunto ou isoladamente, t-shirt em grandes dimensões, coletes acolchoados e calças baggy são algumas delas; itens que, mesclando o universo do esporte e da música, estão atualmente em evidência em revistas e passarelas.
A moda é universal, é algo que você pode tocar. Acho que as pessoas se sentem mais confortáveis tentando se vestir como querem ser vistas, usando roupas que possam representar suas culturas, definindo o que elas compreendem e porque as usam. Isto é, de fato, o que podemos chamar de um estilo de vida. Hip-hop não são apenas pessoas dançando, jovens grafitando em muros, rimas e letras ofensivas ou verdadeiramente ditas como uma força de expressão. Esta cultura ajuda a evidenciar pessoas que têm um alto nível de sofisticação e criatividade, sendo capazes de criar uma forte identidade que lhes deu orgulho de serem vistos como eles verdadeiramente eram, fato que tornam atraentes para milhões de pessoas em todo o mundo.
Encerro sugerindo o trailer de uma nova série da Netflix, The Get Down Sizzle, que retratará em 13 episódios, a história do Hip Hop, no inicio da década de 70. Fiquem de olho nos looks e representatividade da cultura nas roupas e atitudes.
