A história do Zero e do Um

Há muito, muito tempo, logo no comecinho da história dos números, antes mesmo do nascimento da matemática, nasceram os números Zero e Um.

Eles eram gêmeos, filhos da inteligência do homem, mas faziam questão de ignorar solenemente esse fato. Aliás, odiavam-se…

O Zero era todo zen. Mente aberta, falava de igualdade, fraternidade, sentido da vida, amplitude, soma, do todo, do nada e tinha um mantra que praticava diariamente: “ OMMMMMMMMMMMMM!”.

Um era exatamente o seu oposto! Falante, competitivo, destacado e intenso. Acreditava na individualidade do ser, na manifestação de suas habilidades e competências únicas e na busca do sentido da vida. Não curtia mantras nem orações. Seu lema era viver como se a vida fosse durar um único minuto.
Não eram raras as vezes em que eram vistos discutindo:

– “Seu mané, não é a toa que as pessoas falam que os tolos são um zero à esquerda!”, provocava Um.

– “Seu pedante! Óh ser ignorante! Somos todos iguais, fazemos parte do mesmo círculo da vida!” retrucava o Zero.

– “ Isso mesmo Zero! Somos todos Um!”, escarnecia o Um.

– “Seu individualista! Separatista! Tu és o pai do egoísmo humano!” lamentava Zero.

Foram séculos de brigas e centenas de tentativas de restaurar essa relação!
Indianos, chineses, africanos, alemães, britânicos… Vários povos avançavam e recuam nestas tentativas…

Zero e Um até tentavam… mas quando se olhavam frente a frente se percebiam tão diferentes, que desistiam.

Mas um dia, tudo mudou… Um matemático alemão, Leibniz, propôs que eles ficassem lado a lado, complementando-se e um novo ciclo começou: nascia o Sistema Binário!

Lado a lado, Zero e Um revolucionaram a matemática e os sistemas computacionais. Sua nova relação transformou a forma como vemos o mundo!

Juntos, eles são tudo o que podem ser: letras, palavras, textos, vídeos, músicas ou jogos. Viraram até tema de uma trilogia da sétima arte que ficou muito famosa!

Juntos, revolucionaram a história da humanidade, sociabilizando conhecimento, promovendo o avanço da ciência, com uma abrangência nunca imaginada!

Quando a diferença some, o resultado aparece!

FIM

Nestes tempos de extremismo e dicotomia, aprendamos a lição do sistema binário! Somos diferentes, mas complementares! Encontre o seu “zero” ou o seu “Um” e unam forças! O Brasil merece e o povo brasileiro precisa!

Por Dani Lourenço – Colunista sobre comportamento do Clube da Alice